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sábado, 8 de novembro de 2008

The book is on the table


Falta-me tempo para atualizar esta seção. Mas, isso não significa que deixei de ler. Ao contrário. Tenho lido cada vez mais com selvageria, como se fosse possível extrair dos livros respostas que não estão em lugar nenhum.

Nessa prospecção de pré-sais literários, que me enriqueçam no estoque de dúvidas me deparei com, pelo menos, uma pequena obra-prima, com uma história de desolação e redenção, com um looser (perdedor) do governo Tatcher e com um erudito autor que está mais perdido do que cego em tiroteio. Também adicionei à estante gastronômica dois livros temáticos porque a fome de absorver é semelhante à fome de comer. Compartilho com você esses títulos maravilhosos. Claro que não encontrei resposta alguma e, pior, acrescentei outras interrogações às existentes. Isso não reduz em nada, porém, o prazer que encontro nas páginas sem fim.

Como esses volumes todos já se transformaram em registros na minha memória, a tendência é que eu revisite as livrarias ainda hoje, na busca incessante de autores. Sou um leitor em busca de um autor, sempre. Talvez em algum momento eu revide e crie no leitor semelhante expectativa. Um dia ...


"Uma Vida Menos Ordinária" (Baby Halder, Arquipélago Editorial, 219 páginas) me atraiu pelo título, é óbvio. Se o Por uma Second Life menos ordinária rastreia o fundamento do que é infundado e me faz escrever, escrever e escrever, o que será que deu o impulso a uma autora indiana para fazer o mesmo? Baby Halder foi abandonada pela mãe aos quatro anos e se casou aos 12 com um marido violento e ignorante, do qual nunca houve nada, a não ser despropósitos.

A história é real e retrata a vida da mulher na Índia contemporânea: o livro foi publicado pela primeira vez em 2004. Ao fugir de casa, com dois filhos - e deixar para trás um terceiro - Baby consegue reconquistar o controle de sua vida. Empregada doméstica de um professor universitário, a autora é motivada pelo patrão a começar a escrever sua história como forma de promover a catarse de sua vida. E, aos poucos, o diário se transforma no livro "Uma Vida Menos Ordinária". Para ler e horrorizar-se com o sistema patriarcal indiano que enxerga a mulher como uma extensão dos objetos da casa e como posse do marido. Cotação: médio, apenas como referência da mulher na Índia.


"Garota Encontra Garoto" (Ali Smith, Companhia das Letras, 130 páginas) é, na minha opinião, uma pequena obra-prima que brinca com o mito de Tirésias - único ser que teve a experiência de ser, sucessivamente, homem e mulher. Mas, a autora, Ali Smith, não faz essa relação com Tirésias, que é uma injunção minha mesmo. Para mim, o livro é mais sobre esse mito do que sobre o mito de Ifis, de Ovídio, ao qual a história é referenciada. Ou, ainda, o mito do andrógino, que pode ser outra leitura.

Em "Garota Encontra Garoto", Ifis é criada como menino pela mãe na ilha de Creta e, um dia, descobre ser mulher. Ifis se casará com Iante, uma outra mulher a quem ama desesperadamente e teme não satisfazer a esposa na noite de núpcias. Esse é o mito que serve como base para o livro. As personagens do livro são duas irmãs - Anthea e Imogem - que vivem em Inverness atual (Escócia). A obra é uma poesia, uma flor em meio a pedras. Cotação: ótimo.


"Menino de Lugar Nenhum" (David Mitchell, Companhia das Letras, 464 páginas) é uma obra universal sobre garotos adolescentes. "Garotos que são azucrinados agem como se fossem invisíveis para reduzir as probabilidades de serem notados e azucrinados", descreve a editora na contracapa do livro. O cenário é a Inglaterra de 1982 - Margareth Thatcher, Guerra das Malvinas, recessão britânica e o casamento de Lady Di. O menino - Jason Taylor - é sensível, gago e escreve poemas e descobrirá o mundo em meio à crise do casamento dos pais em alternância com momentos de leveza, crueldade, lirismo e humor. Me identifiquei completamente com esse menino de lugar nenhum que, afinal, está em todos os lugares, no coração de cada menino que se sentiu sozinho na pré-adolescência. Cotação: ótimo.


"Um Romance Russo" (Emmanuel Carrère, Alfaguara, 247 páginas) foi sucesso de público e de crítica no ano passado na França. São três histórias paralelas - um caso de amor doentio, uma viagem ao mais recôndito interior da Rússia e uma pequisa sobre o avô, colaboracionista dos alemães na Segunda Guerra Mundial. O autor é escritor, roteirista e diretor de cinema e domina uma linguagem permeada de erudição. Se eu escrever um livro algum dia, quero ser tão erudito como Carrère. "Um Romance Russo" é uma narrativa autobiográfica que revela ao leitor tudo: os enganos, as crises de ciúmes e os fantasmas familiares do autor, sem cortes ou censura. Cotação: bom, muito bom.


Para finalizar, dois novos volumes fazem parte da seção de gastronomia da minha estante: "O Livro Essencial da Cozinha Asiática" (Paisagem Distribuidora de Livros, 304 páginas), que traz fotos, receitas, ervas, especiarias e verduras asiáticas e abrange o universo gastronômico de 16 países da Ásia: China, Indonésia, Singapura, Malásia, Filipinas, Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã, Coréia, Japão, Índia, Paquistão, Birmânia e Sri Lanka. Para apreciadores, amadores, profissionais ou qualquer pessoa que gosta de comida: em resumo, todos. Cotação: bom.


O outro livro temático é "O Mundo da Culinária - Cozinha Espanhola" (Lisma, 127 páginas). São receitas e dicas de todas as regiões da Espanha: Andaluzia, Estremadura, Castela Nova, La Mancha, Castela Velha, Galiza, Astúrias, Cantábria, País Basco, Navarra, Aragão, Catalunha, Levante e Ilhas Baleares. Para ler e praticas. Para iniciados. Cotação: médio.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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