Blog Widget by LinkWithin
Connect with Facebook

sábado, 6 de dezembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 160


Para escapar à bancarrota, é preciso treino, dedicação e vontade. A sorte é para principiantes. Qualquer atividade que se queira séria tem que abstrair do fator sorte. Nem mesmo a loteria é sorte. É matemática, probabilidade.


Ontem, sexta-feira, 5, nos apresentamos à banca. Depois de quase dois anos de elaboração, o Trabalho de Conclusão de Curso - TCC foi entregue no dia 24 de novembro e apresentado para uma banca composta de uma coordenadora (ou mediadora) e mais três professores.

Desde segunda-feira, 1º., a ansiedade mostrou suas garras. Em crescente angústia, meu grupo de TCC - cinco pessoas, incluso eu mesmo - assumiu a bipolaridade típica que acomete as pessoas em ocasiões de extrema pressão: alternou-se entre a euforia e a imediata depressão, sem transição.

Na segunda, dia 1º., ninguém se apresentou. As bancas começaram na terça-feira, dia 2. Eram 36 grupos, de todos os cursos, e nós figurávamos no final, na 33ª. posição. Realmente, não sei se prefiro estar entre os primeiros e me ver livre da ansiedade ou então ficar para o final e acumular informações sobre as experiências alheias.

Ao que me consta, a cada grupo que se apresentava, as informações eram tão desencontradas que, ao invés de amenizar a situação, somente afligia ainda mais os que esperavam. A partir de quarta-feira, estabelecemos, o grupo, períodos de ensaio.

Com os slides - limitados a dez páginas - prontos, começamos a nos ensaiar. E foi bom. No primeiro dia, entre nós mesmos, vimos o quanto estávamos nervosos e despreparados. Ao final do primeiro dia de ensaio, fizemos ajustes e acertamos o que cada um iria falar e por quanto tempo. Isso foi fundamental para dar coesão a todos.


No segundo dia, mais preparados, fomos bem nos ensaios. A ponto de reduzirmos o tempo de apresentação de 16:50 minutos para apenas 13:50 minutos. Oficialmente, temos 20 minutos para nos apresentarmos diante da banca. Ao final desse segundo dia de ensaio, sentimo-nos mais confiantes.

Ontem, paramentados com o traje oficial e social para a apresentação formal, fizemos, novamente, mais ensaios. Com guias - fichas padronizados com o conteúdo de cada um -, nos postamos como se estivéssemos diante da banca e treinamos. Por fim, a hora passou rapidamente e às 20:40 horas estávamos na sala de apresentações.

A sala estava praticamente vazia. Os espectadores não chegavam a dez pessoas. A banca, composta por pessoas conhecidas, e, talvez, por isso, temidas, estava lá, à nossa espera. Conectei o pen drive ao computador e comecei. Me apresentei e ao grupo e introduzi o projeto: um restaurante gastronômico contemporâneo cujo maior objetivo é fazer face ao D.O.M., de Alex Atala. Pretensiosos? Sim, pode ser. Mas, valeu a ousadia, conforme contarei abaixo.

Minha primeira participação ultrapassa um pouco mais de dois minutos, quando eu daria a palavra ao próximo componente. Antes, porém, quando eu ainda estava no corredor, à espera do grupo precedente, eu estava, como todos, absolutamente nervoso. Tendo a acalmar as pessoas nessas horas e evitar passar qualquer sinal do meu próprio nervosismo. Na maior parte das vezes, isso funciona.


Pois, nesse exato momento, algo se operou dentro de mim de forma quase física: senti um tsunami me atravessar dos pés à cabeça e entrei numa espécie de transe. Me senti calmo, extremamente calmo. O zumbido ao meu redor tornou-se apenas murmúrio. Meu coração desacelerou e me senti pronto.

Quando, já no início da apresentação, comecei a expor a apresentar os componentes - e creio que ninguém o fez - e a mim mesmo, não titubeei. Não hesitei e tampouco gaguejei. As palavras fluíram. Me esquecei completamente da guia que tinha nas mãos. Me recordo de ter olhado para a banca e para a platéia e inclusive ter movimentado os braços em direção ao telão - eu mesmo, simultaneamente, operei o PowerPoint.

