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terça-feira, 23 de junho de 2009

Que sejamos eternos enquanto durarem... os servidores!

Eu sempre comentei com uma amiga o que faria com cerca de 30 ou 40 sites nos quais estou cadastrado (de redes sociais a e-mails, de bancos a serviços de governo, e aglutinadores de conteúdo e outros, muitos outros) quando estivesse morto. Não fiz a conta, mas acho que já me cadastrei e mantenho contato regular em pelo menos uns 40 sites diferentes.

Tal pensamento, que pode parecer mórbido à primeira vista, mostra-se pertinente quando você passa a alimentar um blog e ser, sozinho, responsável por postagens que, aos conhecidos, servem de referência para o que você pensa, onde está, como está. Para estranhos, talvez reste, ao final, um vazio, uma falta de explicação, um súbito desaparecimento que será seguido de alguma perseverança (na visitação), certa frustração (espero) e, finalmente, a desistência, dado que tudo o que é contemporâneo, o é, também, descartável.

Ontem, me deparei com um artigo no G1 justamente sobre o que fazer com os perfis, principalmente em redes sociais como Orkut, Facebook, MySpace, Twitter e Flickr (estou nas cinco redes) caso a vida lhe seja negada. Nunca passei senhas para ninguém - nem família ou amigos. Eu, como 99% da humanidade, creio, não quero lidar assim, de repente, com o meu próprio desaparecimento e muito menos por meio de senhas de serviços virtuais.

Deixo para os que ficam a ingrata tarefa de lidar com a eternidade digital. A qual, acredito, durará até que o último servidor de uma empresa como a Google (que hospeda este blog, o Gmail, o Orkut, o YouTube) ou outras, como Yahoo! (proprietária do Flickr e do Meme), Technorati, Stumble, Facebook, Twitter, WordPress, Ning, Digg, Slide, FriendFeed e tantas mais que já não as recordo, seja desligado, pela mão bruta do homem que decreta as falências, pela ação da natureza, na eventual extinção da energia elétrica ou porque os dados foram, todos, corrompidos.

Por qualquer que seja o motivo, acredito e, acho, você também, que nossos dados (fotos, textos, páginas na internet, e-mails) podem ser guardados em algum disco rígido virtual imenso, sobre o qual nada sabemos (onde está, qual é o tamanho, o exato limite que podemos ocupar nesse latifúndio de alumínio que, tecnicamente, pode ser um servidor, um data warehouse, storage, fita, disco). Seja lá o que for, nossos dados circulam por aí, em algum espaço compartimentado com outras milhões de informações estranhas, num bacanal orgiástico sem controle.

Não sei onde geograficamente e nem me ocorre fazer uma investigação para seguir meu rastreio digital e saber que, de repente, meu blog está hospedado num servidor da Eslovênia porque lá existe mais espaço e é mais barato. Sei lá!

Bem, voltemos ao mundo dos mortos, ou melhor, dos que serão (mortos) sem nunca ter sido, ou seja, cada um de nós que lê estas linhas, pelo menos. O referido artigo do G1 apresenta algumas soluções de sites que seriam como testamenteiros: guardiões de informações sigilosas que serão liberadas na hora da nossa morte, amém! Pois que, se não confiamos em uma pessoa para fazer dela nossos backups ou contingências em vida, que nos entreguemos e a nossos segredos, confissões e pecados virtuais a quem é do ramo: um outro site.

Ninguém explica, porém, que tais sites não estão, como os padres da religião católica, fadados ao segredo dessas confissões, num dos dogmas mais rígidos da Igreja Católica, o que garante, a princípio, que são, os padres, inexpugnáveis. Não sei se os sites, sob ameaças judiciais, teriam algum tipo de pudor para não se dobrar. Ou ainda que os servidores desses sites, assim como os acima citados, não sofram reveses, ataques de hackers curiosos ou mortandade anterior à minha própria morte e acabem por espalhar informações restritas na imensa rede que tudo conspurca. OK! Meio apostólico o discurso, mas nunca se sabe, quando se fala sobre morte, todo cuidado é pouco.

