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domingo, 23 de maio de 2010

Meu rugido dominical



Confesso que sou meio (mais da metade, quero dizer) fissurado por redes sociais. Não posso ver uma que me atiro feito inseto ante a assassina aranha (exceto pelo Formspring, rede social de perguntas e respostas que avalio ainda se vale a pena ou não). Me entranho, conscientemente, até ser picado e abduzido pela malha fina que, tal qual Gulliver, se vê, pouco a pouco, cada vez mais preso pelos pequeninos pontos mundiais que me amarram. Sou, portanto, vítima voluntária dessa tessitura virtual em que se converteram as redes sociais.


Minha última aderência a essa malha vastíssima foi ao foursquare, há dez dias. Literalmente, "foursquare" significa uma modalidade diferente de basquete, nos EUA, em que quatro jogadores se postam cada um num canto da quadra e fazem, entre si, arremessos perfeitos. Metaforicamente, "foursquare" quer dizer "cada um no seu quadrado" e daí a incongruência dessa e de todas as redes sociais na minha opinião.


As redes sociais não surgiram com a internet, ao contrário do que possa parecer, embora a web tenha dado um impulso a essas redes que jamais as redes sociais físicas seriam capazes de fazer. Rede social, na essência, é uma estrutura social composto por pessoas, organizações, territórios ou qualquer outra forma de agremiação, chamadas de "nós" (node, em inglês), que se conectam por um ou vários tipos de relações (de amizade, família, comercial, sexual, crença, conhecimento, cultura, interesse etc. etc.).


Os nós (nodes) da rede somos nós, pessoas, que as formamos. Os laços (ties, em inglês) são as relações que nos unem. Esse é o fundamento da Teoria de Redes. A ideia mesmo de rede social data de um século já. Mas foi apenas em 1954 que J.A. Barnes sistematizou o termo "rede social" ao lhe dar a conotação da forma como a conhecemos hoje. Foi aí que surgiram os conceitos de tribos, gêneros, grupos étnicos etc.


Dentro desse contexto, com o desenvolvimento da internet, o que era uma teoria de relativa aplicação no mundo físico, transformou-se num dispositivo de amplo uso global. É o caso do Facebook, Twitter, blogs, Messenger, Orkut, fóruns e outras redes que concentram interesses mais ou menos específicos, como o próprio foursquare tema deste post.


O Edney Souza, do Interney, publicou um artigo bastante completo sobre o foursquare - acesse aqui o link - e que dá conta o suficiente sobre essa rede social baseada em geolocalização. Sugiro que você leia atentamente a postagem do Edney sobre o serviço, conceito, segurança, privacidade etc. Acho que o post do Interney abrange com propriedade todos os fundamentos do foursquare.


Não pretendo, portanto, abordar as questões de segurança ou de (falta de) privacidade do foursquare e de outras redes correlatas. Antes, o meu propósito, de fato, é apontar as discrepâncias das redes sociais virtuais: quanto mais essas ferramentas tentam nos aproximar, mais longe eu me sinto das pessoas reais.


O foursquare mistura geolocalização (localização geográfica de uma localidade) com uma espécie de game: a cada vez que eu faço um check-in em um determinado lugar, acumulo pontos e, com esse capital, ganho badges (medalhas ou distintivos). É um atrativo do serviço para que eu, como usuário, alimente cada vez mais o site foursquare com dicas e informações sobre lugares. O foursquare tem pouco mais de um ano de operação e, em abril deste ano, passou de 1 milhão de usuários. Até o final deste ano, deve ultrapassar 3 milhões de usuários segundo as projeções baseadas na expansão do serviço. No Brasil, onde chegou em janeiro deste ano, estima-se que o serviço já agregue mais de 100 mil usuários, concentrados principalmente em São Paulo e, na sequência, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Campo Grande, Brasília, Curitiba e Fortaleza.


Pelo fousquare, por exemplo, estou na Avenida Paulista, em São Paulo, na livraria Cultura. Com meu celular - um smartphone (celular inteligente) com um sistema operacional para aparelhos como iPhone, BlackBerry, Android ou Palm - eu faço um check-in daquele lugar específico e posto. Simultaneamente, o Twitter e o Facebook mostrarão, se eu assim o permitir, exatamente onde estou.


Cada um no seu quadrado. É o princípio do foursquare. E é assim que me sinto, cada vez mais, nas redes sociais. Ainda que eu comunique online e em tempo real onde estou e o que faço, continuo sozinho na minha jornada dia e noite adentro. Por que mesmo pode ser interessante para os meus vários amigos (virtuais, sobretudo) saber onde estou, o que faço?


A comunicação será, ainda assim, truncada. Se eu olhar no meu próprio perfil do foursquare nesta última semana, constatarei que fui de um ponto a outro na cidade de São Paulo e, no entanto, apenas cumpri uma religiosa rotina que compreende apenas trabalho. Na verdade, um tedioso rastreamento dos meus compromissos. Porque tudo o que foi postado foi apenas isso: deixei rastros, talvez, na esperança de que - como os adolescentes e jovens japoneses - alguém que esteja simultaneamente no mesmo lugar que eu (sim, é possível ver isso no foursquare se eu e meus amigos do serviço postarmos do mesmo lugar) possa, finalmente, transpor a barreira do virtual e se concretizar como ente físico e real.


Pela teoria das redes sociais (antes do evento da internet), tribos, famílias e países eram os nós que compunham os laços e construíam, portanto, as tramas de um tecido que se encolhia ou se esgarçava conforme a flexibilidade de cada rede. Penso em pequenas cidades (qualquer uma, no mundo) cujos habitantes ainda olham com desconfiança para forasteiros e demoram bastante para assimilá-lo e acolhê-lo como parte daquela comunidade específica.


Nas redes sociais virtuais, isso não é um problema. Não tenho, a princípio, na média, reservas. Quero ampliar os meus laços a ponto de unir o maior número possível de nós e tecer uma extensa malha que abarque tanto quanto possível os interesses que eu supostamente tenho.


Mas, nessa confecção de uma malha universal, eu, local, regionalizado, continuo tão isolado quanto o forasteiro da cidade ou aldeia. Seja em São Paulo ou em Ubirajara, em Pequim ou Srebrenica, o fato é um só: as redes continuam restritas no que diz respeito aos laços que as compõem e não permitem maiores aproximações entre os nós. Esses nós dificilmente serão rompidos. Porque, no fim das contas, cada nó (eu, você) está mais ou menos pouco interessado em se jogar na queda livre sem proteção de redes, virtuais ou reais.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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