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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Como evitar as cumulus limbus que derrubam aviões

Cumulus limbus (CB) são as nuvens com tempestades dentro, capazes de derrubar aviões. Essa é uma das hipóteses levantadas para a queda do voo AF 447, da Air France, que, ao tudo indica, causou a morte das 228 pessoas que estavam a bordo (há notícias esparsas a respeito de sobreviventes resgatados por navios). Mas é apenas uma das hipóteses, em meio a um verdadeiro tornado de informações dissonantes que somente poderá ser contido se e quando for encontrada a caixa preta (que é laranja).

E ácidas, a propósito, são as atitudes dos envolvidos em acidentes como esse: muita desinformação e um longo calvário para os familiares dali em diante. Basta reler o histórico do voo JJ 3054 da TAM que caiu em Congonhas em julho de 2007 e matou 189 pessoas e até hoje carece de um fechamento que, se não arrefece a perda, ao menos conforta e encerra o pavoroso ciclo que se segue a uma tragédia dessas proporções.


Para responder ao questionamento que dá nome a este post, vou transcrever uma série de informações publicadas pelo G1 com as estatísticas sobre a queda de aviões. Em tempo: as cumulus limbus podem ser evitadas e há instrumentos, como os radares meteorológicos, que servem justamente para isso. Teoricamente, um avião entra numa CB somente quando tem certeza da sua intensidade, ou seja, o piloto, amparado pelos mais sofisticados equipamentos de ar e de solo, tem meios para saber se a aeronave suporta ou não a turbulência da CB.

Na prática, acidentes decorrem de uma sucessão de eventos: erro humano, condições adversas do tempo, falhas elétricas e mecânicas e até interferências externas, como a colisão de um pássaro com as turbinas de um avião. O mesmo ocorre com um acidente de carro: há vários eventos que levam à tragédia. O erro nunca é apenas um, solitário. Esse é o princípio defendido pela teoria do caos.

Conforme o levantamento do G1, até agora, foram 47 acidentes com aviões apenas neste ano, com 569 vítimas fatais, segundo o escritório de Registros de Acidentes Aéreos (ACRO, na sigla em inglês). De 1918 para cá (91 anos), foram 17.369 acidentes na aviação mundial, com 121.870 pessoas mortas e 93.624 feridas.


As falhas foram causadas por:

- Erro humano: 65,57%
- Falha técnica: 20,72%
- Mau tempo:     5,95%
- Sabotagem:     3,25%
- Outros:           2,51%

Ao contrário do que se imagina, a maior parte dos acidentes (50,39%) ocorreu durante os procedimentos de aterrisagem (pouso), e não no ar. Disso eu já havia ouvido falar há tempos. Os acidentes no ar, em voo, são 27,73% do total e, em terceiro lugar, aparecem os acidentes na hora da decolagem, com 20,96% do total.


Historicamente, os acidentes acontecem próximos dos pontos de partida ou de chegada: 53,89% dos problemas ocorreram a menos de 10 Km do aeroporto de destino ou de chegada. A queda de aviões no mar aconteceu com 9,51% dos aviões. Antes, vêm as quedas em planícies (15,96%) e em montanhas (10,44%).

Numa análise superficial desses lados, eu, leigo em aviação, apenas eventual passageiro, creio que as cumulus limbus estão longe de ser uma ameaça aterradora quando se trata de tomar um avião. De fato, as cumulus limbus que derrubam aviões são bastante humanas. Algum tipo de tempestade ocorre com as pessoas das quais espera-se, basicamente, que estejam técnica e psicologicamente preparadas, por exemplo, para conduzir um avião em segurança. Mas, por algum processo interno, um primeiro comando equivocado acontece, uma reação irrefletida, um ato menor e pronto! Desencadeia-se a sucessão de eventos sobre a qual comentei acima.


Para evitar, pois, as cumulus limbus, não há o que se fazer a não ser torcer para que tudo dê certo. Porque, quando você está num avião e pega uma turbulência, você se sente o mais desamparado dos seres humanos. Não há chão, não há nada que garanta o próximo segundo. Eu já peguei uma tempestade na chegada a Congonhas, em São Paulo, e foi a pior turbulência pela qual passei até hoje. A passageira que estava ao meu lado agarrou a minha mão e me olhou aterrorizada. Quer dizer, entreolhamo-nos, aterrorizados, ambos. Víamos os reflexos das luzes dos relâmpagos pela janela e foi um tanto quanto pavoroso. Quando pousamos em segurança, simplesmente sorrimos um para o outro, cúmplices do nosso medo e aliviados pelo término daqueles segundos que foram longos.

Quando acontece um acidente dessas dimensões, como o da Air France e o da TAM, a parte mais dolorosa é ler sobre as vítimas. As tragédias dessas dimensões nos chocam mais do que a morte de um estranho ou mesmo um conhecido porque, atrás de cada passageiro, desdobram-se as mais diferentes vidas: uma pessoa que tem medo de avião e teve que viajar, outra que deixou de ir a semana passada e embarcou agora, mais um que antecipou a volta, um terceiro que esperou uma vida inteira para fazer a tão sonhada viagem e daí por diante. Choca sim. É como se o avião comportasse pequenos instantâneos de cada um de nós, e nos vemos na mesma situação, identificados com a tragédia global que, de repente, se torna a tragédia de nossas vidas também.

6 Comentários:

AlphaMale disse...

O nome correto destas nuvens é Cumulonimbus.

Quando em formato de bigorna, cumulo nincus.

Cumulo Limbos está incorreta.

Redneck disse...

AlphaMale, obrigado por me informar o correto. Eu sempre li e assimilei o incorreto, portanto. E, pelo jeito, toda a mídia, em geral. Aliás, você tem alguma relação com o assunto em questão? É que não é muito usual. Valeu!

Anônimo disse...

This is my first visit here, but I will be back soon, because I really like the way you are writing, it is so simple and honest

Redneck disse...

Anonymus, you're welcome! Come back as soon as you can!

RodrigoBGG disse...

Olá, boa postagem, mas só queria informar que não é Cumulos Limbos, e sim Cumulonimbus, sou piloto e sei do que eu estou falando, estudei muito meteorologia...

Redneck disse...

RodrigoBGG, obrigado pela informação. Como você pode ver no comentário acima, do AlphaMale, essa informação já havia sido corrigida. Eu, que não sou especialista em nada, a não ser em generalidades, já admiti o erro.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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