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domingo, 28 de junho de 2009

Meu rugido dominical


"O veneziano Gozzi, Goethe e Schiller afirmavam que não devem existir senão 36 emoções dramáticas", diz o escritor argentino Leopoldo Lugones no conto "A Metamúsica". Gozzi era Carlo Gozzi, poeta, dramaturgo e teórico literário italiano, que viveu entre 1720 e 1806. Goethe é o alemão Johann Wolfgang von Goethe, cuja obra-prima é o livro "Fausto", que viveu entre 1749 e 1832. E, finalmente, Schiller é Johann Christoph Friedrich von Schiller, poeta, dramaturgo, historiador e filósofo, também alemão, que viveu entre 1759 e 1805.

Schiller escreveu, com Goethe, de quem era amigo, a poesia "Xênias", em 1797. Mas Schiller é mais conhecido por obras dramáticas como "Maria Stuart", "A Noiva de Messina" e "Wilhelm Tell". E por ser autor do poema "Ode à Alegria", que inspirou Beethoven a compor o quarto movimento da "Nona Sinfonia", em 1823.

Bem, esse conjunto de diferentes nacionalidades - italiano, alemães e argentino - faz parte da arte poética, musical e literária. O argentino Leopoldo Lugones talvez destoe do quarteto dos alemães e veneziano oitocentistas. Mas apenas por uma questão de época, na minha opinião. Estou em plena leitura do livro "Contos Fatais/As Forças Estranhas", de Lugones (editora Globo, 305 páginas), que reúne uma prosa extremamente fantástica.

Lugones é posterior aos demais homens citados acima: nasceu em 1874 e cometeu suicídio em 1938, vitimado por uma das emoções humanas, a depressão. O livro a que eu me refiro une os contos de "As Forças Estranhas", de 1906, e "Contos Fatais", de 1926. Sobre Lugones, disse Jorge Luis Borges: "Suas páginas se contam entre as mais perfeitas das literaturas em língua hispânica".

O autor argentino era membro da Sociedade Teosófica de Buenos Aires. A teosofia é a doutrina que une filosofia, religião e ciência e tem grande influência nas estruturas do pensamento moderno ocidental. Lugones era erudito em termos científicos, esotéricos, lendários e bíblicos e sua literatura retrata as distensões entre as ciências positivas (uma das correntes do pensamento moderno ocidental) e o ocultismo (corrente secular do pensamento humano, em geral).

Retomo a primeira frase deste post: "O veneziano Gozzi, Goethe e Schiller afirmavam que não devem existir senão 36 emoções dramáticas", redigida por Lugones. Pesquisei e não encontrei, na medida em que a minha busca me permitiu, uma referência de fato para essa afirmação.

Não sei se somos, os humanos, limitados a apenas 36 emoções dramáticas. Também não sei se devo colocar a palavra 'drama' (que, em grego, significa 'ação') na categoria da qual provém, ou seja, da arte poética, em oposição aos gêneros lírico e épico, que dividem, atualmente, toda a produção literária, teatral, fílmica e televisiva. Para mim, particularmente, drama é, em contraponto à comédia, a outra face do ânima (alma, vida) humano.

Somos, creio, tragicômicos, em definição que tomo de empréstimo do teatro, que mescla tragédia (drama) e comédia (cômica) para representar o humano em suas platitudes ou plenitudes, conforme o desejar o(a) leitor(a).

De sorte que, possuído pela curiosidade, me deparei com algumas emoções humanas que listo a seguir. Não quero, com isso, esgotar o assunto. Vasto, por si só, como podem ser vastas ou baratas as emoções e os pensamentos. Da relação abaixo, consegui chegar a 85 emoções. Que não podem ser classificadas como 'dramáticas', apenas. E sim, de forma mais abrangente, identificadas apenas como 'emoções', ligadas aos cinco sentidos humanos a interferir em cada uma. Ou não.

