A bilionária galeria de arte da Interpol
Por um lance de pura sorte, as telas roubadas no domingo passado, dia 10 - "Figura em Azul" (Tarsila do Amaral, 1923), "Retrato de Maria" e "Cangaceiro" (Cândido Portinari, 1934 e 1956, respectivamente) e "Crucificação de Jesus" (Orlando Teruz), foram encontradas. Os quatro quadros estão avaliados em R$ 3 milhões e são de propriedade da família Maksoud.
As telas não foram recuperadas pela polícia, e sim deixadas próximas da estação de metrô Barra Funda, provavelmente pelos próprios assaltantes que, ante a repercussão do assalto, ficaram com medo de ser identificados na eventual tentativa de colocar as telas à venda no mercado de arte. Claro que, até o momento, não há a menor pista de quem arquitetou e executou o assalto.
Entre o assalto e a devolução, foram apenas três dias e, portanto, nem houve tempo hábil para que a Interpol (Polícia Internacional) colocasse as telas na imensa galeria de que dispõe no site para identificar obras de arte roubadas no mundo todo. Quando a Interpol é acionada, portos e aeroportos são imediatamente avisados e ficam de prontidão para interceptar a remessa de obras como essas para o exterior.
"Mona Lisa", um dos quadros mais famosos e conhecidos pela humanidade, por exemplo, já foi roubado. O fato aconteceu em 1911, e foi praticado por um ex-funcionário do Museu do Louvre, de Paris. Calcula-se que 80% dos roubos de arte jamais são resolvidos.
O site da Interpol registra mais de 30 mil roubos de todos os tipos de arte, de pinturas famosas a esculturas, manuscritos, utensílios antigos e tem uma seção especial de obras roubadas do Afeganistão e do Iraque (como manuscritos cuneiformes, considerados, juntamente com os hieróglifos, uma das escritas mais antigas da humanidade, criada pelos sumérios em 3,5 mil a.C.).
Estima-se que os valores envolvidos com as obras roubadas anualmente girem em torno de 4 bilhões de euros (mais de R$ 11 bilhões) em todo o mundo. É o terceiro mercado mundial de atividades ilegais. O primeiro é o tráfico de drogas e o segundo, o tráfico de armas.
O artista mais popular entre os ladrões de obras de arte é o espanhol Pablo Picasso. Quase 700 obras de Picasso foram roubadas e cerca de apenas 20% foram recuperadas. Miró, espanhol da Catalunha, é o segundo mais roubado. Depois, o francês Marc Chagall. E, por fim, um outro espanhol se destaca na top 5 dos ladrões: Salvador Dali. As informações são do site da editora Artes.
O roubo de obras de arte e consequente pedido de resgate chama-se 'artnapping' (art + kidnapping, ou seja, sequestro de arte). Esse conceito teria sido iniciado quando o Museu do Louvre acenou com a recompensa de 25 mil francos para quem desse pistas sobre a "Mona Lisa", roubada em 21 de agosto de 1911.
Quase 100 anos depois, o mercado de roubo de arte encontra-se em plena ascensão e opera nos mais variados países como Suíça, Bélgica, Brasil e sob as mais diversas formas, independentemente dos muros de segurança construídos por museus e residências mundo afora. As obras que estampam este post estão disponíveis para o acesso de qualquer usuário no site da Interpol, no caso de pistas ou para reconhecimento. Em geral, quando roubadas, as obras têm destino certo: vão para a mão de colecionadores particulares que dificilmente as farão circular em exposições, museus ou qualquer outro lugar que atraia a atenção do olhar público.
O mundo do crime especializado no roubo de arte tem, do outro lado, comprador certo para o fruto dos saques. E isso ocorre desde os primórdios, como os saqueadores das pirâmides egípcias ou de importantes obras da Mesopotâmia, berço da humanidade, que, em nossa era contemporânea, é a área ocupada pelo Iraque.
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