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domingo, 10 de julho de 2011

Meu rugido dominical



A principal porta de entrada de um país é o aeroporto. Relatório publicado pela Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) aponta que o número de passageiros transportados por avião chegou a um total de 2,5 bilhões de pessoas no ano passado, conforme dados do site EcoD. Ou seja, mais de 30% da população global voou o ano passado (número cumulativo, não significa, necessariamente, que 2,5 bilhões voaram, e sim que, na soma, 2,5 bilhões viajaram, seja uma ou 200 viagens por ano). E justamente os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) foram, em parte, grandes responsáveis por essa expansão. É o tipo de transporte mais usado no mundo. Portanto, a principal porta de saída de um país também é, consequentemente, o aeroporto.


Para ficar no Estado de São Paulo, dispomos de três aeroportos: os dois principais, Cumbica (Guarulhos) e Congonhas, ficam na Grande São Paulo e dentro da cidade, respectivamente. O terceiro fica num raio de 100 km e é o Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Cumbica é a principal entrada aérea do Brasil. É por onde chegam mais de 85% dos voos internacionais. Congonhas é o aeroporto doméstico mais movimentado, com intenso fluxo de decolagens e aterrissagens, de passageiros e carros. E Viracopos, mesmo a 1 hora de distância, tornou-se, por incrível que pareça, alternativa para as pessoas que precisam de locomoção rápida.


Vou fazer relatos da minha experiência com aeroportos. Não conheço Viracopos. Mas sei bem de Congonhas e Cumbica. Congonhas está, em trânsito razoável (o que é quase impossível), há 20 minutos de casa, de carro. Portanto, se eu tenho que ir ao Rio de Janeiro (45 minutos de voo, em média, com tempo bom), basta sair de casa, chegar 30 minutos antes, embarcar e, no total, gastar cerca de 2 horas entre a minha saída de casa e o meu destino na capital carioca.


Claro que isso nunca aconteceu. Todas as vezes em que viajei ao Rio e voltei, tanto cá como lá, entre a saída e a chegada (ponto a ponto), gastei, pelo menos, 5 horas. As viagens domésticas exigem que se chegue ao aeroporto 1 hora antes do embarque. E isso não é apenas protocolar: ouse se atrasar e perderá o voo (aconteceu comigo, porque cheguei 45 minutos antes, e não 1 hora antes).


Portanto, esteja preparado/a para gastar 5 ou mais horas entre a saída de casa e a chegada ao destino final quando a rota é São Paulo-Rio de Janeiro. Já bati recordes: fiz SP/RJ em 7 horas!!! É mais do que viajar de carro (5 horas, em boa média de velocidade) e de ônibus (6 horas, em geral) pela rodovia Dutra, que liga as duas cidades.


Se o voo for internacional, a aflição começa ainda mais cedo. Da última vez que viajei, meu embarque estava marcado para as 22:15 horas. Saí de casa às 18:15 horas (4 horas antes!), de táxi, e cheguei com vantagem. Fiz o check-in sem despachar bagagem e esperei quase 3 horas. Dentro do avião, esperamos, sem saber direito porque, quase 40 minutos para, finalmente, decolar. Chegamos ao destino cerca de 7:30 horas (com fuso horário de 1 hora menos), quando a previsão era de chegada às 6:15 horas. Quando, finalmente, cheguei ao meu destino final, o relógio local marcava quase 10 horas da manhã. Portanto, descontado o fuso horário, foram quase 15 horas entre um ponto e outro. Fora todo o movimento extra decorrente da viagem (arrumar a mala, conferir se está tudo carregado - notebook, celular), se tudo está dentro dos padrões conforme as exigências da aviação etc. etc. Pode-se dizer que, para uma viagem de 10 horas (Estados Unidos ou Europa), você, obrigatoriamente, gastará ao menos umas 20 horas até que consiga colocar o primeiro pé no destino final. Com sorte!


Os relatos acima se referem às dificuldades de embarque em São Paulo: trânsito, falta de infraestrutura (em Congonhas e Cumbica) e um sentimento de que todas as companhias conspiram para que os atrasos sucedam-se uns aos outros. Ainda, o fator tempo (nublado, chuvoso, neblina etc.) pode piorar a situação.


Para se chegar a Congonhas, que fica no Campo Belo, zonal sul da capital, o acesso é (exceto, de novo, pelo trânsito) relativamente fácil. Vou pelas avenidas 23 de Maio e Washington Luiz. Ambas não são, exatamente, um primor de beleza. Como estamos, os brasileiros, dentro de casa (voos domésticos), porém, não vejo maiores inconvenientes a não ser a absoluta falta de estrutura do local em acomodar tanta gente simultaneamente.


