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domingo, 13 de setembro de 2009

Meu rugido dominical



Tomo de empréstimo a sentença bíblica "tu és pó e ao pó voltarás" para fazer uma analogia entre o campo e a cidade: "tu fostes terra e à terra voltarás". E não faço aqui nenhum trocadilho com a eventual mortalha de terra que servirá de berço eterno para nossos corpos em repouso igualmente eterno. Trata-se de, literalmente, um regresso ao contato com a terra. Um retorno às origens, nossas, do mundo todo, antes que as primeiras aglomerações humanas (datadas de mais de 7 mil anos) traduzissem-se, pouco a pouco, nas urbes, cidades, metrópolis e megalópolis que pipocam pelo globo.


Éramos, antes disso, essencialmente rurais, agricultores e pecuaristas, acostumados com o trato da terra e de extrair dela a própria subsistência e, mais tarde, auferir algum lucro e, portanto, amealhar capital. Com isso, de alguma forma, começamos, os humanos, a deixar os campos e migrar para as cidades. E esse movimento se repetiu tanto e a tal ponto que agora, em 2007, a população urbana mundial se sobrepôs à rural - mais de 50% das pessoas moram nas cidades e, na América Latina, esse índice é de 75%.


Não sou 'verde' (ecologista). Ao contrário, estou bem longe do que se pode definir como um ativista das causas ecológicas. Fui criado e cresci no meio do mato por, pelo menos, uma década. Ecologia, à época, era palavra completamente estranha ao meio. Muito recentemente, começaram as intervenções governamentais sobre as propriedades privadas, com aumento da fiscalização e ações de punição que, efetivamente, funcionam: multas, replantio de árvores, demarcação de áreas de nascentes e estudos ambientais para abrir novas estradas vicinais e de acesso e necessidade de autorizações específicas para, inclusive, iniciar uma nova construção em áreas rurais.


Mas, ao ler uma matéria sobre um projeto da Grande Tóquio (onde vivem 35 milhões de pessoas), confesso que me entusiasmei com a iniciativa: todas as novas edificações acima de 250 metros quadrados (ou, em alguns casos, acima de 1 mil metros quadrados) da área metropolitana japonesa devem ter, desde o ano passado, 25% da cobertura (teto/topo) literalmente cobertos por verde: hortas, gramados, jardins e árvores.


No Japão, pensa-se a longo prazo. Ao contrário do Brasil, cujos governos limitam-se a planejar (quando o fazem) por quatro anos (ou oito, se reeleitos), o país nipônico tem metas para os próximos 20, 30, 50 anos. Apenas nos últimos oito anos, a cidade de Tóquio ganhou o equivalente a um Parque do Ibirapuera (o mais famoso de São Paulo, com 1,580 milhão de metros quadrados) suspenso, tal qual neo-jardins suspensos de Babilônias modernas. Até 2016, a capital japonesa deve ter mais 600 mil árvores plantadas, no projeto de disputa para ser sede das Olimpíadas de 2016.


Enquanto isso, São Paulo bate seus próprios records na outra ponta (extrema) da linha: temos uma região, no bairro da Vila Olímpia (que ironia!), com dez vias, que têm 25 helipontos (pouso de helicópteros) e 24 paradas de ônibus. O transporte aéreo excede o terrestre!


E um projeto pífio, na minha opinião, lançado pela prefeitura: a ampliação, em sete anos, das áreas arborizadas da cidade, em cerca de 50 mil metros quadrados (cerca de 33 vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera). Pífio porque, ainda assim, dos 31 distritos de São Paulo, 19 continuarão, até 2016 (mesmo prazo que Tóquio se impôs), a ter menos verde do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS estipula o índice de 12,13 metros quadrados/morador e, atualmente, temos 11,58 metros quadrados/morador. Não tenho os números de Tóquio para comparar mas, conforme as expectativas do projeto japonês, o índice da OMS deve ser facilmente atingido até 2016.


O que o Japão tem a ensinar, nessa iniciativa da Grande Tóquio, é que, por mais que as cidades avancem, o campo é a raiz e força, elemento primordial do homem. E resgatar esse contato e a importância do cultivo podem fazer do homem urbano não um 'verde' fanático, mas um ser humano, no mínimo, consciente e responsável. Afinal, tanto faz se você nasceu no peninsular Japão ou no continental Brasil. Todos viemos, em algum momento, do campo. Não faz sentido quebrar o elo que nos vincula, rurais e urbanos, como se de concreto e aço fossemos capazes de sobreviver. Haverá um momento em que, no limite, para respirar em São Paulo talvez tenhamos que comprar oxigênio. Pode ser um exagero. Mas, assim como atualmente se paga pela água, o ar pode tornar-se um luxo. Eu não quero isso para mim.


Em tempo: faleceu ontem, dia 12, o cientista norte-americano Norman Borlaug, pai da chamada 'revolução verde' e prêmio Nobel da Paz em 1970. Borlaug foi premiado pelas contribuições sobre variações de planta de alta produtividade e outras inovações agrícolas pelas quais, segundo especialistas, foi possível prevenir a fome global na segunda metade do século passado e evitar a morte de 1 bilhão de pessoas. A 'revolução verde' fez com que a produção mundial de alimentos dobrasse entre 1960 e 1990 e, no Paquistão e na Índia, as safras cresceram quatro vezes mais.

1 Comentário:

UFMing disse...

Redneck,

Ainda sobre fotos e expressões, cloro, água e sal, reparei numa foto que vc tem aí no seu MEME: a

última da sua esquerda para a direita,na primeira fila... parece ter uma expressão interessante, talvez par em versão feminina do boy molhadinho. Será que vc não podia editar a foto aqui em tamanho suficiente para apreciar o rosto fotografado??
vá... não custa.

Obrigada e boa semana!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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