Meu rugido dominical
A única vez em que joguei futebol na minha vida - e que não me entre em colapso a minha fugidia memória - foi no ginásio. Foi um jogo de futebol de salão. E o fiz pelos motivos os mais cafajestes, dado que somente fazemos aquilo que não gostamos por uma razão maior: como eu gostava do goleiro e ele era o modelo masculino o qual eu almejava e por ele fui convidado/convocado, aceitei. Futebol mesmo, certamente, não joguei. Levei algumas caneladas e confirmei que não havia lógica, na minha cabeça, naquele jogo perverso de um bando de homens a correr atrás de uma pelota com o único objetivo de enfiá-la por dentre as traves. Claro, sempre me pareceu mais um estupro do que um jogo, um ato invasivo, algo bestial, de se enfiar, se meter mesmo por entre as redes...
Mas não pretendo fazer análises filosóficas ou antropológicas do futebol porque as fizeram muitas e nenhuma é boa o suficiente para explicar o gosto do macho pelo futebol. Eu sei que, de minha parte, esse foi o contato mais íntimo que tive com o futebol. Para não ficar nesse exemplo, cito outro, de ida a um estádio. Como não me desperta maiores lembranças, descarto a experiência.
Portanto, que fique claro: não gosto e não entendo nada de futebol. Na Copa do Mundo, ao contrário, viro torcedor desde criancinha e me vejo travestido em assíduo telespectador, comentarista e totalmente engajado na campanha que a minha pátria faz. Sei lá os motivos que me levam a isso mas é assim.
Por contingências do trabalho, no entanto, nos últimos dois meses, fiquei completamente voltado a questões futebolísticas. Fiz um especial relacionado com a Copa da África do Sul e sem entender patavinas do assunto, me pus a escrever sobre a Copa, expectativas e suporte para cobrir um evento mundial desse porte.
Entrevistei o Galvão Bueno, cara da Rede Globo e de uma grande parte dos torcedores quando o assunto é seleção brasileira. Tive uma excelente conversa com o narrador número 1 (em audiência) do País e gostei. Cheguei, inclusive, a tocar em assuntos mais delicados que dizem respeito, exclusivamente, ao universo do futebol com quem entende. E, entre entrevistado e entrevistador, claro que o especialista ali não era eu.
Depois, fui, de novo a trabalho, cobrir o lançamento publicitário de uma operadora móvel que contratou (a R$ 7 milhões, ao que parece) o "Fenômeno" Ronaldo para fazer um barulho no microblog Twitter durante a Copa. Embalado pelo tema, fiz na mesma semana uma matéria com as operadoras e respectivos garotos-propaganda: Claro e Ronaldo, Pelé e Vivo e Oi e Dunga.
De quebra, viajei para Porto Alegre e tive como colegas de voo todos os jogadores do Santos, inclusive o convocado Robinho e os incensados e não-convocados Neymar e Ganso. De forma que, nem que eu não queira, me vejo rodeado por futebol o tempo todo. Para fechar o cerco, devo ir, de novo a trabalho, na sede do Corinthians, no Parque São Jorge, para um lançamento do timão.
Afe! E eu não entendo porque tanto auê em torno de uma bola e 22 homens!!! Mais um pouco e me transformarei num empedernido comentarista esportivo do tipo que sabe tudo e mais um pouco e que coloca a colher onde é e onde não é chamado. Este é mesmo o País do futebol e, ao voltar para o jogo da adolescência jogado por motivos torpes, talvez eu devesse ter dado mais atenção a esse esporte. É sim. Porque, não sei se vocês viram, a semana passada havia dois jogadores famosos do Barça (estou íntimo...) de mãozinhas dadas, em plena DR (discussão da relação). Acho melhor eu repensar minhas reservas ante o futebol e ficar eu mesmo na reserva caso algum titular não esteja em boas condições. Como atacante, of course!
2 Comentários:
Duas observações:
sempre fui uma nódoa a jogar futebol e assim se faltava um jogador eu ia para guarda redes e deixava toda a gente marcar golos; se não faltava ninguém, era o árbitro, mas ninguém respeitava as minhas decisões - um desastre!
Mas adoro ver futebol.
Quando joga o Benfica, fico maravilhado quando ganha e triste se isso não acontece; quando é a equipa nacional vibro imensamente, mas não tenho esperanças boas para o Campeonato do mundo da África do sul, quanto à equipa de Portugal...
Beijo.
João, adorei sua descrição como jogador de futebol. No Brasil, chamamos de "perna de pau". Eu nunca gostei, é um fato, nem de jogar e tampouco de ver futebol. Quanto à Copa, claro que fico hipnotizado. Também não sei se sabes, mas o futebol é elevado, na Copa, à prioridade número 1 e a maior parte das empresas para tudo para que os funcionários acompanhem os jogos, tal é o ritmo que se impõe durante um campeonato mundial. E, claro, a expectativa generalizada aqui é pelo hexa. Beijo, futeboleiro!
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