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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto


Prometi a mim mesmo nunca abordar o assunto no blog. Fugi sempre desse bicho que apequena e que nivela sempre por baixo todos - o liberal, o democrata, o comunista, o ordinário e mesmo o extraordinário.

Sempre que pensei no assunto, me contive. Se dez ou cem falam, e ninguém se ouve, já há uma Babel. E essa mistura tende a ficar cada vez mais confusa, com ideais fragmentados em discursos cujos objetivos já não se percebem, tão longe estão de suas origens.

Quando imaginava isso, sentia um enorme desânimo e velhas máximas me vinham à mente, exatamente pontuadas por artífices muito mais íntimos do bicho: "tudo o que é sólido desmancha no ar" (Karl Marx), "é preciso que tudo mude para ficar como está" (Lampedusa), "para estimar a inteligência de um governante, basta olhar para os homens que têm à sua volta" (Maquiavel).

Tantos disseram tanto antes que eu poderia me calar. Mas, como não há um rei que me induza a calar-me, dado que não sou e nem pretendo ser súdito porque, antes, rei sou eu de mim mesmo, vou escrever sobre política. Vou meter minha colher de cozinheiro nesse caldeirão que fumega feito poção de bruxa má.

No último dia 5 de outubro, votei na Marta Suplicy (PT) para prefeita e no Léo Áquila (PR) para vereador. Marta está no segundo turno e o desempenho de Léo foi sofrível - apenas 6.515 votos, insuficientes para levá-lo à Câmara Municipal de São Paulo. O meu voto para ambos é coerente com os meus próprios princípios e com as idéias dos candidatos.


(Léo Áquila)

Não sou petista nem nunca fui. Tampouco fui, em algum momento, filiado a qualquer partido. A velocidade com que se recriam ideologias me assusta e me faz acreditar cada vez mais que fidelidade - partidária e demais - não existe. É uma utopia.

A mim não me agrada particularmente a candidata Marta Suplicy. Eu a acho arrogante e sempre disposta a refutar, rudemente, qualquer proposta ou argumento que vá contra suas opiniões. Pode-se chamar a isso de uma atitude de uma mulher forte e determinada. Para mim, são bravatas. Um ser político e democrático ouve e contra-argumenta. Não atira e nem coloca o dedo em riste. Eu a vejo sempre na defensiva. Ainda assim, é a candidata com a qual mais me identifico. Pelo passado histórico, pelas posições políticas e pela imagem que tenho de Marta.

Mas, esses últimos dias, Marta refutou sua própria escalada na vida política para usar uma arma a qual sempre combateu: a dos ataques pessoais ao opositor, Gilberto Kassab.


(Marta Suplicy)

Kassab surpreendeu no primeiro turno e ganhou com 17 pontos de vantagem em relação a Marta. A partir daí, o PT que, historicamente, sempre enfrentou os ataques pessoais com galhardia, passou a usar a mesma munição com a qual foi vezes sem conta atingido.

Não me surpreendi, exatamente. Mas, me repugnou a atitude de Marta e do PT. Kassab tem sido atacado tanto no vídeo - veja aqui a propaganda do PT - quanto no discurso de Marta. São acusações veladas sobre a homossexualidade do prefeito.

Marta nega esse tipo de orientação, mas, ao mesmo tempo, afirma que quem faz a campanha não é ela, Marta, e sim o marqueteiro. Bem, a candidata deve imaginar que lida com um público sem cérebro.

O prefeito Kassab tem sido fustigado da mesma forma que a própria Marta já o foi, por candidatos da direita no passado. Mas, nunca imaginei que presenciaria esse tipo de estratégia no partido. E, principalmente, vindo de Marta.

Para mim, está claro que Kassab vencerá esta eleição. Não tenho dúvidas. Ainda votarei na Marta porque Kassab está associado ao DEM, ao Serra, Quércia e a mais um punhado de siglas e nomes que, dentro do meu espectro político, não se coadunam com a minha própria ideologia.


(Gilberto Kassab)

Mas, Marta, em cujo site oficial lê-se que "a esperança vai vencer de novo", mostraria-se política com P maiúsculo se deixasse aos pequenos as intrigas. A assessoria da candidata prontamente divulgou nota sobre "as insinuações". 

Mas, Marta, você, que por vezes sem conta se uniu aos gays na Parada da Paulista, justamente você, atacar o prefeito pela suposta homossexualidade? Você, que é amiga pessoal do prefeito gay de Paris! Você, que quebrou barreiras preconceituosas com suas aparições pioneiras no "TV Mulher"! Você, filha da classe A, que ousou terminar um casamento e assumir um novo relacionamento! Você não pode! Nunca! Você se apequenou! Está reduzida, minúscula.

3 Comentários:

Anônimo disse...

também estará aqui, como afirmou em tempos, ("sempre") a falar de comida?!...

Redneck disse...

Oi Anônimo, estou, de certa forma, ainda a falar de comida: é da antropofagia moral que se comete em nome da sede pelo poder. Logo, comida e bebida. Abraço!

Anônimo disse...

muito interessante esse conceito de antropofagia moral... afinal, sendo animais políticos, todos somos seres morais, não é? querer negá-lo é pura demagogia... abraço.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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