Em seguida, o outro componente entrou para apresentar uma nova parte e .... suspense! O PowerPoint não funcionou! Tentei de algumas formas e ... nada! Um componente da banca me disse alguma coisa e, finalmente, consegui operar o software. Mais um susto! Fiz a apresentação no meu próprio PowerPoint, em versão mais recente, e salvei o arquivo para ser lido pela versão 97-2003. No entanto, os computadores da faculdade são traiçoeiros: as últimas linhas de dois ou três slides simplesmente desapareceram. Não cabiam no telão!

De qualquer forma, improvisei o avanço dos slides da melhor forma que eu pude e não tivemos mais problemas quanto à evolução das telas. O segundo componente terminou a exposição e se sucederam a terceira, a quarta e a quinta componentes, todas colegas mulheres.


Devo dizer que o colega que me sucedeu se saiu muito bem, numa fala superior a três minutos, e sequer precisou consultar a guia ou a tela. A terceira colega, com pouco mais de dois minutos de fala, estava visivelmente nervosa e fez uma exposição "mecanizada", segundo um dos professores. A quarta colega a se apresentar também dispensou o uso da guia e foi bem, em pouco mais de dois minutos. Por fim, a quinta e última colega, com o menor tempo de apresentação - não chegava a 1:30 minuto - foi a única, entre nós, que precisou ler a guia. E foi criticada pela banca por isso.

Depois dessa colega, voltei a falar. Falei mais uns três minutos - sobre os números, os quais eu gravei na cabeça, a conclusão e o encerramento. E essa minha segunda intervenção foi ainda melhor que a primeira. OK! Posso exagerar, mas, que diabos! Eu fui bem, cara!

E não vou deixar por menos: fui, dos cinco componentes, o mais elogiado pela banca. Por todos os componentes da banca. Oras, eu fiz por merecer! Não vou assumir uma falsa modéstia. Ao contrário, quero dizer que foi uma das minhas melhores apresentações, nesta faculdade ou em qualquer outra ocasião.

Esse projeto começou com uma idéia minha, lá, no ano passado, e convenci o grupo: éramos apenas três pessoas, na ocasião. Ao final do ano passado, éramos seis pessoas e, no início deste ano, depois de duas tentativas de abandono do grupo, da minha parte, nos consolidamos em cinco componentes. Creio que somos um dos poucos grupos que sobreviveu com a formação original do princípio ao fim.

Então, eu conheço o projeto com a palma da minha mão. Inteiro. Não há um único parágrafo que eu desconheça. Revisei o TCC algumas vezes, e não apenas uma. A minha apresentação, portanto, era com conhecimento de causa. Isso, somado ao treinamento exaustivo, me deu subsídio suficiente para uma exposição que considero excelente.

Desculpe, mas tenho que dizer: ouvi a palavra "parabéns" no mínimo umas sete vezes. Ouvi que o projeto é, entre todos os 36 TCCs, o mais ousado. Li nas anotações que a "logomarca é primorosa", que o "fluxograma está correto" e que o "trabalho está muito bem feito em termos metodológicos e de conteúdo". Fomos "os mais bem apresentados (trajados)". Ouvi que eu próprio estava muito elegante e que fui muito bem. Ouvi isso novamente quando agradeci a banca ao final da apresentação - e fui o único do meu grupo a fazê-lo, a despeito de ter instruído os colegas a agradecerem pessoalmente cada componente da banca.


Como eu disse no post de ontem, não sabemos a nota final do projeto. Teremos duas notas sobre o TCC: uma, do projeto escrito; outra, da apresentação individual.

Sim, o projeto tem algumas falhas, apontadas pela banca. Não é perfeito. Em nossa defesa, quero dizer que não houve nenhum grupo, entre os conhecidos por nós (de, pelo menos, três classes, que perfazem 22 grupos), que atravessou a banca sem altercações e, inclusive, confronto direto com os componentes da banca.

Como se sabe, ao apresentador de projetos não cabe contra-argumentar com a banca. Apenas, e se instado, deve responder a possíveis dúvidas. Quanto aos comentários externados pela banca, devem ser ouvidos somente e assimilados.

