The book is on the table (この本は、テーブルの上にいる)
Há muito que eu não alimentava esta seção. Isso não significa que deixei de ler. Ao contrário. Li ainda mais. É que, no final do ano passado, muitas atividades se acumularam - trabalho, faculdade, compromissos - e não pude fazer muito do que gostaria.
Mas, não houve semana que deixei de passar na tríade - fnac, Cultura e Martins Fontes - e tampouco sair de uma das três sem ao menos um livro.
Foram os mais diversos, os livros. De gastronomia, mais um pouco. Recentes, lançamentos fresquinhos, com cheiro de novo e de novidade.
E, para atualizar a minha estante, vou de post temático. O título deste post em parênteses está escrito em japonês porque, de uma cartada (ou carteirada) só, comprei quatro livros japoneses, entre clássicos e contemporâneos. Gostei de todos. Cada um com um estilo. Poesias, os livros dos escritores japoneses. Atuais. Gostei de todos, mas, claro, os houve os que se destacaram.
Portanto, por ordem de preferência, listo os livros nipônicos lidos um após o outro:
- Jovens de Um Novo Tempo, Despertai! - Kenzaburo Oe - Companhia das Letras - 302 páginas: o autor foi Nobel da Literatura em 1994 e este livro é espetacular. São sete episódios - Canções da inocência, canções da experiência; Um frio menino de pé no ar em tumulto; Desce, desce, cortando a imensidão com gritos de aflição; O espectro de uma pulga; A alma desce como estrela cadente até o osso do meu calcanhar; Que a alma acorrentada se erga e olhe em volta; e Jovens de um novo tempo, despertai! -, todos baseados em poemas do poeta inglês William Blake. O personagem principal tem um filho excepcional para o qual quer deixar um livro com as definições de todas as coisas do mundo. No entanto, o pai compreende que é o filho deficiente que tem coisas para lhe ensinar. Sublime!
- Cobras e Piercings - Hitomi Kanochara - Geração Editorial/Ediouro - 124 páginas: a autora tinha apenas 19 anos quando esse livro foi lançado e recebeu o prêmio Akutagawa, o mais importante do Japão. Os três personagens principais formam um triângulo amoroso e testam todos os limites do corpo e da identidade. O destino dos três será marcado pela mudança radical ao viver dessa forma. Estranho e assustador.
- O País das Neves - Yasunari Kawabata - Estação Liberdade - 156 páginas: mais um Nobel de Literatura, de 1968. Aos 73 anos, o autor, doente e deprimido, cometeu suicídio. O livro é considerado a obra-prima do autor. O protagonista deixa para trás casa e família para tentar se reencontrar com sua juventude. O País das Neves é uma região mágica do Japão em que os embates têm contornos irreais, ocultados pela neve. O livro é tão delicado quanto podem ser as bonecas de louça japonesas.
- Há Quem Prefira Urtigas - Junchiro Tanizaki - Companhia das Letras - 191 páginas: o casal que protagoniza o livro vive na década de 20 no Japão, período em que as gerações e costumes chocam-se culturalmente. O casal move-se como no teatro de bonecos bunraku: parecem ser guiados por uma vontade alheia aos seus sentimentos. O casal quer se separar mas nem o marido e tampouco a esposa têm coragem de dar o primeiro passo. Mais uma vez, trata-se da dicotomia entre a tradição e o novo. Para mim, corresponde ao romance "Na Praia", do inglês Ian McEwan. A diferença é o estilo e a elegância japonesa, até mesmo em contar uma história de desamor.
A literatura japonesa, na minha opinião, é tão oculta e delicada quanto o são os japoneses, com suas belas residências, maneirismos e delicadeza gestual. E sempre me dá um enorme prazer descerrar as paredes de papel de arroz para ver o interior de tão diferente - e, ao mesmo tempo, semelhante - universo.
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