Rastreio de Cozinha - 130
E eu que achava que hoje era sexta! Porque ouvi, de repente, no boteco, o Pavarotti feito fênix! O cara se esgoelou e soltou a voz. Barítono básico, acompanhado do violão bossa nova de improviso. De vez em quando, há algumas surpresas até mesmo em botecos de chineses, não é não?
E teve mais para uma quinta, assim, de improviso! Uma amiga e eu tivemos de correr de um bêbado! Eu e ela que sempre quisemos que alguém corresse atrás de nós, realizamos nosso desejo. Pede que vem, dizemos um para o outro. E veio. Na forma de um louco que, transtornado, correu atrás de nós como um raio. O sujeito somente parou porque na rua havia mais botecos e a força da atração entre um pólo e outro - bêbado e bar - é mais forte do que qualquer outro desejo. Sei lá o que ele tinha em mente. Apenas berrava por R$ 0,20 que, rapidamente, baixaram para R$ 0,05. Tivemos a sensação de que seríamos seguidos pela noite adentro não fosse o mequetrefe ir como mariposa para a luz.
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(Lalaralá ... laralalá .... laralalá ...)
Eu ri bastante da cena. A amiga não achou graça nenhuma e disse que estava a ponto de galopar rumo ao metrô e que somente não o fez porque eu não mostrei sinais de que a acompanharia. Eu gargalhei, para dizer a verdade, e fiz ver a ela de que, em parte, nossos pedidos têm sido realizados: uma pessoa que corre atrás de nós, finalmente! Ela quis me esganar, mas, eu a recordei de que talvez não tenhamos especificado, no pedido, quem exatamente deveria correr atrás de ambos.
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(O viadinho)
Nós, que quisemos que as pessoas corressem, se arrastassem, rastejassem mesmo aos nossos pés, tivemos, ao contrário, que colocar sebo nas próprias canelas e arredar pés que, de repente, converteram-se em rodinhas, tal a velocidade atingida. Usualmente, qualquer esforço de velocidade demonstrado é punido automaticamente com falta de ar, pré-desmaio e cansaço excessivo. Claro que, dadas as circunstâncias, ambos não tivemos nem chance de nos comunicarmos durante o evento. O ar necessário para a fuga das galinhas foi todo empregado em pernas para que te quero.
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(A égua)
Toda essa tragi-comédia serviu, pelo menos, para amenizar o tom sombrio de que se recobriu essa semana, tomada por provas, ainda; por entregas e prazos curtos; e por dissabores outros que, de tantos, não merecem ser expostos, posto que extintos.
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Hoje, quinta-feira, fechamos as aulas com a penúltima prova da temporada: foram questões dissertativas da disciplina de Projetos II, aka TCC, que servirão de base para mostrar ao orientador em que pé está o pantagruélico projeto do ToCoCru. Não sou capaz de ser convicto para falar em pé. O TCC está sobre um tripé, na verdade: uma perna manca, a outra quebrada e a terceira amputada. É um arremedo de Frankenstein.
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(O estouro da boiada e bêbados, muiiiiiitos bêbados)
A prova foi coletiva, o que equivale a dizer que eu mesmo a fiz: ditei as respostas e um colega de grupo anotou. Tenho o projeto completo na minha cabeça. Praticamente, toda a abrangência, da definição da missão e objetivo do projeto até o tempo de retorno do investimento (pay back) está mais ou menos claro para mim.
O problema é que tudo, toda a abstração, tem que ser convertido em texto e número e, nesse quesito, o TCC está, diria, na Idade Média: obscuro, envolto em brumas e trevas. O nosso Iluminismo nos chega em pequenas réstias de luz: é apenas um 'Ah!' que se apaga ao primeiro sopro de vento. Sabe quase um asmático?
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(Duas vacas descontroladas e um louco atrás)
Tivemos também aula de marketing, agora já com a conceituação da propaganda, da publicidade e das ferramentas que compõem o vasto universo do "compre batom, compre batom!!!". Antes, porém, o professor nos avisou que houve um mal súbito que acometeu a classe e, em epidemia, fomos atacados por um vírus de 0, 1, 2, 3. Houve alguns vírus que chegaram à escala 10, mas, foram raros. A grande maioria estacionou na média - somos, em média, sempre medianos -, entre um 5 e um 6 raquíticos.
De novo, como ontem, na hora da entrega das notas de Custos, se me abateu um típico sintoma do transtorno bipolar: euforia, depressão e imediata dor-de-barriga. Essa prova, de marketing, não me canso de dizer, foi aquela a qual Pequim ficou a me dever medalha numa nova categoria: a respondi em 5 minutos. Só há duas consequências para isso: ou fui extremamente bem ou titanicamente mal. Não há meio-termo. No fim, o filme foi "Muito Barulho por Nada": as notas ainda não estão completas e, portanto, ficamos todos sem saber o que aconteceu. De novo, a idade das trevas. Amanhã, um replay para finalizar essa jocosa semana: refaremos a prova de Custos, custe o que custar.
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