Quero dizer que estou muito, mas muito feliz mesmo com o meu próprio desempenho e com o desempenho geral do grupo. Eu insisti muito no traje e, assim como ocorreu com o evento 50 Anos de Bossa Nova, isso foi mais do que acertado. A minha insistência em ensaiar também nos deu, a todos, uma postura de profissionais. Encerro, com isso, o TCC. Para mim, a reação elogiosa e simpática da banca - em contraste com o mau-humor e intolerância com outros grupos - é o melhor sinal de que fizemos o melhor. Estou feliz.

4 Comentários:

Anônimo disse...

Querido Redneck:

Sabia que ias sair-te bem! Ainda bem que o meu timing foi perfeito, não gostaria de ter falhado o desejo da customeira "sorte", mesmo que de sorte não se tratasse. Com este teu post viu-se precisamente isso. A chave do sucesso é o trabalho, logo estás de Parabéns!

Um beijinho grande deste lado do oceano!

Ana

Anônimo disse...

Finalmente!!! Ai Jesuis, mas devo confessar que já tava me sentindo uma topeira! Mesmo depois de ler seu email demorei 10 minutos pra conseguir achar onde botar o post! Eu tava procurando um X gigante pra clicar! Realmente sou analógica! Mas to melhorando. Tô até com vontade de tb criar um blog. Mais por constatar que é um jeito gostoso e mais fácil de estar em contato com os amigos distantes.
Enfim, ao TCC: aqui vai mais um:
PARABÉNS!!!
O relato do processo do seu grupo que levou ao sucesso me lembra um livro que acabei de ouvir (é um audiobook). The Last Lecture, escrito por Randy Pausch. Ele ficou famosíssimo no youtube, por sua "'ultima palestra" na Universidade Carnegie Mellon, como professor de Ciência da Computação. Da palestra, surgiu o livro. Mas de várias lições passadas por ele, que morreu de câncer no pâncreas julho passado, uma me marcou: quando quiser ser bem sucedido nma coisa, prepare-se. Antes de se encontrar com o responsável pela área de criação da Disney, para concretizar um sonho de criança de trabalhar naquela empresa, ele estudou o assunto por "80 horas". Quando se encontrou com o cara, ele se impressionou com o preparo dele e o contratou como consultor.
Enfim Sérgio, parabéns. Tenho certeza de que com o mesmo afinco e dedicação que você demonstrou, seu sonho vai se concretizar.
Beijos,
Ale

Redneck disse...

Ana, pois saiba que senti o bafejar da 'sorte do outro lado do Atlântico. Bons ventos trouxeram seus votos até mim e o resultado foi o que se viu. Obrigado. Beijo pós-ressaca do oceano.

Redneck disse...

Ale, pela primeira vez, você consegue transpor o mar de links e emaranhados do blog e chegar aqui, à página de comentários. Muito obrigado pelos seus parabéns. Você sabe a sua própria importância em vários contextos da minha vida e a distância não nos tolheu isso. Ao contrário, creio que a redução do contato valoriza ainda mais a nossa proximidade. Claro que, no dia-a-dia, te xingo e maldigo o teu caminho que te levou para tão longe. Mas, e você sabe, isso faz parte do meu caráter egoísta. A história que você me conta somente reafirma aquilo que escrevi. Nada, e você tem experiência própria para afirmar isso, nada vem do acaso. Para tudo o que se quer, se há que trabalhar. Sonhos se constróem, sim. Obrigado pelo carinho e espero te rever em breve. Sem falar do fato de que eu estou com urticárias de inveja pelo fato da La Voyageuse se juntar a você aí. Um dia ... um dia ... Beijo!

Autor e redes sociais | About author & social media

Autor | Author

Minha foto
Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

De onde você vem? | From where are you?

Aniversário do blog | Blogoversary

Get your own free Blogoversary button!

Faça do ócio um ofício | Leisure craft

Está no seu momento de descanso né? Entao clique aqui!

NetworkedBlogs | NetworkedBlogs

Siga-me no Twitter | Twitter me

Quem passou hoje? | Who visited today?

O mundo não é o bastante | World is not enough

Chegadas e partidas | Arrivals and departures

Por uma Second Life menos ordinária © 2008 Template by Dicas Blogger Supplied by Best Blogger Templates

TOPO