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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

The book is on the table

Estou em plena leitura do livro "Maus Bocados" (Cia. das Letras, 353 páginas) do poderoso e irritante chef norte-americano Anthony Bourdain (do restaurante Les Halles, de NY) , que também publicou "Cozinha Confidencial", com o qual arrumou toda confusão que pôde com famosos chefs de todo o mundo. Em "Maus Bocados", por exemplo, Bourdain desanca o britânico Jaime Oliver, por quem, admito, nutro a maior simpatia. Sei que ele também gosta de mim, pergunta por mim, liga e deixa recado e tudo o mais. Eu é que ando sem tempo.



Bourdain esteve no Brasil e falou mal de uma penca de restaurantes considerados finos. E elogiou o "churrasquinho grego" das ruas de São Paulo. Goste-se ou não de Bourdain (às vezes, eu gosto; outras, nem um pouco), o fato é que esse mix de chef/escritor traz à tona, em seus livros, um monte de histórias que os grandes restaurantes e a nata dos cozinheiros preferem ocultar nos sombrios refrigeradores de suas cozinhas. São histórias mais apimentadas do que os temperos usados nos pratos desses lugares. Eu diria que alguns casos relatados por Bourdain são até escabrosos.

Em São Paulo, por exemplo, é fato conhecido (entre o pequeno mundo da gastronomia, que é equivalente a pequenos mundos similares como o do jornalismo, da moda, das artes) que rola nas cozinhas mais famosas de tudo um pouco: consumo elevado de drogas, brigas entre cozinheiros, com direito a facadas, e outros cortezinhos de amor e ódio. A gastronomia é fomentada, tanto quanto o jornalismo, por uma extensa e eterna briga de egos.

Mas, o livro sobre o qual quero comentar é outro: "Na Pior em Paris e Londres", de George Orwell (Cia. das Letras, 255 páginas). Sim, o mesmo Orwell que escreveu "1984" e "A Revolução dos Bichos". Orwell comeu, literalmente, o pão que o diabo amassou em Londres e Paris no final dos anos 20. O mérito de Bourdain, neste caso, é ter falado sobre esse livro em "Maus Bocados" e de como trabalhar sob pressão. Orwell trabalhou em um restaurante em Paris e, no livro, descreve o ritmo insano da vida de lavador de pratos na França. Das idas ao antigo e famoso mercado central Les Halles, que foi construído em 1183 e demolido em 1971 para dar lugar a um moderno shopping, o Forum des Halles. De toda a aflição que um faminto e desesperado aspirante a escritor passa naquela Paris de 1928, no meio de cozinhas imundas e de hotéis com percevejos.


Ainda não comecei a ler o livro, mas, somente pela pequena amostra que me deu Bourdain, tenho certeza de que Orwell sofreu, naqueles tempos, tudo o que sofre um atual cozinheiro em qualquer grande metrópole do mundo. Bourdain, quando confrontado com pressões intermináveis, fala do continuum que envolve os cozinheiros desde os tempos imemoriais. E Orwell, ao relatar isso em "Na Pior ...", apenas ratifica que, seja nos séculos XVIII, XIX (Carême, Escoffier) ou agora, a cozinha é o inferno na terra. Nós, que temos uma leve queda pela cozinha, devemos, portanto, ser os diabos.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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