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domingo, 5 de abril de 2009

Meu rugido dominical


Durante a semana, fui a um evento para jornalistas, promovido por uma empresa, que acontece todos os meses, com diferentes temas a cada edição. O evento, dessa vez, aconteceu no Eazy com atrações circences como o grupo Jogando no Quintal, Circo Zanni e a performance inacreditável de Stefany di Bourbon como Whitney Houston (vídeo abaixo).



O tom deste Rugido pode soar desafinado em relação ao texto usual deste espaço. Não! Não é isso. É que eu ri tanto e com tanta vontade que, certamente, liberei endorfinas para o resto da semana. De forma que, um pouco cansado de somente filosofar e debater comigo mesmo em monocórdio surrado (nem sempre, é verdade), resolvi compartilhar a alegria espontânea, gratuita, do riso que nasce do nada, apenas da graça de que é capaz um outro humano.

Eu costumo rir. Me considero espirituoso, por vezes. Me divirto na observação das pessoas, tendo a fazer palhaçadas que me envolvem e, sobretudo, sempre concluo que a risada me libera. Depois de um dia tenso e cheio de vaivéns, de carga pesada de trabalho, de uma série de conflitos que se sobrepõem rapidamente uns aos outros e que me fazem ficar estático, é libertador rir sem limites.

O riso é universal. Rimos o tempo todo, ainda que não o percebamos porque, inconscientemente, não controlamos o riso. Os especialistas dizem que 80% do riso não têm nada a ver com humor. Rimos em situações sociais - risos amarelos, polidos ou gentis - e em momentos de prazer e de felicidade.

O riso atenua a hostilidade e a agressão. Pressupõe um desarmamento, um convite ao afável. Rimos para quebrar o gelo ou a tensão entre você e eu, quando nos estranhamos, ou entre dois estranhos que, num primeiro momento, se estranham. Ou rimos para sinalizar o apaziguamento, para indicar caminhos mais suaves, para evitar o confronto. Quase sempre, rimos para dizer não e quando nos desculpamos. O riso tem função: desarma espíritos, cria pontes e convida.

É considerado um dispositivo da sobrevivência humana que, no processo evolutivo (sem entrar no mérito desse conceito), desenvolveu essa peculiaridade inerente à espécie (se diz que alguns animais sorriem, mas, biologicamente, isso não está comprovado).

A função do riso é a de comunicar-se. Equivale a enviar, por meio dos lábios ou da garganta (quando gargalhamos), uma mensagem, uma espécie de short message (torpedo) que libera o outro para conectar-se a nós mesmos. Seja na forma de finas linhas, de esgares, de grunhidos abafados ou risadas escandalosas a gargalhadas que tomam conta do ambiente, o riso contagia.

Alguns estudos comprovam que pessoas em posição de liderança - sejam políticos, executivos ou caciques - usam o riso como forma de controle dos subordinados. É uma forma de controlar o clima emocional do grupo, da tribo, do time. Se o chefe ri, todos riem. Se fecha a cara, todos ficam carrancudos.

O riso, ao contrário de outras formas de aprendizado do ser humano, que se dá pelo processo de imitação - fala, gesto, expressões -, é inato. Pesquisas com pessoas cegas, surdas e mudas congênitas provam que, mesmo sem a possibilidade de imitação, essas pessoas riem e sorriem da mesma forma que os demais.

O riso expressa as emoções positivas. Rir é um bom remédio. A frase não é gratuita. Sorrir, rir e gargalhar atenuam o mau-humor, o stress e a ansiedade, reforça a imunidade do organismo, relaxa a tensão muscular e reduz os níveis de dor. Não é à toa que projetos como o Doutores da Alegria atuam em hospitais infantis.

Fisiologicamente, o riso inicia uma cadeia de reações: ativa o sistema cardiovascular, aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial; as artérias, dilatadas, levam a uma queda de pressão; contrações fortes e repetidas dos músculos do tórax, do abdômen e do diafragma aumentam o fluxo de oxigênio no sangue. A tensão muscular diminui e, temporariamente, perdemos o controle dos nossos membros, em estado de entrega total: 'fiquei mole de tanto rir'.

Então, por que se privar ao riso? Por que conter a gargalhada que rompe lá de dentro? Por que não se rir e rir-se da graça, do divertido e até dos pequenos constrangimentos nossos ou alheios? Para finalizar, coloco abaixo uma poesia declamada no evento que eu citei no início. 

Com o devido tom de paródia e de duplo sentido, é uma forma, como outra qualquer, de extrair o riso das pessoas e, talvez, até mesmo alguns fantasmas empedernidos que insistem em baixar âncora nos escombros interiores. Pode parecer bobinho, mas eu sugiro que você leia em voz alta para si mesmo(a) e duvido que, ao final, ao menos um pequeno traço de riso não surja em sua face.

O Cume da Montanha

No cume daquela serra,
eu plantei uma roseira.
O mato no cume cresce
a rosa no cume cheira.

Na hora do entardecer,
tudo no cume aparece.
Vagalumes no cume brilham,
cobra no cume aparece.

Quando cai a chuva fina,
salpicos no cume caem.
Lagartos no cume entram,
abelhas no cume saem.

Mas depois que a chuva cessa,
no cume volta a alegria.
Voltando a brilhar depressa,
o sol que no cume ardia.

(poema de cacófatos, que é o encontro de vocábulos ou sílabas que formam nova palavra de sentido ridículo ou obsceno; autoria desconhecida)

3 Comentários:

Denise disse...

Já conhecia essa poesia há um tempão, mas não tem como não achar graça, ainda mais se for lida em voz alta e, principalmente, com platéia.
Bj.

Redneck disse...

Denise, eu achei muito hilário quando ouvi. Agora, o que eu não achei nada hilário foi a Priscila não ter ganhado o Big Brother. Não gostei nem um pouco. Claro que, depois disso, fui obrigado a comer pão com maionese e doce de amendoim. Hummm!!! Tava uma delícia!!! Beijo!

Denise disse...

Que nojo!!!! O pior foi vc se lembrar de mim ao comer isso!? Prefiro meu suquinho natural de maracujá.
Pior ainda que a Priscila perder foi o Max ganhar, argh!!! Bj.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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