Vamos aos sites que se arvoram, pois, de guardiões de nossas vidas pós-morte, se me é possível fazer tal injunção sem maiores consequências. Claro, são todos pagos, porque nem a morte é gratuita. Muito menos a virtual que, se gratuita em vida, ainda assim pode, a qualquer momento, cobrar seu preço, o que não ocorre na morte física (as fotos que ilustram o post são dos respectivos sites):


- Legacy Locker (algo como cadeado da herança): permite que o usuário cadastre todos os logins (codinomes, nicknames, nomes, e-mails) e senhas para que sejam entregues a familiares e conhecidos após a sua (e minha) morte. Tudo - e-mail, foto, rede social e qualquer outro serviço que exige cadastramento - pode ser colocado nesse site. Para cada conta, inclusive, o usuário pode escolher um (in)feliz beneficiário da herança digital. O respectivo herdeiro terá que apenas comprovar a morte de quem lhe afiançou como beneficiário e comunicar ao site com provas evidenciais do falecido (certidão de óbito) e de si próprio (documento de identidade). A taxa cobrada pelo site é única, de US$ 300 (até a morte do interessado), ou anual, a US$ 30 a cada ano.


- YouDeparted (você partiu; gostei!): nesse site, além de poder guardar logins e senhas, o usuário pode armazenar cópias de documentos importantes, escrever mensagens de despedida para os entes queridos, a serem disparadas ao primeiro sinal de morte, determinar as preferências para o funeral (quero caixão estofado, com flores brancas, mas não amarelas, sem véus, com poucas e finíssimas velas) e descrever os locais onde poderão ser encontrados documentos e objetos importantes (lá, sob aquela árvore, enterrei uma caixinha de madeira com todos os meus soldadinhos de chumbo em 1943). E olha a amplidão do serviço, alinhada justamente com a extensão da eternidade que se avizinha assim que você morre: podem ser cadastradas de 1 a 99 pessoas, que terão acesso a informações específicas determinadas pelo usuário (eu usaria a cota inteira só de birra). Cada herdeiro deve ser avisado pelo usuário que está a lhe transmitir a sôfrega missão e, de novo, assim que a morte do contratante é dada como certa, e um determinado número de herdeiros comunica o site sobre o ocorrido, já o site começa a liberar a caixa de Pandora do falecido. Os preços são anuais e variam entre US$ 10 (20 tipos de informação e 20 MB de memória - no Gmail, 20 MB é o limite de envio de anexos) a US$ 80 (informações ilimitadas e 5 GB de memória - o Hotmail oferece capacidade equivalente para arquivo de informações).


- Slightly Morbid (meio mórbido, é a tradução; meio???): não arquiva logins e senhas, e sim avisa os contatos - todos, reais e virtuais - de que você morreu. Dessa forma, o Dom Corleone do Mafia Wars do Facebook, a Ciganinha do Twitter e o TesudoJá do Messenger (que você imaginava completamente anônimo) vão saber da mesma forma do fato, assim como seus tios, primos, cunhados e parentes que aparecem somente por ocasião dos enterros. Nesse caso, o usuário deve criar uma conta com todos os e-mails dos seus contatos (uma espécie de mortal mailing) e passar um certificado com instruções para alguém de confiança. Quando da aparada da foice, negra e soturna, a fiel depositária do certificado e da confiança deve disparar (rápido, feito um tiro) mensagens que o falecido havia deixado por escrito. O legal é que esse serviço serve também para avisar que você ainda não passou desta para aquela, considerada equivocadamente, na minha opinião, melhor, em caso de escapar ileso de terremotos e tsunamis. Os preços , únicos, variam entre US$ 10 a US$ 50, conforme você é mais ou menos popular, tanto na vida real quanta na second life, ops!, na virtual.


