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quinta-feira, 30 de julho de 2009

L'homme graisse: de patinho feio a foie gras

Você sabe o que é foie gras (fígado de ganso)? Reformulo: você entende o conceito do foie gras ou de como se obtém o gordíssimo e caro fígado de ganso? Eu, além de compreender o processo, o absorvi de tal sorte que sou eu o ganso da vez. Quer dizer, l'homme graisse ou, em chucras palavras, o homem gordo.

Pior: sou o homem do fígado gordo, o que vem a ser, portanto, algo como l'homme foie gras ou, ainda, em definição oportunista, l'homme foie gras de canard (que seria algo como 'o homem de fígado gordo de pato'). Mas está confuso, assim.


Eu hei de melhorar. Vamos lá: o meu fígado está recoberto por uma camada de gordura, o que equivale dizer que, nesses tenros (e gulosos) anos primaveris, outonais e agora invernais, construí, calmamente, uma capa de gordura que recobre o meu próprio fígado.

Claro que não fiz isso conscientemente (um pouquinho, talvez, já que ouvi, até agora, três vezes a fatídica frase: "Você é o que você come"). Bem, a hora não é muito apropriada para dizer se cheguei a essa estranha evolução de homem para ganso de forma consciente ou não. Também não vou entrar em detalhes, né!



O que se apresenta é, inexoravelmente, um paradoxo: devo eu transpor o macio reino das penas e, de patinho feio (eu era magrelo, ai que raiva!), passar a ganso gordo ou, afinal, a pato, daqueles que andam a bombolear o corpão como se paquidermes de penas fossem? Mais um pouco e me vejo servido em pomposa mesa de jantar francês. Por Napoleão que nunca aspirei a virar fígado gordo!!!

Você percebe que, a despeito do tema do post ser, prioritariamente, saúde, eu fiz que fiz e fiquei quase que apenas na gastronomia? É essa a raiz de todo o mal que me aflige. Fazer de tudo uma transliteração de comida, enfeitar a mesa e bancar o espertinho.


Mas a esperteza perde, no caso. Fui devida e incisivamente orientado a mudar minha postura diante da vida que se segue depois da estapafúrdia informação de que disponho de um fígado de ganso, e não mais de uma víscera humana, como vocês: dieta rigorosa, menos (ou nenhum) cigarro, pouquíssima (deve ser uns 10 mililitros) bebida, distância medida em anos-luz entre o açúcar e eu (por Zeus que maldigo o humano que inventou o doce) e uma vida cheia de comedimentos e sem condimentos.

Credo que meu mundo caiu (antes, o fígado já havia, pelo que entendi, perdido qualquer referência que tivesse em relação à sacrossanta lei da gravidade). Ainda que eu tente afrancesar e gracejar essa capa de gordura que resolveu hospedar-se no meu fígado, explico, exatamente, o que é a gordura no fígado do humano. Chama-se esteatose hepática (tenho pavor do nome 'hepático') e consiste em infiltração de gordura no fígado. A princípio, essas pequenas infiltrações agem como filamentos de água nas paredes: provocam pequenas reações clínicas (arquitetônicas, se for parede) como dor e desconforto abdominal. Para isso, é necessário que se faça um exame ultrassonográfico, que revela, desde logo, as danadas das infiltrações. Eventuais aumentos do fígado também podem indicar a presença de infiltrações.


A causa mais comum da esteatose hepática é a (argh!) obesidade! Alguns sintomas como refluxo, azia, queimação no peito ou semelhantes podem dar uma ideia do que escrevo. Outro detalhe bastante importante: muitos diabéticos têm esteatose (aliás, os sintomas da esteatose podem vir associados aos sintomas da diabete).


E, olha só o que faltava para completar o fulgurante quadro do patinho feito que virou, que pena!, apenas um ganso (ou pato) gordo: pessoas (não que eu me identifique com elas) que fazem uso frequente do álcool também pertencem ao grupo de risco e, por tabela, a esteatose pode evoluir (nesse caso, a evolução poderia dar marcha ré) para hepatite, cirrose e câncer de fígado.

Tanto o diagnóstico quanto o tratamento estão relacionados primeiro ao profissional de saúde (gastroenterologista e endocrinologista) e, depois, ao próprio envolvido e (eventualmente) interessado em sanar o precário estado de carregar fígado encapado.


Suponho que, depois de devidamente informado de tudo isso, serei reduzido ou a um sujeito consciente, inteiramente capaz de absorver o impacto e combater essa 'foieasização' de forma eficaz ou, sobrepujado pelo peso da gordura, me transformarei em pato feio, e não naquele glorioso cisne que plaina sobre as águas, completamente alheio a fígados, gorduras, dietas e cardápios franceses. Mundo cão em terreno de penas, este! Odeio muito tudo isso.

2 Comentários:

UFMing disse...

Antes de mais, seja benvindo à sua Casa! A gente aqui andava preocupado... desaparece assim... ai ai. Em segundo lugar, deus meus, meu pequeno cerebrozinho anda tão baralhadão: que história é essa de passar de pato e feio a ganso e gordo?!!!!!!!!!!!!!! explica isso por "miúdos"!!! ahahah (de ganso, pato, seja lá o que for, costumo-achar que- acompanhar seus textos, mas esse... :-( nó cego no vácuo mesmo! wellcomeback

Redneck disse...

UFMing, obrigado pelo carinho. E u sei que o texto está cheio de filigranas, algo tortuoso. Mas foi mais para ocultar do que para mostrar, se é que você me entende. Tem a ver com a minha saúde mesmo, mas não é nada demais não. Basta que eu siga uma dieta rigorosa e saia dessa com um corpinho mais enxuto. Obrigado novamente e eu também estou feliz em retornar a esta casa, com a devida companhia de pessoas como você. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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