Meu rugido dominical
Perdi meu celular, como disse em post anterior. Daí que a maratona apenas começa. Sou assinante da Claro, que é da América Móvil, que é do homem mais rico do mundo, Carlos Slim, segundo a Forbes. Será que apenas seis pessoas me separam de Slim? Vamos à investigação. Tudo começa com o registro na central de atendimento. Falo, de um telefone fixo, com o atendente, por uns 10 minutos. Sou passado para outro atendente, aparentemente mais graduado. A primeira coisa que digo é que perdi o celular e sei exatamente a hora e o lugar. Vem a pergunta: "O sr. já registrou o roubo?". Não é roubo, é perda, respondo. Vem mais uma série de perguntas e sou devidamente protocolado. Esse protocolo será minha senha para eu comprar um novo chip e entrar de novo no claro mundo de Slim. Conte uma pessoa. No dia seguinte, é feriado. Não posso fazer nada porque as lojas próprias da Claro somente atenderão no sábado. Sábado de manhã. Vou à clarificada loja da operadora. Há quatro ou cinco atendentes e uns três clientes. Um dos atendentes me chama, anota meu nome e me entrega uma senha. A despeito de não ter filas, ninguém me atende. Os claros e corretos atendentes somem em portas não tão claras a toda hora. Depois de uma espera aflitiva de 20 minutos na loja, meu número é chamado. Só podia ser eu. Os outros já haviam sido chamados. Mesmo assim, cria-se uma expectativa nos demais atendentes e todos me olham acusadoramente. Até o segurança e a faxineira. O atendente começa a digitar dados na base do sistema. Dá a impressão que não é nada demais, mas tudo é feito com fervor. Já foram, até aqui, seis pessoas entre Slim e eu: os atendentes do call center, a faxineira que abriu a porta quando cheguei à loja, o segurança que me orientou sobre a senha, o atendente que me deu a senha e, finalmente, o atendente que registra o meu novo chip. Tudo pronto, é só pagar. Sou usuário pós-pago e, portanto, faço parte de uma minoria na base de assinantes móveis no Brasil: somos apenas entre 18% e 20% do total de 108 milhões de assinantes. Isso não quer dizer nada na hora de ser atendido pela operadora. Estou lá na loja porque sou incompetente. Finalmente, me dirijo ao caixa: é a 7a. pessoa que me atenderá. Nem sinal do Slim. Me informam que meu novo chip será ativado em, no máximo, 24 horas. Já fiz isso antes e fico tranquilo: das outras vezes, não passou de 2 horas. Hoje, domingo, 12:48 horas, passadas mais de 25 horas, nada aconteceu. Entro em contato com a clareza de atendimento: o sistema de ativação de novos chips está com problemas desde a sexta-feira, ou seja, todos que compraram chips a partir daquela data estão sem telefone. Claro que fiquei irritado. É claro que é rock. Pauleira! Aí, a conta está na oitava pessoa. A atendente me disse que o sistema está previsto para voltar às 16 horas de hoje. Se não voltar, falarei com a 9a. pessoa, provavelmente. Já ultrapassei a marca de número 6, que me separa de Slim. E não, o homem que gosta de charutos Havana não falou comigo, não me ligou, não me procurou. Eu, que penso nele todos os dias, clarificado de idéias, recebo apenas o silêncio como resposta. Nem um ringtone, nada. Claro que viver sem fronteiras é impossível. Mas, estou vivo e, como assinante, quero ouvir apenas um oi da minha operadora, um sinal de reconhecimento. Slim, quantas pessoas mais se colocarão entre nós? Claro, como imaginei ...
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