- Orkut (Oh! turco! O Orkut foi inventado pelo turco Orkut Büyükkokten, que era engenheiro do Google): se você morre, de repente, como sói acontecer nesse caso, sem que você tenha dado por isso, e não se precaveu ordeiramente ao contratar um dos três serviços acima, o todo-poderoso Google cuida de você no além: ensina aos herdeiros da sua miséria virtual como te excluir da face virtual terrena. Basta que um parente ou conhecido, com acesso a dados pessoais seus, faça uma série de cliques e... glup! Você já era, assim na terra como na internet.

5 Comentários:

umbilicalfm (se finando) disse...

que vontade de me suicidar virtualmente!!! se não tenho paz em vida, que ao menos na morte me esqueçam de vez! eita invenção diabólica!!!! vou já me despedindo e preparar meu funeral em vida!!! adorei as dicas. FUI. beijo e me liga lá no sarcófago 22bn55yol.pt! :-))))

Redneck disse...

Umbilicalfm, veja como são as coisas. Michael Jackson é um claro exemplo dessa sobrevida. E não adianta você desejar o esquecimento. Tenho comigo que ficamos eternos, senão na vida digital, pelo menos até que o último ser humano dos nossos círculos viva, estaremos vivos na memória das pessoas. É assim que eu entendo a eternidade das pessoas. Na descendência e, quando não os há, os descendentes, na mente dos que nos gostam. Beijo, me liga! Do sarcófago digital 10001110001100001111.

umbilicalfm disse...

oi. zeros euns?! gozado isso. sabe, eu tenho outra visão de eternidade... creio que quando batemos a caçuleta, morremos mesmo, acabamos, não existimos mais. pode não parecer, mas, já o disse, o que mais valorizo nesta vida são as pessoas e aquelas que perdi para a morte, infelizmente, foi para sempre, eternamente serão nada. as recordo sim, sonho com elas até, mas A PESSOA não existe mais, não respira, não sente... e esta é uma de minhas maiores angústias: o NADA que somos, pois é nisso que vamos terminar. depois cambaleio entre aproveitar enquanto não chega o nada, ou viver antecipadamente esse nada. considero mais saudável a primeira, claro, mas tenho meus momentos doentes. "da lei da morte" nenhum mortal se liberta, nem aqueles que para sempre serão recordados, porque já morreram. no fundo estou pouco me lixando para o que fazem "comigo" depois de morrer... EU acabei, serei NADA finalmente, uma imagem na retina mental de alguns... e enquanto vivo sou pouco mais do que isso, fora de mim. beijo.

umbilicalfm disse...

meu corpo é meu sarcófago em vida. não por ser corpo mas por ser um visível e palpável que encerra, vivo mas isolado, um EU/NADA... ah, deixa pra lá. :)

Redneck disse...

Umbilicalfm, concordo quando você diz desse cambalear entre aproveitar o hiato de um nada e do outro, tal qual passos de dança em descompasso. Pois que dançamos, tortos, a vida inteira para, ao final, prostarmo-nos na horizontal, prontos para o nada que se segue. Quando eu falo da eternidade que permanece na descendência, falo dos rastros quase que imperceptíveis, pois também estou de acordo contigo sobre o fato de que nos encerramos em nós mesmos com o nosso fim e nada - memória alguma - nos reterá por mais tempo do que o permite o coração e o cérebro alheios. Vamos nos esfumaçando até perder cor definitivamente, isso sim. E quanto ao corpo ser o próprio sarcófago em vida, pois que isso também é fato. E se nos debatemos entre esse ser e o nada, é porque, na minha opinião, nos debatemos com a ideia da perenidade e da eternidade, permanentemente em conflito dentro de todos nós, aceitemos o não o fato de não sermos, ao fim e ao cabo, um grande nada. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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