Blog Widget by LinkWithin
Connect with Facebook

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Isto não é para você - IX

(previously, leia "Isto não é para você VIII" - repare que vem do Mimeógrafo Digital, terceiro blog a entrar na estória)

Não esperou mais. Helena estava com ressaca de tanto esperar. Ligou imediatamente para o Brasil. O telefone tocou até a ligação cair. Não havia mensagem. Tateou o teclado do celular, acessou a agenda e ligou para o celular da irmã. Ouviu a mensagem padrão e desligou. Não ia deixar um recado no aparelho. Ligaria depois, pela manhã, conforme tinha decidido antes. Um dia em Liverpool e já estava assim. Sim, parece que tudo era vigilância desde aquele longínquo dia em que Olívia tinha reduzido os dois a pó. Maldita Olívia! O que ela queria, afinal? Era uma perdida. Sem rumo. Não decidia. Marcelo era um espantalho em suas mãos. "Será que meu amor por ele é piedade?", sobressaltou-se. Não. Tinha certeza que não. Ódio de Olívia? Por quê? Não havia motivo. O que sempre sentira é que a irmã (ou meia-irmã, mas isso não tinha importância) a olhara obliquamente. Sempre na tentativa de colocá-la na última fileira. Sim, a relação das duas flutuava conforme as lembranças refluiam. Era um fluxo eterno, um eterno retorno. As duas, sempre as duas. Mesmo quando se odiavam, era recíproco. Era um sentimento ambivalente. Ou ririam juntas às lágrimas ou queimariam as faces de indignação diante uma da outra. Tinha vontade de trapacear. Dizer que roubara Marcelo. Oh! Pobre Marcelo! Sempre fôra um fio suspenso entre as duas. Retesado quando elas falavam. Relaxado quando Olívia partia. Hipócrita, pensou sobre o marido. Às vezes, acreditava mesmo que ele era hipócrita. E o odiava nesse momento. Olhou para o celular e quis tentar. Hesitou. "Espera", murmurou. Olívia não ia morrer amanhã. Aquela lá daria um jeito de enviar convite para o próprio funeral. Riu do pensamento. Estava sendo cruel. Mas, Olívia bem que merecia aquelas considerações soturnas. Afinal, onde estava ela? Helena sabia que Olívia mal parava em casa. E depois, por que ela iria atendê-la? Já fazia alguns anos, não? Sentiu uma vertigem. Estava cansada. Trabalhara o dia todo e o dia seguinte também seria longo. "Estranho", pensou. "Marcelo não me deixou recado. Não me enviou mensagem." Conferiu o celular. Nada. Os dois tinham um código entre eles: a cada vez que o outro estivesse longe, não se falariam. Apenas enviariam mensagens, como pequenos sinais de fumaça para confirmar que "sim, está tudo bem no front". Como se divertiam quando tudo começou. Mas, Marcelo era distraído. Nem sempre fazia o estabelecido, mesmo que fôsse por brincadeira. Patife!, riu.

(post script, leia "Isto não é para você - X" em O Quem).

Seja o primeiro a comentar

Autor e redes sociais | About author & social media

Autor | Author

Minha foto
Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

De onde você vem? | From where are you?

Aniversário do blog | Blogoversary

Get your own free Blogoversary button!

Faça do ócio um ofício | Leisure craft

Está no seu momento de descanso né? Entao clique aqui!

NetworkedBlogs | NetworkedBlogs

Siga-me no Twitter | Twitter me

Quem passou hoje? | Who visited today?

O mundo não é o bastante | World is not enough

Chegadas e partidas | Arrivals and departures

Por uma Second Life menos ordinária © 2008 Template by Dicas Blogger Supplied by Best Blogger Templates

TOPO