Luz na minha vida
Exatamente às 14:32 deste sábado, dia 20 de março, começou no Brasil e no Hemisfério Sul o período que, na minha opinião, é o mais bonito do ano: a estação do outono. Não, não tem nada a ver com as folhas douradas (veja foto abaixo) que pontuam o outono do Hemisfério Norte. E sim com a luminosidade.
Por princípio, quer dizer, acho que mais por natureza mesmo, sou totalmente afeito à luz: à luz do sol, à luz da lua, à luz natural ou artificial. Se não a houvesse, a luz artificial, seria eu o primeiro a dizer: "fiat lux" (faça-se a luz, em latim).
Adoro, sobretudo, a luz do sol e a maneira como os raios refletem na própria tez, nos cabelos, na pele. Amo, ainda mais, a intensa luz outonal. Os dias ficam mais cálidos e até mesmo os pássaros serenam. Agora, do alto da minha sacada (sim, eu a tenho, com vista para a minha rua, finalmente), também tenho por companhia a copa frondosa de uma árvore que chega a beirar o sexto andar (quase 18 metros) e, a adensar ainda mais a árvore, uma infinidade de pássaros.
Os mais assíduos são as pombas-rola (não sei qual é a espécie mas é muito semelhante à da foto abaixo). Vi periquitos verdinhos e um outro pequeno pássaro que não sei dizer a espécie. Mas me é familiar. O único inconveniente é que a imensa janela que faz as vezes de parede frontal da minha sala tem que ficar quase que totalmente fechada ou terei, ao final do dia, penas o suficiente para confeccionar um travesseiro de plumas.
Com a luminosidade outonal, a passarada se recolhe mais cedo, percebo. E também nós, os humanos, tenho a ligeira impressão, nos recolhemos, ficamos mais melancólicos. A iluminação do outono é propícia para finais de tarde, com cândidos raios que não incomodam. Apenas uma luz quase que difusa mas ainda com uma certa intensidade. Uma vela que não bruxuleia. Assim vejo a luz do outono.
Para celebrar a data, e, ao contrário do que possa parecer ao primeiro olhar, não, não se trata mais da primavera, estampo na foto anterior (feita por mim, diretamente da minha sala) uma orquídea. Presente de uma amiga que, olha só, chama-se Luz, e não ao acaso. Essa flor é mais permanente do que uma, duas ou três estações: indiferente às estações, essa qualidade de orquídea fica florida o ano todo. Bem-vindo, outono! Que é uma luz na minha vida, assim como a outra Luz, a que me presentou tão simbólica planta.
Se celta fosse eu, estaria agora a entoar louvores a Hécate (foto acima), ou Titanide, grande deusa da magia e dos encantamentos, rainha dos espectros. Pois que essa é, conforme a mitologia grega, a deusa do outono. Que a luz do outono caia sobre mim, se derrame sobre mim. Adoro.
2 Comentários:
A diferença de hemisférios faz com que aqui se oiça Stravinsky na sua "Sagração da Primavera", a estação da renovação.
Gosto tanto da Primavera como do Outono, estações de transição, e se prefiro a Primavera é porque gosto do aproximar dos dias mais longos e luminosos, ao invés do outono que nos indica a duração contrária dos dias.
No entanto as cores outonais são as mais belas de todo o ano e considero uma experiência única passear no Outono na Toscânia (Itália).
João, também gosto da primavera e do prenúncio do que ela significa. Adoro o verão, ainda que exacerbado pelo calor e pelas chuvas. Mas o outono é uma estação romântica que me pega pela'lma e me provoca com a luz sobre a qual falei. Me é difícil não me deixar contagiar por essa magia que, me parece, transpira junto com o outono. Quanto à Toscana, bem posso imaginar a experiência de que você fala. Quero um dia viver essa experência. De preferência, claro, já que sou romântico, muito bem acompanhado. Beijo!
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