1 - Agressividade
2 - Afetividade
3 - Aflição
4 - Alegria
5 - Altruísmo
6 - Ambivalência
7 - Amizade
8 - Amor
9 - Angústia
10 - Ansiedade
11 - Antipatia
12 - Apatia
13 - Arrependimento
14 - Auto-piedade
15 - Bondade
16 - Carinho
17 - Compaixão
18 - Confusão
19 - Ciúme
20 - Constrangimento
21 - Coragem
22 - Culpa
23 - Curiosidade
24 - Contentamento
25 - Depressão
26 - Desapontamento
27 - Deslumbramento
28 - Dó
29 - Decepção
30 - Dúvida
31 - Egoísmo
32 - Empatia
33 - Esperança
34 - Euforia
35 - Entusiasmo
36 - Epifania
37 - Fanatismo
38 - Felicidade
39 - Frieza
40 - Frustração
41 - Gratificação
42 - Gratidão
43 - Histeria
44 - Hostilidade
45 - Humor
46 - Humildade
47 - Humilhação
48 - Inspiração
49 - Interesse
50 - Indecisão
51 - Inveja
52 - Ira
53 - Isolamento
54 - Luxúria
55 - Mágoa
56 - Mau-humor
57 - Medo
58 - Melancolia
59 - Nojo
60 - Nostalgia
61 - Ódio
62 - Orgulho
63 - Paixão
64 - Paciência
65 - Pânico
66 - Pena
67 - Piedade
68 - Prazer
69 - Preguiça
70 - Preocupação
71 - Raiva
72 - Remorso
73 - Repugnância
74 - Resignação
75 - Saudade
76 - Simpatia
77 - Soberba
78 - Sofrimento
79 - Solidão
80 - Surpresa
81 - Susto
82 - Tédio
83 - Timidez
84 - Tristeza
85 - Vergonha

Constatei, ao dar por encerrada a busca pelas emoções humanas, pelo menos por ora, que é bastante difícil ser um ser humano. E gerenciar - sim, o termo certo é gerenciar - tantas emoções que pululam simultaneamente, com o predomínio de umas sobre as outras ou o domínio de apenas uma, sem prejuízo das faculdades mentais que dizem a uma pessoa se ela é ou não saudável do ponto de vista social.

Com tanto em jogo, me dei conta de que essas emoções podem acontecer, se não todas ao mesmo tempo, ao menos algumas dezenas, numa simples conversação telefônica. Ou, pior, em estado solitário mesmo. De você para você mesmo.

Um turbilhão, um vergalhão a bater constantemente nas encostas de cada um de nós. Realmente, somos teatros vivos, em encenações pífias ou magistrais, com ou sem plateia. E os deuses deveriam estar loucos quando nos deram, sem mais nem menos, tanta carga emocional para tão pouco lombo. Cansei apenas de escrever sobre o assunto e senti, neste exato momento, apenas 12, 30, 40, 44, 53, 65, 74, 79 e 84, das emoções acima descritas.

3 Comentários:

umbilicalfm disse...

considero este um de seus melhores textos, falo eu claro. sei isso quando desejo que não termine e continue. quando surgem misturadas todas ou quase essas emoções, e outras que nome não têm, que impulsionam para coisa nenhuma... mas isto não é triste não, é pessoal, humano, emocional e legível.
a propósito, terá já visto ou não, não sei, mas lá no espaço tumulo que mantenho manifestei minha "adoração" pela série "DR.House" (hoje mesmo tem novos)- o que mais me atrai é a capacidade para o actor nos transmitir todas essas emoções que na maioria das vezes são dezenas juntas e que tentamos espartilhar sem êxito. tantas vezes estamos contentes e tristes ao mesmo tempo. confusos e hesitantes creio constante.tantas vezes somos egoistas e altruistas no mesmo acto, drama, acção, plural. claro que depois há uma identificação visceral com algumas dessas emoções em particular, no caso de house e eu, coincidências.
sei que de nada vale lhe dizer que abandone o 84, afinal não temos esse poder todo sobre nós mesmos, mas lhe deixo meu 42 e 76. o 79 guardo só pra mim. :-)

bj

UFM disse...

veja aí o 36: http://www.youtube.com/watch?v=_X_2qZTTys8&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Elyrics%2Ecom%2Flyrics%2Fstaind%2Fepiphany%2Dt%2D9844314%2Ehtml&feature=player_embedded

Redneck disse...

UFM, obrigado pelas palavras. Engraçado você citar "House" porque, contraditoriamente, eu não gosto do personagem. Talvez por me trazer projeções as quais eu não gosto. Não sei. Por motivos profissionais, já falei com o canal que transmite "House" no Brasil e, durante o encontro, ganhei deles uma coleção de DVDs. E, segundo me disseram, embora me conhecessem superficialmente, tinham certeza de que eu era fã de "House". De última hora, optaram por me dar uma temporada de "Heroes", da qual, de fato, eu gosto muito (talvez por fantasiosa). E ficaram surpresos quando eu disse que não gostava do doutor. A série é forte em audiência por aqui. Mas é isso: a confusão de sentimentos do médico pode muito bem se coadunar com a minha própria e eu a rejeito. Me despeço com 68, 62 e 38, depois desse comentário animador seu. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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