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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ma vie en blanc

Você conhece a aplicação prática do prisma em relação às cores? Em ótica, o prisma é um elemento transparente com superfícies retas e polidas que refratam a luz. Assim, um prisma pode ser usado para separar a luz em suas cores do espectro (que são as sete cores do arco-íris).



Acabei de realizar que meu prisma está quebrado. Como não entendo lhufas de física e muito menos de ótica, devo admitir que, em tese, ao menos, falta um prisma para que eu veja novamente a vida colorida. OK! Prismas convertem luz (sem cor, aparentemente) em sete cores. Mas, as cores básicas são o vermelho, o azul e o verde e é a soma dessas cores, com ou sem prisma, que gerará uma cartela quase infinita de cores. O que sei é que apenas um monitor de 1680 X 1050 pixels (como o do meu iMac) tem mais de 16 milhões de cores possíveis.


As cores são percepções visuais da retina, provocadas pela ação de um feixe de fótons sobre células. Essas células transmitem as informações captadas pela retina para o sistema nervoso que, por sua vez, traduz o dado recebido em cor. Esse é o processo que ocorre, conforme as leis da física.

Mas, e quanto às leis abstratas que regem as percepções de cor? Por que, às vezes, nos sentimos descoloridos? Ou temos a impressão de que o mundo está cinza? Que deu um branco? Que se está vermelho de vergonha? Que se amarelou? Isso não é explicado pela física.


Ainda no campo da física, um objeto tem determinada cor se, justamente, não absorve os raios correspondentes à frequência dessa cor especificamente. Por exemplo: um objeto é lilás se absorve outras frequências que não a da cor lilás. Parece complicado, a princípio. E é mesmo. O conceito da cor está relacionado aos diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético.

Sim, é isso mesmo. As mesmas ondas que permitem que você e eu falemos por meio do celular. Na tradução para a prática, essas ondas são por nós percebidas por meio da visão como se fossem uma sensação. O objetivo dessa percepção é diferenciar os objetos do espaço que os cercam com maior precisão. Bonito isso, não é?


E por que eu afirmo que minha vida é branca, atualmente? Porque a cor branca é resultado da sobreposição de todas as cores (descartei o preto, que é a ausência de luz, e luz, thanks, eu a tenho o suficiente). 

Mas, se ando a ver o mundo em branco, devo estar com alguma célula desajustada, você pode afirmar. Não exatamente. É indiscutível que, a não ser que sejamos daltônicos, todos vemos e entendemos as cores. Mas a cor não existe fisicamente. E, sim, apenas em representação do cérebro. Os objetos não têm cor, efetivamente. A cor, de fato, corresponde a uma sensação interna provocada por estímulos físicos que, ao final, dão origem à percepção dessa cor para o ser humano.


Ao compreender isso, eliminei as categorias de cor da mente e passei a ver o mundo em branco. Isso corresponde, na prática, a uma mudança visceral: é como se eu estivesse no Polo Norte, cercado por neve, com roupa branca, sem espelhos, com cachorros totalmente brancos a me guiar e o céu, por uma conjunção de fenômenos naturais, estivesse, também, totalmente esbranquiçado. Nem uma outra cor. Apenas o branco. Um branco aterrador. Onipotente.

Culturalmente, as cores, como todas as coisas, têm significados. Sim, atribuídos por nós mesmos, seres humanos, para conciliar o inexistente com nossas próprias sensações. Veja:

- Cinza: remete à elegância, humildade, respeito, reverência, sutileza.

- Vermelho: sabidamente, é a cor da paixão; é também força, energia, amor, liderança, masculinidade, alegria, perigo, fogo, raiva e revolução. Mas, simbolicamente, significa quase que universalmente "pare", stop!


- Azul: passa a ideia de harmonia, confidência, conservadorismo, austeridade, monotonia, dependência, tecnologia (Bluetooth, Blu Ray), liberdade.

- Ciano: é um azul esverdeado (ninguém nunca sabe a cor do ciano, mas, por analogia, sugiro que você se lembre de "ociano") que transmite tranquilidade, paz, sossego, limpeza e frescor.

- Verde: indica natureza, primavera, fertilidade, juventude (verdes anos), desenvolvimento, riqueza, dinheiro (dólar), boa sorte, ciúmes, ganância e esperança.

- Amarelo: é velocidade, concentração, otimismo, alegria, felicidade, idealismo, riqueza, fraqueza (amarelou!).

- Magenta: nojenta, essa cor. Tem esse nome somente para não assumir que é pink, rosa-choque. Significa luxúria, sofisticação, sensualidade, feminilidade, desejo.

- Violeta: cor sóbria, pode representar espiritualidade, criatividade, realeza, resplandecência e também dor (cor popular no luto).


- Laranja: é uma das cores de que eu mais gosto. Remete a energia, criatividade, equilíbrio, entusiasmo e ao lúdico. Tudo de que eu careço na minha vida em branco.

- Preto: dá ideia de poder, modernidade, sofisticação, formalidade, morte, medo, anonimato, raiva, mistério, azar (gato preto). É uma das cores mais fortes da história da pigmentação e dos pixels.

- Castanho: significa sólido, seguro, calmo, natureza, rústico, estabilidade, estagnação, peso (odeio ter olhos e cabelos castanhos e, finalmente, encontrei a relação cor-peso), aspereza.

- Branco: finalmente, o branco que anda a tomar conta da minha vida. Se diz do branco que é a cor da pureza (passo), inocência (passo), reverência (passo), paz (OK), simplicidade (passo), rendição (passo) e esterilidade (!!!).

Encontro, aqui no branco, o resumo do post: esterilidade. Sem as demais cores, tomado pelo branco, sou apenas estéril. De ideias, de desejos, de energia. Ma vie en blanc é asséptica feito o chão de um hospital-modelo.


Recupero a explicação da ausência de cores na minha vida na longínqua infância: ao contrário de uma determinada amiga, eu e outra amiga, menos favorecidos, costumávamos ganhar canetinhas e lápis de cor nas respectivas embalagens básicas, isto é, aquelas que tinham somente quatro canetinhas (cores básicas) ou meia dúzia de lápis. Nossa amiga poderosa tinha acesso a embalagens com 12 canetinhas (!) e 24 lápis de cor (!!). Quando não àquela maravilhosa caixa com 36 lápis (!!!!). Quanto trauma isso nos causou, a mim e à amiga desfavorecida!

Também nunca entendi porque vinha, sempre, um lápis de cor branca. Hoje compreendo que era um sinal de que as cores me escapariam e aquele enorme e sempre novo (porque nunca usado) lápis branco reluzia, pontudo - e apontado -, como um monumento erigido em homenagem a uma perfeita vida em branco.

2 Comentários:

Anônimo disse...

Red,

Sua vie est blanche e no entanto vc deu uma passa fora em todas as categorias que ela representa???? rs...

Bom, depois de toda a sua brancura, devo admitir que comecei a ficar um pouquinho bege, pois aqui do outro lado e com tanta neve, creio que ma vie est blanche como a sua.

Beijo e bom final de semana

Ufa! Depois de tanta brancura, fiquei bege!

Redneck disse...

La Voyageuse, como assim, dei um passa fora? Você ainda tem a explicação natural das tundras que foram esse bloco de gelo. E bege você ficou porque, depois de tanto mofo, até o branco radiante se desconsola. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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