Nude do dia
Com religião e símbolos religiosos, sejam católicos, muçulmanos ou judaicos, não se mexe. A edição deste mês da revista Playboy de Portugal resolveu fazer uma brincadeira e colocou a figura de Jesus Cristo na capa e em ensaio interno com mulheres nuas.
A intenção - e de boas e más dizem que o inferno está cheio - era fazer um ensaio-homenagem a José Saramago, morto no mês passado. O escritor, notadamente ateu, escreveu "O Evangelho Segundo Jesus Cristo".
A Playboy é de origem norte-americana, país cujas religiões são tantas que se mesclam umas às outras sem que seja possível afirmar que os EUA são evangélicos, católicos ou ateus. Mas uma coisa é certa: os EUA são profundamente conservadores, por mais que se proclamem o contrário.
E a reação foi fulminante: a Playboy Enterprises, que controla os direitos da marca no mundo todo, anunciou que a filial portuguesa perderá sua licença e terá que fechar as portas. Leia o comunicado da Playboy: "Nós não vimos ou aprovamos a capa e o ensaio da edição de julho da Playboy Portugal. É uma quebra chocante de nossos padrões e nós não teríamos permitido isso se tivéssemos visto antes. Como resultado disso e de outros problemas com a editora portuguesa, estamos iniciando o processo de romper o nosso contrato." Abaixo, as fotos que culminaram com o fim da Playboy portuguesa e a prevalência do falso moralismo cristão dos EUA:
6 Comentários:
Red,
Não me surpreende. Em boa verdade, esta revista nunca chegou a criar raízes em Portugal e as tiragens têm vindo a baixar de mês para mês. Esta capa deve ter batido forte na cabeça dos americanos da Playboy Enterprises, que devem ter entrado em parafuso...
:)
Belo post.
Abraço
Já sabia disto, mas ainda não tinha visto as fotos (aliás muito pouco atractivas), pois como deves supor nunca fui grande apreciador de tal tipo de revistas.
Aliás, parece que desde o início a Playboy portuguesa foi mal concebida e teve inúmeros problemas...
Agora a questão religiosa, que é o essencial da tua postagem é que a resolução da Playboy (casa mãe) é perfeitamente concordante com a "moralidade" e o conservadorismo americanos.
António, é exatamente o que li a respeito. Talvez essas fotos foram apenas um artifício para que a Playboy Enterprise tirasse a edição portuguesa de circulação. Claro está para mim que tudo sempre é mais financeiro do que religioso. Abraço!
João, pois é. Assim como eu escrevi ao António, o caso é que a empresa norte-americana aproveita a polêmica para tirar a edição deficitária de circulação. O que me enoja nos norte-americanos é tão moralidade, tão franca quanto se trata de assuntos religiosos e tão laica quanto se trata de matar pretensos inimigos (inclusive civis) nas guerras em que se metem ao redor do mundo. Mas isso é moral, não? Beijo!
O problema não é o falso moralismo cristão americano e sim o tradicional catolicismo enraizado de Portugal.
Foi uma palhaçada chocar e ir contra a fé cristã lusitana, ainda mais zombando da figura de Jesus, e essa editora pagou um preço muito alto por uma brincadeira dispensável.
Existem outros meios de se mostrar criativos.
Anônimo, falo sobre o falso moralismo cristão americano porque é sempre isso que prevalece nos EUA. Basta recordar-se da retomada de cruzadas tradicionalmente obtusas, ainda no governo Bush: a defesa da virgindade, a preservação de valores cristãos acima de tudo e, do outro lado, o próprio governo Bush, embasado pelos ataques de 11 de Setembro, foi o que mais regrediu na questão do direito de ir e vir das pessoas, com uma série de controles e vigilância que ainda vigem. A Playboy, de qualquer forma, é de uma empresa americana que, de uma forma ou de outra, se dobrou e cedeu ao catolicismo de Portugal. Aqui no Brasil creio que atitude semelhante poderia ter sido adotada, porque temos o mesmíssimo catolicismo enraizado. Quanto a zombar de figuras religiosas, isso acontece desde sempre e basta não levar a sério.
Postar um comentário