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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mês do cachorro louco


Hoje é o primeiro dia de agosto. A origem do nome "agosto" é nobre - vem do imperador romano César Augusto que, com inveja do outro imperador, Júlio César (que deu nome ao mês de "julho"), criou um mês para si mesmo no calendário gregoriano.

Esse sangue-azul de berço não livrou, no Brasil, o apêndice de "cachorro louco" que agosto carrega. A explicação (não sei se correta) para o "mês do cachorro louco" seria de que, como há uma concentração maior neste mês de cadelas no cio (!!!), em função do clima (!!!), há uma maior promiscuidade entre os cães. Consequentemente, há maior chance de transmissão de doenças, entre as quais a raiva, que enlouquece os cães e, portanto, os torna "cachorros loucos".

Eu não sabia disso e, ao sabê-lo, desde logo assimilo a explicação e a adapto para os humanos. Agosto não tem feriado, é também o mês do desgosto, a gosto Dele, um mês estranho, em que um vento assopra sem perdão. Segundo minhas próprias teorias científicas - que as tenho muitas - agosto deve corresponder, no universo humano, à mesma loucura que se passa no mundo canino. Tenho para mim que, em função de um vento constante, ficamos, os humanos, mais expostos à loucura. Venta tanto que nossas cabeças ropodiam e ficamos sem nada no cérebro a não ser um redemoinho que gira interminavelmente.

A tal da promiscuidade dos cães ou o cio toma conta dessa ventania toda e faz com que o cérebro se esvazie de conteúdo e seja preenchido de intenções sexuais. Instala-se uma selvageria no ar que, somada à força dos ventos, nos deixa a todos feito faunos malucos, com a cabeleira (quando existente) revolta e sinais de demência na face.


Ouvi dizer que em agosto muitos se atiram ao mar. Outros, de edifícios. Ainda, galopam pelas ruas feito cavalos selvagens. Sempre com o vento a dar chibatadas, como chicotes. Enlouquecidos, alguns de nós se trancam dentro de casa, em recém-convertidos quartos de pânico, à espera da condenação eterna ou do fim do mês da loucura. O mês transcorre numa contagiosa permissividade, a meio caminho entre um primeiro semestre mais ou menos equilibrado e próximo de (mais) um final de ano. Ao fazer a conta e constatar que quase nada aconteceu, é algo meio lógico que a cabeça rodopie.

Agora, a promiscuidade do mundo cão, se me permite, essa se nos acomete em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, sem trégua, estejamos ou não doidos de pedra.


Daqui da torre, o vento chega a uivar, de tão insistente. Penso que, à noite, o uivo passa a ser lamento e, em alguns momentos, sou obrigado mesmo a sair em disparada, feito um lobisomem atrás da lua. E o mês apenas começou!

6 Comentários:

Patty Diphusa disse...

Que medo. Acho que vou me recolher novamente na caverna e só saio em setembro. Essa foto me deu arrepios, e não foram de prazer.

Bjs

Redneck disse...

Patty, eu não disse que o mês apenas começou? Depois do post acima, você tem que me dar razão. Beijo!

UFMing disse...

este ano, a 25, o mês está se finando e, ainda assim, não sei se entendi alguma lhufa... :) vazio está o cérebro sim, esvaziado, mas não "substituído" desses ímpetos caninos. só porque não, sei lá. em metade o calor foi dos infernos, e aí penso em me jogar da ponte!, e a outra entre o ano que passou, meses anteriores a actual INcarnação, e agora, com amenas temperaturas. pela primeira vez em muitos anos soube aproveitar os dias longe, as paisagens absolutamente outras, os lugares, as cores, o ar, o odor, o céu, afinal tão perto e a anos luz deste buraco semi-urbano onde diariamente habito e habituo... cheira a lixo, só pedras ao alto, feias, neons, artifícios monopólios, o ar tem que ser empurrado, as pernas e a pp vida.
ah... tudo isso por ser ainda agosto?... em setembro começa o fim do ano e, mais um, parece que ainda ontem me despedi de 2008. como em tudo, datas assinalam, mas os marcos, ou marcas, nem sempre soincidem. as passagens.

Redneck disse...

UFMing, a mesma sensação de passagem rápida tenho eu quando paro para pensar nisso. É tudo tão provisório, os dias, meses e anos, tudo tão corriqueiro. Me cansa esse rápido vaivém em que também eu me sinto aprisionado entre torres feias de pedra. E quando a libertação vem - daqui, fugimos, por ora, do frio, ora da poluição, ora do barulho - também eu me encontro em outras paisagens completamente alheias a essa vida que é medida em horas, dias e semanas. Lá, em outro universo, também o tempo é outro, com as hora vagarosas e que rendem, que dão mais sentido ao dia. OK, são só passagens. Mas umas passam feito trem-bala e outras como bondes antigos. Com tempo para se olhar à volta e para si mesmo. Vai ver, são viagens cerebrais apenas e o que conta, afinal, é o valor que damos para uma paisagem e para a outra. Beijo!

UFMing disse...

e neste seguir até vinha a calhar algo sobre "cardiologia da alma"! eheh, não julgue que me esqueci
:-)... mesmo essa coisa da alma cada vez mais me parecem "passagens cerebrais", erráticos elos físico-químicos, organismos insondáveis sempre ávidos por (cons)ciência. acasos, tempo e natureza, processos muito aquém de nossas vontades e sobrancerias... sei lá, cheguei no ponto de nem saber que nada sei. tudo me parece gigantesco e ameaçador, em absoluto incompreensível. não responda, nem por netiqueta (eheheh), não ligo nem mais a certas coisas, cada vez menos a convenções. só tem um homem no mundo, no momento, com quem gostaria de falar(não tome a mal, viu?)... e não é coisa de ímpetos hormonais não, ele é bem velhinho e feinho mas me desperta grande curiosidade... topa adivinhar??? (não liga não, sério que não é pra ligar! sou sua leitora vc já sabe e as vezes meto os dedos nas teclas, no embalo, só isso). fica bem.

Redneck disse...

UFMing, nem vem que vou deixar passar batido e, principalmente pelo fato de você dizer 'nem por netiqueta'. Primeiro, respondo, sim, e nunca por educação, e sim por vontade própria, movido pelos seus comentários. E claro que fiquei muito curioso sobre o tal 'velhinho e feinho'. Estou muito longe de adivinhar quem é o ser dessa imagem, dado que não lhe conheço para fazer tentativas infrutíferas. Mas você, se quiser, pode de dar pistas. E quanto aos dedos nas teclas, é por isso que estão aí, ambos, a tamborilar uns ao encontro das outras. Fica bem também. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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