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sábado, 12 de dezembro de 2009

The book is on the table

Triste como a vida. Assim avalio este maravilhoso livro. "A Solidão dos Números Primos" - Paolo Giordano - editora Rocco - 284 páginas. Li em dois dias. E é a segunda vez que me surpreendo com um escritor italiano da nova geração. A primeira foi com "Caos Calmo", de Sandro Veronesi.





Mattia, um dos protagonistas, é um gênio da matemática. É irmão gêmeo de Michela que, na mesma proporção do irmão, é opostamente deficiente mental. A outra protagonista é Alice, cujo pai quer torná-la campeã de esqui. Ao sofrer um acidente, Alice fica impossibilitada de realizar o sonho do pai.


Mattia e Alice se encontrarão. Um, o primeiro, desenvolve um estranho andar para se fazer notar cada vez menos pelas outras pessoas: caminha com as laterais dos pés e evita todo e qualquer ruído que o seu caminhar possa causar. A outra, vitimada pelo acidente, tem uma perna mais curta e, por isso, caminha de forma manca. Um e outro se completarão em ambos os andares de forma simétrica. Um e outro ocupam o espaço reservado que fica vago a cada passo de ambos.


"Mattia tinha estudado que entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de primos gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente. números como o 11 e o 13, como o 17 e 19, o 41 e o 43. Com paciência para continuar contando, descobre-se que esses casais logo rareiam. Encontram-se números primos cada vez mais isolados, perdidos naquele espaço silencioso e cadenciado, feito apenas de cifras, e se tem o pressentimento angustiante de que os casais encontrados até ali sejam um fato acidental, que o verdadeiro destino seja mesmo permanecer sozinhos. Então, justamente quando se está prestes a desistir, quando já não se tem vontade de contar, eis que se esbarra em outros gêmeos, agarrados um ao outro. É convicção comum entre os matemáticos que, até onde se possa avançar, sempre haverá outros dois, mesmo que ninguém seja capaz de dizer onde, até que sejam descobertos. Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gêmeos sós e perdidos, próximos, mas não o bastante para se tocar de verdade."


Na minha fase atual, sinto que sou como esses números primos gêmeos: sei que existe alguém, em alguma parte do mundo, mas, por um lapso - seja de tempo ou do acaso - jamais encontrarei o primo gêmeo. E, se o encontrar, sempre haverá um outro número par (quer dizer, uma outra pessoa) a me impedir de, finalmente, tocar essa outra pessoa. Portanto, isso é triste. E, portanto, o livro é triste. Como a vida.

6 Comentários:

ExVSQ disse...

quando vc vem a lusa?

João Roque disse...

Ai Sérgio, hoje não mereces um beijo, nem mesmo um abraço. Não gosto nada de ver uma pessoa como tu: culta, que sabe o que quer, de boa índole, descrer tanto de si próprio no campo sentimental.
Vamos mudar essa atitude?????

unitrapped disse...

e será descrença isso?...

Redneck disse...

EwVSQ, quisera eu ir à lusa o mais rápido possível porque, por vezes, sinto que vocês, daí (digo você e o Pinguim, mais especificamente), me conhecem muito melhor e me veem como sou. Lamento que tenha apenas passado por Portugal em escala rápida. Um dia me desprego da costa brasileira e quem sabe (você talvez saiba quem), a calhar, vou encalhar na costa portuguesa. Beijo!

Redneck disse...

João, meu querido. Agradeço o puxão de orelha mas é que essa atitude somente retrata a realidade. De verdade. Acho que vesti uma capa de invisibilidade e esqueci de a despir. O lamento sobre isso no post é somente mais um dentre tantos. Quem sabe, como a ExVSQ me admoestou, eu tenha que migrar para Portugal e me desvestir de mim mesmo para passar a ser visível. Beijo, ainda que você o tenha negado.

Redneck disse...

Unitrapped, se você está preso(a) dentro de um universo de tear, você bem sabe que é mais do que descrença: é constatação. Abraço!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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