A recente reforma dos fingers (acesso do solo às naves) poderia ter resolvido o fluxo intenso. Mas, estive em Congonhas em dois momentos diferentes: na inauguração das novas salas de embarque e no início deste ano. É como se nada tivesse acontecido, tal o congestionamento do lugar. Sem falar no mais antigo problema do aeroporto: a fila de táxi. A espera por um carro é mais lenta do que voar entre Rio e São Paulo. Isso nunca aconteceu num aeroporto internacional em que estive. Afora os táxis, o acesso a Congonhas somente pode ser feito por automóveis particulares ou ônibus. Não há nenhuma estação de metrô num lugar pelo qual embarcam e desembarcam mais de 15 milhões de pessoas (em Cumbica, no ano passado, circularam 26 milhões de passageiros). Esses números não incluem as pessoas que apenas passam por ambos os aeroportos e não embarcam.


Cumbica fica em Guarulhos, município que faz parte da Região Metropolitana, chamada de Grande São Paulo, a cerca de 25 km do centro da capital. O percurso da minha casa até lá, de novo com trânsito razoável, pode ser feito em 40 minutos (de carro). Como o trânsito para lá nunca está razoável, melhor contar 1 hora ou mais.


É grande a área do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos Governador André Franco Montoro. Esse é nome oficial, careta, caretíssimo, fruto de uma longa tradição deste País de se dar nomes de políticos a lugares grandiosos. O bom é que ninguém dá a mínima e o nome não fica. O que fica é Cumbica, nome próprio, da terra brasilis que, em tupi-guarani, quer dizer "neblina", "nuvem baixa". Perguntinha: se já os índios sabiam que o lugar era coberto pela neblina, por que insistiram em construir ali o principal hub da América Latina? Incríveis esses políticos. Deveriam ser devorados pelos índios tal qual o foi o bispo Sardinha!


A região que forma o complexo aeroportuário de Cumbica é uma pequena cidade: são 14 quilômetros quadrados, dos quais cerca de 5 km quadrados são construídos. Há apenas uma via, em mão dupla, com um largo canteiro central, que leva ao aeroporto: Hélio Schmidt. Feia, é circundada por uma série de construções, hotéis, postos de gasolina e não sei o que mais. Às margens, enfileiradas, uma série de placas imensas que, de uma forma grotesca, vendem de carros a passagens de avião. Para se chegar a essa avenida, cujos canteiros poderiam formar um lindo e formoso jardim, cheio de árvores baixas e bem cuidadas, há duas opções: a rodovia Dutra (que liga São Paulo ao Rio e que passa por Guarulhos) e a rodovia Ayrton Senna (que leva ao litoral norte do Estado e à região do Vale do Paraíba).


São, ambas, mal cuidadas. E feias. Sem vida. É a porta de entrada do Brasil. Assim. Cheias de falhas, primeiro a avenida principal do aeroporto e, depois, as rodovias, desaguam na Marginal Tietê, confusa, pesada, com placas apenas em português (até no Irã há placas em inglês). Desaguam é maneira de dizer porque comparar trânsito com a fluidez da água é algo incompatível nessas paragens. E mais, dizer de água à beira do esgoto que é o rio Tietê é ofender a água.


Assim se chega ao Brasil: em vias pobres, feias, cheias de falhas e com mau-cheiro. Estive poucas vezes no exterior. Posso afirmar, contudo, que as vias de acesso (exceto pelas cidades norte-americanas) são bem cuidadas (Pequim, Helsinque, Lisboa, Madrid, Frankfurt), preparadas como um tapete para receber as pessoas. São a primeira impressão. A que fica.


Observe que nem me atrevo a falar sobre a chegada dos turistas para a Copa de 2014. Terei tempo para falar disso. No entanto, não se trata apenas de estética. E sim de um cuidado, de um carinho que se deveria ter com a porta de entrada, com as janelas todas. Carecem, portas e janelas, de demãos de tinta, de retoques, de repaginação. Somos feios de chegada e de partida, em todos os sentidos.

2 Comentários:

João Roque disse...

O aeroporto de Lisboa fica por assim dizer no centro da cidade; cómodo, mas perigoso...

Redneck disse...

João, o aeroporto de Congonhas fica dentro de SP e acidentes fatais já causaram tragédias nas vizinhanças. Nem é cômodo e muito menos seguro, razão da minha irritação no post. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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