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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

American beauty

Foi a minha primeira vez. Antes, houve, pelo menos, uma meia dúzia de tentativas. Mal-sucedidas todas. Nem sei direito porque. Até acho que sei. Mas, melhor guardar comigo mesmo. Entrei pela porta mais escancarada. Que descortina todo o resto que vem depois de si. Sem expectativa alguma. Juro!


O arco da entrada foi a meca latino-americana. Miami. Em português, dá para fazer jogo de palavras com me ame. Prefiro não. Porque não foi assim, um amor à primeira vista. Não mesmo. Em quatro dias de Estados Unidos, lhe asseguro que nada me conquistou. O decantado american way, na minha talvez embaçada visão, vá lá, não passa de uma moldura plástica bem feita para vender o produto.


Cheguei por Miami, fiquei quase quatro horas dentro do aeroporto. Pode chamá-lo de portal latino-americano. Ouvi 90% espanhol, 5% português, 3% de outras línguas e uns 2% de inglês. Dos EUA. Voei de American Airlines e a companhia faz jus aos comentários no Facebook e Twitter de ser péssima. De Miami, fui para Orlando. Antes, porém, direito a duas horas de espera dentro do avião porque alguma porta de algum compartimento não fechava. Disseram que era a porta das refeições. Não nos serviram nem água. Como se fossemos todos imigrantes clandestinos a atravessar a aridez com a fronteira EUA-México. Talvez, aos olhos da AA e aos dos norte-americanos, não passemos mesmo disso. Um bando de clandestinos regularizados pela força do visto que querem (segundo a ótica deles) viver no país.


Fui para a terra da fantasia e, sem dúvida, fosse eu a escolher o meu destino, teria ido para Nova York ou para Boston. Jamais para Orlando e para a Disney. Mas, eu fui a trabalho. Em Orlando, cheguei atrasado - eram seis horas a mais já em relação ao roteiro original. Esperei mais um pouco e fui de micro-ônibus para aquela terra absurda concebida por Walt Disney.


Fiquei no Dolphin Hotel, sobre o qual, encimado no topo da entrada, um gigantesco golfinho goza de posição privilegiada. Na outra extremidade da edificação, há o Swan Hotel, sobre cujo topo igualmente repousa um enorme cisne. A visão não me animou nada. Antes, me assustou a cafonice.


Foram quatro dias, de domingo a quarta. Foram dois dias intensos de evento, no qual os norte-americanos corresponderam à minha expectativa plenamente: uivavam nas falas dos grandes executivos, sorriam, conversavam, planavam feito cisnes e jorravam alegria feito golfinhos.




(O ator Kevin Spacey na abertura do evento o qual eu cobri; Spacey é o protagonista do filme 'American Beauty' ou, no Brasil, 'Beleza Americana')

Terminado o evento, voltei a Orlando na quarta-feira. Na Disney, não tive tempo para nada absolutamente. Apenas antevi da minha janela a imensa bola que caracteriza o Epicot Center. Nada mais.


Em Orlando, fui ao Florida Mall, templo do consumo norte-americano exatamente como se vê nos filmes e como se imagina. Sim, estão lá todas as grandes marcas americanas. GAP, M.A.C., Mac/Apple, J.C.Penney, Macy's, MM, Dillard's, CSV e outras, tantas que se perde o fio da meada e a própria meada.


Não, não fiquei extasiado. Apenas constatei que, se há um mercado consumidor, ele existe e fica nos EUA. Uma surpresa: não há calçadas. Questionei o taxista e ele me disse: porque não há pedestres. E não há mesmo. Todos andam de carro. Todos os carros, de novo uma infinidade de marcas. Algumas as quais eu jamais sonhei existirem. Precisei tomar um táxi para chegar do lado oposto do Florida Mall, na Best Buy.


Queria um livro e, entre tantas mercadorias, foi a única coisa que não encontrei. Me disseram, os taxistas, que em Orlando fecharam duas grandes livrarias recentemente. Uma dentro do Florida Mall e outra ali perto. Sobrou apenas a Barnes & Noble. Na qual também não achei o livro. Me disseram também que é porque os americanos andam a consumir apenas e-books, os livros digitais, lidos em e-readers e tablets como o iPad. Duvido.


A comida americana me causou, desculpe, asco. Do começo ao fim. O café, intragável, me fez ter dores de estômago. Come-se qualquer coisa e me parece que nada tem gosto efetivo de comida. Sabe do que gostei? Os americanos não dão um passo sem dizer excuse-me (com licença) ou sorry (desculpe). E thanks for everyone! São educados. A diferença é visível no voo: de Miami a Orlando, na ida, havia mais americanos. Na volta, havia mais brasileiros do que assentos. Claro que o voo com americanos foi muito mais ameno.


Na viagem de volta para o Brasil, a American Airlines provou que é mesmo de uma falta absoluta de qualidade: mais duas horas dentro do avião por um outro problema não-identificado (para nós, passageiros). As comissárias não serviram água de novo. Deve ser uma espécie de rito: deixe que morramos de sede porque assim morre também um eventual desejo de voltar ao nosso país (devem pensar, não sei).


Em relação ao Brasil: tudo funciona, exceto a American Airlines. As estradas são bem pavimentadas e há quase um ônibus para cada dez passageiros dentro da Disney, para levar as pessoas de um parque para o outro. As ruas são limpas e o tráfego flui. Tudo é bem sinalizado.


Existe um profissionalismo em tudo que não vejo no Brasil de forma alguma. Mas, quando desembarquei em Cumbica, Guarulhos e vim para São Paulo pela Ayrton Senna e marginais, vi todas as diferenças gritantes. Mas, lhe juro, respirei o poluído ar da cidade com a satisfação de estar aqui. O american beauty, por mais bonito que seja, me pareceu extremamente artifical e fake, desde o golfinho e cisne do hotel até a pasteurizada alimentação. Fico com o Brasil e, para contrapor ao jogo de palavras com Miami, com relação à antiga exortação dos governos militares brasileiros "Brasil: ame-o ou deixe-o", digo ao povo que fico, e o amo.

4 Comentários:

LusoBoy disse...

É país que não me seduz. Há muitos outros países que tenho mais interesse em conhecer.

João Roque disse...

Faço minhas as palavras do LusoBoy.

Redneck disse...

Luso, a mim tampouco. Como eu disse no post, apenas gostaria de ir a NY porque lá vive uma amiga querida e, talvez, a Boston, que tem influência forte britânica e me parece ser uma cidade bonita e culta. Abraço!

Redneck disse...

João, ipisis literis. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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