E o resto é HIStory!
E o resto é história. Assim dizemos quando damos por concluído um assunto sobre um mito, uma pessoa ou qualquer outra coisa que, na verdade, ficou em suspenso, sem um fim em si mesmo que descontinue aquele curso ao qual estava fadado até que sobrevem o instante final.
Disse o jornalista e escritor Gay Talese, presente nesta 7ª. edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que a mídia assassinou Michael Jackson. Que o artista estava morto há muito, pressionado por todos os flancos pela "humilhação imposta pelo desserviço de alguns jornalistas, aqueles que noticiaram como verdadeiras as declarações de pessoas que teriam sido abusadas por Michael Jackson". Talese ainda afirmou que a mídia cometeu abusos e noticiou como verdadeiras (o que eram) suposições sobre a vida do cantor. "Lamento por Michael Jackson!", exclamou Talese.
(Se) Cometido tal crime, ficaram os despojos dessa guerra envenenada na qual se lança a mídia atual sobre quem (eventualmente ou sempre) gera notícia e, por consequência, audiência. Como bem registrou uma leitora deste blog, à morte não se segue nada mais. Encerramo-nos em nós mesmos. E pronto. Ponto! Ficam, porém, os despojos.
Nas guerras antigas (e suponho que ainda nas atuais), os soldados vencedores despojavam os cadáveres dos bens - fossem armas, roupas, guarnições, tudo aquilo que tivesse valor aos olhos do exército inimigo. Também é assim com os civis: despojam-nos de suas vestes, bens e todo e qualquer vestígio de segredos, doenças, manias, medos. Morre-se em privado e morre-se novamente em público.
Na morte privada, despe-se o indivíduo (na cultura ocidental) para prepará-lo em uma viagem de Caronte (imaginária), segundo a qual há que se ter, como em vida, uma apresentação razoável. Na morte pública, a pessoa é desvestida e assim permanece, devassada pela sanha de abutres que voam perigosamente baixo para bicar pedaços/despojos que lhes parecem valorosos.
As fotos que estampam o post são os despojos, em grande parte brilhantes, de uma pessoa que se apaga, lentamente, até que a chama da avidez midiática se consuma e sobrem apenas clarões esparsos de quem foi fogo e, como tal, consumiu-se até que sobrassem apenas as cinzas. E, posteriormente, serão ideias confusas para, enfim, ser só o nada.
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