Meu rugido dominical
Hoje vou inovar no formato e postar neste espaço um vídeo.
É que, ao contrário de um rugido, que se supõe um manifesto, um grito ou repúdia, quero expressar um sentimento: a vontade de abraçar e ser afagado de volta.
Não é nem carência nem nada. É gratuito mesmo.
O mundo (incluso eu mesmo) precisa de mais carinho, de afeto. E dar afeto significa receber de volta. Se desprender, ser só sensação. Ainda que por detrás das grades. Ainda que não seja um amor domesticado. Ainda que reste, sempre, um rastro de animalidade e de fera. Ainda assim, quero carinho.
Talvez seja porque não o tenho tido ultimamente. Porque não tem havido quem afague a minha juba. Quem não sinta temor de se aproximar.
Talvez seja porque, de rugido em rugido, eu tenha deixado as pessoas afastarem-se, temerosas de pesadas patas. E, sem querer ou propositadamente, tenha entreposto entre as pessoas e eu pesadas barras de ferro. Talvez.
5 Comentários:
que é "solapar as bases que norteiam a democracia"??...
bem, mas eu não vinha falar nada disso, perguntar coisa alguma, pois se este rugido é Sensação, como poderei, sem vídeo, expressar as minhas (sensações)?...
talvez com o silêncio quebrado por estas palavras, apenas, numa espécie de devolver,- não sei se o abraço, sem carência, com querência,- a sensação. não é devolver porque a cada um pertence a sua. ah, será partilhar?!... tem grades. como partilhar uma espécie de sentir o seu SI(self) em meu SI?... resumo: tb acho que afasto pessoas, tb acho que se e me afastam, agora não sei se há alguma causalidade nisso ou apenas, e para usar do cliché,...é a vida! a vida de cada um. pior é isto, que confesso sem vergonha: abraçar assim um leão de verdade, ser abraçada por ele, haver algo entre ambos animais, mas sem ferocidade nem medo, eu preferia a abraçar um humano... meu deus do céu!! onde está esse leão que eu quero abraçar ele, quero sentir seu pelo no meu rosto, seu cheiro selvagem, a humidade ranhosa do focinho, quero que esse leão seja meu amigo, pelo menos uma vez, assim como no vídeo, me permitisse um momento de entrega ao carinho desinteressado. depois ele voltaria a não ser assim tão dócil que não é de sua natureza, mas jamais eu apagaria de dentro de mim esse abraço.
pode ter sentido duplo o que digo, metafórico, mas estou escrevendo o que sinto no literal- eu queria que o leão me abraçasse... uma pantera, um tigre, um urso...
por norma não tenho medo dos animais que se cruzam comigo, meu optimismo nesse aspecto contrasta com meus receios com relação aos humanos.
já escrevi muito para "silêncio" não é?... :-)
foi o "post" mais bonito que lembro ter visto/lido nos últimos tempos. e não sei se posso me identificar consigo, pois de si estão "só" palavras, mas com a sensação sem dúvida!
parabéns e obrigada!
(agora vou ficar triste, mais, que não sabia que mais uma coisa possível não estará ao meu alcance...)
bj
aqui eu "sou" UFMing, é meu identificador nos últimos tps, não minha identidade, não o meu self, esse está em todos os nomes, nicks, palavras...
o que é afinal um nome? alguma verdade? não creio. acredito, isso sim, na verdade com que se escreve,por exemplo, o que/quando se sente.
Ainda há quem não goste de animais...
UFMing, estou tocado. De fato, é um dos comentários mais emocionantes que recebi aqui neste espaço. E me sinto um privilegiado por falar tão de perto ao coração alheio. Que um leonino como eu, de signo, também o é, por vezes, de animalidade, com rugidos que afastam, sim, outros bichos perdidos nesse zoológico tão cheio de grades no qual vivemos todos. Eu também desejo abraçar um humano. E, por ter essa couraça de bicho, arredio, temeroso, por vezes os humanos talvez não me compreendam. Não, me expresso mal. Que você tem o dom de me compreender para além das palavras. Suas palavras, em oposição ao meu vídeo, são suficientes, creia-me, para transmitir o abraço pedido. E você tem o poder de me deixar sempre no ar, em suspenso: não entendi o significado 'que mais uma coisa possível não estará ao meu alcance...'. A não ser a distância que nos separa, nada é impossível. Acho. Pois saiba que me emocionei de fato com o teu afago e bicho eu, separado de ti por grades mais marítimas do que de ferro fundido, acolho aqui o abraço que me enviastes daí. É o segundo abraço que recebo e, não deveria, mas me espanta que você e o Pinguim, ambos portugueses e ambos desconhecedores de mim, ao menos pessoalmente, tenham tanta sensibilidade para me entender melhor que a outros que me conhecem de fato. Ah! E nomes são apenas registros. Existem apenas para que nos chamemos uns aos outros, mas, de fato, não têm importância não. Leão ou Redneck ou Sérgio, sou eu mesmo. As personas não me alteram. Obrigado digo eu, pois, por me encerrar o domingo com palavras que me calam profundamente (nem tanto a ponto de eu não conseguir parar de escrever aqui). É a emoção. Um beijo imenso que flutue no Atlântico e chegue aí, salgado de outras águas que não as marinhas.
Pinguim, como eu acabei de dizer para a UFMing, recebo também o seu abraço com especial desvelo, que o sinto mais fisicamente do que apetece a virtualidade. Porque vai, no teu comentário (e no da UFMing) mais intenção do que apenas palavras. E, como eu disse antes, por ora basta. Basta que eu sinta o vento que, faço de conta, vem daí para bailar aqui. Quando eu for a Portugal procurarei ambos e serei feliz em dobro, por agora e por depois. Beijo!
UFMing, P.S. Me esqueci, depois de tanto texto. O enunciado "solapar as bases..." é por conta de comentários crueis que recebi por aqui, gratuitos, sem nada a acrescentar a não ser maldade. Beijo!
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