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domingo, 18 de janeiro de 2009

Meu rugido dominical


No último post de 2008, desejei, sobretudo, que houvesse reencontros e convivência, que se colocasse as pessoas acima de tudo - de datas, de presentes, do comércio, da comida. Passo o ano inteiro praticamente sozinho: trabalho em casa e vivo só. Grande parte do meu dia de 24 horas o passo em existência comigo mesmo.


Afora esporádicos contatos virtuais - telefone, email etc. - é comigo mesmo que convivo e, a despeito de nunca ter feito estatísticas, creio que dos 365 dias do ano, uns 70% são consumidos de forma bastante egocêntrica.

Isso explica a minha fome de gente e, em simultâneo, a surpresa de ter, por dias a fio, tanta gente ao meu redor. Em geral, quando chega o final do ano, estou sempre ansioso para reencontrar as pessoas da minha casa. Em média, vou ao interior entre três e quatro vezes ao ano e fico apenas uns 4, 5 dias. Insuficientes, sempre.

Por isso, quando me dei folga de mim mesmo este ano, planejei ficar mais tempo com outras pessoas e consegui. Sei que o fato de viver só nos deixa com manias, com (maus) humores, cheios de uma lógica própria. Estou mais acostumado com o silêncio do que com o ruído. Tenho meu próprio tempo: durmo tarde, acordo tarde, leio muito, escrevo mais ainda, fico conectado a maior parte do tempo.

Então, quando passo mais de 20 dias com outras pessoas, muitas, é natural que isso simbolize uma quebra dos meus padrões. O meu cotidiano deixa de sê-lo para se encaixar numa outra lógica. À qual eu tenho que me moldar.

E assim foi (espero, para o bem dos que me rodearam durante esse tempo). Fui atrás do convívio e o tive, em diferentes momentos: na roça, na praia e na cidade. Mudaram as paisagens, mas, as pessoas, também diferentes, estiveram presentes. Às vezes, me preocupa o fato de eu ter comportamento de ermitão. Quando se vive só, a intolerância atinge alguns níveis inimagináveis e tende-se ao egoísmo.

Ao analisar os dias passados, posso ter tido algumas recaídas - tendo a ficar casmurro em algumas situações em que me contrariam -, mas, no geral, aproveitei muito todos. Gostei de cada momento, de cada lugar. Tudo o que desejei no final de 2008 eu tive. Não sei se isso foi suficiente para me mudar. Mas, mais uma vez, confirmei o valor de estar junto, de partilhar, de celebrar, de ver as faces, olhos nos olhos.

Não registro nenhum grande acontecimento desses dias todos e é aqui que está o encanto: o fato de me emular na rotina dos outros de forma natural. Sou de longos silêncios, por vezes. No entanto, não me passam desapercebidos os que ao redor falam, circulam, movem-se. Somente o fato de os ter próximos já me basta.

Claro, não sou nenhum santo que por vezes não tenho vontade de gritar e brigar. Você sabe como são os irmãos: leva-se, para sempre, todo um histórico de vida que, por um simples "me dá cá aquela palha", redunda em conflitos baseados em coisinhas, minúsculos gestos e aí a fantasia, de repente, degringola. Contudo, não provoquei (espero, de novo) nenhum conflito. Passei incólume, malgrada a minha impaciência, travestida de boa vontade.

De forma que desejo tudo de novo para este e os próximos anos. Somos imperfeitos, variáveis, instáveis. Disso resultamos alegres, divertidos, raivosos, rancorosos, selvagens ou civilizados. Cada um tem seu momento de bicho e, de vez, em quando, de luz que transcende. Somos assim, as pessoas.

Claro que tenho um caminhão de perspectivas para 2009. Mas, a mais constante é passar por eventuais tempestades (das grandes ou não) sem que se percam a tripulação e passageiros. É o bastante. A carga pode até se perder. O rumo, nunca!

2 Comentários:

Anônimo disse...

Também desejo tudo de novo e de bom em 2009,assim como você. E de tanto ficar só, acredito que estou adquirindo certos hábitos e comportamentos egoísticos. Será que é genético?!
Ah! Estou escrevendo da terrinha e não de Ourinhos.
Beijos!

Redneck disse...

Denise, não somente esses hábitos e comportamentos são genéticos como o são também aqueles (maus) humores na parte da manhã, segundo os quais as conversas deveriam ser evitadas até o meio-dia. Eu perguntei de Ourinhos porque, pela primeira vez, apareceu a cidade de Ourinhos na identificação, e não "desconhecido". Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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