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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Na cidade

Na cidade, é impossível ficar à margem da realidade. Diferentemente dos idílicos dias da roça e da praia, com longas pausas para observação e análise, a urbe não deixa espaço para fantasias. Apenas urge, agressiva.


Nas cidades, todos temos pressa: de chegar a tempo ao compromisso, de encontrar um atalho para o destino, de desviar do inesperado, de tentar calcular imprevistos para equilibrar as 24 horas que se amontoam incessantes.

É uma gangorra que pende para um lado e outro, ao sabor do peso de decisões e indecisões. Em São Paulo, começa-se com o drible da natureza: árvores que caem, ruas alagadas, pessoas irritadas. É como se os céus fizessem uma limpeza do final e início de ano e perdesse a impaciência com as pessoas.


(Avenida Paulista e adjacências)

Ao contrário do doce marasmo do mar, nada é lento. Tudo requer passos apressados. A teoria da relatividade se aplica na prática e o relógio anda mais rápido. Contra a vontade, se tem a noção exata dos compromissos, das contas que chegam, das aflições próprias e de terceiros.

As grandes expectativas, inexplicáveis, imaginadas para o ano, parecem diluir-se nos dias aquáticos de janeiro.

Acabam-se o pôr-do-sol avermelhado da roça e a revoada vespertina dos pássaros. A languidez dos dias precedentes e concomitantes ao verão transita do morno ao frio para registrar a mudança de estação: a viagem de volta sempre é mais bucólica do que a de ida.

Claro que a troca de guarda dos lugares - roça>praia>cidade - não se faz sem algum trauma. À desaceleração iniciada no final do ano corresponde um arranque para a retomada de novas marchas. Desfila-se, a princípio, de forma trôpega. Algo meio capenga, como um bêbado desavisado. Depois, perfila-se com a tropa e, enfim, eis-me de novo na formação.

Essas passagens, embora soem a perdas, ao contrário, me enriquecem. Porque consigo extrair dos diferentes contextos o que cada um me dá. E a cidade, afinal, é um conjunto de cada pedaço meu. Seja aquele que revolveu a terra, resvalou na orla ou refletiu a cidade. Sou todos os lugares, independentemente daquele local específico que me serve de sede.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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