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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A passagem

- Seguir? Você me disse para seguir?
- É, vá em frente.
- Mas, não posso. Minhas pernas estão travadas. O solo está pegajoso.
- Siga apenas, não resista.
- Tenho a sensação de que não devo ...
- São apenas impressões. Faça o que lhe digo.
- E se eu não quiser?
- Você não tem esse direito. Tem apenas que ir.
- Alguém já conseguiu não ir?
- Não.
- Por que?
- Não respondemos a este tipo de dúvida.
- Imaginava que haveria transparência, ao menos no final.
- O final é confuso e é para ser assim mesmo.
- Você não facilita ...
- Não é meu trabalho.
- E se você voltar comigo?
- Não há volta, apenas ida.
- Eu ouço murmúrios atrás de mim, mas, não consigo me virar.
- É assim que funciona.
- Me chamam!
- São desejos seus, apenas.
- Então, tenho que ir mesmo?
- Não resista, facilite para si.
- Mas, tudo parece tão espesso (!)
- É a passagem.
- Me deixe ao menos ficar por aqui.
- Não.
- Você não perde a calma?
- Nunca.
- Eu queria tanto não ir.
- ...
- Pode falar comigo?
- Estou aqui.
- Pode me dar a mão?
- Não.
- Você não colabora.
- Me limito ao meu trabalho.
- Te odeio!
- Não tem importância.
- Quero gritar e não posso.
- Vamos, é só dar o primeiro passo.
- Não posso!!!!
- Pode.
- Eu sabia que ia ser difícil.
- Venha.
- Até que você é simpática!
- Sou o que sou.
- Posso ver sua face?
- Não.
- Você me deseja boa sorte?
- Não.
- Está bem.
- Vá!
- Adeus!

E a Morte sentiu lágrimas rolarem. Era sempre assim, não? Todos tentavam truques. Mas, era impassível. Não tinha sentimentos, não era o que lhe diziam? Quando chegavam ali, pareciam carneiros à beira do matadouro. Sentiam, lamentavam, debatiam-se. No final, todos iam porque a atração era magnética. Já era hora. Havia uma fila lá fora. Nunca paravam de chegar. Aos diabos! Não tinha opção, tinha? Segurou a foice, ajeitou o capuz e foi buscar a outra alma. Quando a viu, soube que teria menos trabalho. Era uma senhora, feliz de estar ali. A Morte sorriu dentro de si sem perceber. Era tudo árduo sim. No entanto, cada nova face era um desafio. E, depois, era só levá-los. Tão dóceis, por fim.

1 Comentário:

Anônimo disse...

olá, você comentou no meu blog (sinta-se à vontade para isso), agora estou retribuindo. acabo de me sentir totalmente amadora diante dessa página "profissa", mas um dia eu chego lá.
parabéns!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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