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domingo, 31 de outubro de 2010

Meu rugido dominical



Às 20:12 horas deste domingo, pouco mais de três horas após o término do segundo turno das eleições, tínhamos, no Brasil, a primeira mulher eleita para o cargo de presidente da República. Dilma Rousseff é, portanto, a nova presidenta do Brasil, a partir de 1º. de janeiro de 2011.


Esta eleição foi, sem dúvida, a mais emporcalhada já vista neste País desde a redemocratização, em 1985. O lixo começou a se amontoar no primeiro turno e terminou neste segundo turno como um aterro sanitário saturado. Abutres de todas as espécies sobrevoaram o montulho e ajudaram a colocar mais carniça na montanha de sujeiras em que se converteu a política brasileira.


Não sou militante de partido algum e tampouco me posiciono à esquerda ou à direita do espectro político. Me cobram isso a todo o momento. Como se eu precisasse de um rótulo para dar cabo das minhas convicções. Não, não preciso ser esquerdista ou direitista. Não preciso ser militante ou afiliado. Não preciso estar aliado a qualquer nomenclatura para ter um pequeno discernimento do que acho correto ou não para mim e o meu próprio País.


Me perguntaram muitas vezes em quem eu votaria. Declarei, desde cedo, meu voto em Dilma Rousseff. Não, também não sou lulista. Antes, sou anti-serrista. Sou anti-PSDB. Mas, nem por isso, sou PT. Tenho claramente para mim mesmo que o derrotado candidato do PSDB, José Serra, é um homem cujos princípios beiram o totalitarismo. Contudo, isso não me toldou o suficiente a visão para enxergar que Lula, como militante, era melhor ter ficado calado.


Que desconfio enormemente dos avanços petistas sobre a liberdade de imprensa deste País. Mas, também sei, em larga escala, de uma meia dúzia de vezes que José Serra ligou em pessoa para algumas das redações mais importantes deste Brasil e pediu a cabeça de uma série de colegas jornalistas. E foi atendido.


Não comungo com aqueles que exaltam os feitos do governo Lula, da decantada elevação de 20, 24 ou 27 milhões de brasileiros à classe C. Para mim, em que pesem algumas iniciativas dos oito anos do governo Lula, a atual conjuntura brasileira é uma soma de feitos que se acumula nos 25 anos de democracia neste País. E Lula não fez nada sozinho. Ao contrário, é bom que se recorde que se aliou, inclusive, a pessoas com as quais lutou como Sarney e Collor. Imagina! Chamou de amigos alguns cães que morderam seus calcanhares durante anos.


Então, não tentem me convencer de que o governo Lula é maravilhoso. Acho que é o que é porque, mais do que o governo, quem faz este país somos nós, o povo. E justifico meu voto em Dilma porque acredito que a presidenta tem mais consistência de levar o projeto todo adiante do que o Serra, além das óbvias razões já citadas acima.


Agora, não tenho dúvida alguma de que, em algum momento, quando Lula vestir o pijama, Dilma mostrará a que veio. Talvez não haja uma cisão radical. No entanto, duvido que a intimidade entre Dilma e Lula permaneça nos três primeiros meses de governo.


Não tenho ilusões com políticos e, aqui mesmo neste espaço, já defendi o fim da obrigatoriedade do voto e o faço de novo. Não compartilho da chamada "festa cívica". O que é obrigatório não pode ter coloração de festa.


Ao mesmo tempo, confesso que passei os últimos meses enojado. Dos candidatos, da falta total de compromisso em divulgar verdadeiros planos e, principalmente, das pessoas que, ao me questionarem o voto e receber a resposta, tentaram, por inúmeras vezes, me demover.


De novo: não sou militante. Ainda que eu tenha votado em Dilma nos dois turnos, nunca tentei convencer ninguém das minhas idéias. Acho horrível isso. Eu tenho opinião. Não preciso que me digam o que fazer. E, agora, vejo, já agora, pouco mais de duas horas após a confirmação do resultado, dezenas de pessoas em luto, indignadas, prestes, praticamente e de novo, a se dirigirem ao aeroporto mais próximo e deixar o País. Vão, façam boa viagem! Levem consigo o comportamento paroquial e incivilizado. Odeio esse discurso. Assim como não imputo meu desejo, minhas crenças (ou falta de) ou minhas ideologias (se as tenho, que nem sei), desejo, ardentemente, que não me escarrem esse sentimento pequeno, falto de qualquer civilidade, por serem maus perdedores.


Já perdi muito mais na vida do que um reles voto. E, sinceramente, não é um político locado em Brasília que fará qualquer diferença na minha vida que segue sua rota independentemente (e a despeito) de quem ocupa o cargo de maior projeção política no Brasil. Minha própria vida é maior do que uma eleição. Por favor, os cães ladram e a caravana passa. Sou caravana nessa condição literal: passo pela vida e os cães me ladram e eu os observo e os vejo diminuir de tamanho até sumirem-se com o horizonte. Sou mais eu.

domingo, 24 de outubro de 2010

Meu rugido dominical



"In God we trust" (Em Deus nós confiamos) é a inscrição que está na moeda norte-americana, o dólar. Sem dúvida, o dinheiro mais conhecido e desejado do mundo. A mim me soa particularmente cínica essa associação entre o capitalismo e o divino, como se o segundo fosse garantir o lastro do primeiro ao nele estar colado. Esse princípio 'cristão' impresso naquela que é a moeda mais corrompida do mundo, ainda que eu não seja, por natureza, um assecla religioso, a mim me parece, no mínimo, primitivo unir os mundos sagrado e profano como se isso fosse materializar a redenção do humano ante os portões do julgamento final.


Sou cético e agnóstico. Tudo o que começa aqui acaba aqui mesmo. Sou, como humano, apenas parte da cadeia e, guardada a pecha intelectual que me faz e a todos pensarmos e articularmos sob os mais variados artifícios, no final somos, ainda assim, apenas início, meio e fim.


Portanto, e sem qualquer laivo de ira ou de conformismo, quero criticar essa estranha guerra santa que invadiu um terreno que deveria ser predominantemente laico. Me refiro à disputa presidencial brasileira que tomou proporções de cruzada: um lado empunha bebês assassinados como se bandeiras fossem e o outro toca cornetas como se os portões de Jericó estivessem sendo colocados abaixo.


Vimos, no feriado da padroeira do Brasil, dois contritos candidatos - José Serra e Dilma Rousseff - a orar e entoar cânticos como se coroinhas fossem desde criancinhas. Ambos me passam a impressão de que, no íntimo, pouco se lhes dá se o mundo é muçulmano ou budista, conquanto conquistem seus objetivos.


Empunharam, pois, bandeiras de alta coloração religiosa porque se dobraram às cobranças que vieram por todos os lados. Você é a favor do aborto? Não, sou a favor da vida! Óbvio que somos todos a favor da vida. Porque somos, antes de tudo, pela sobrevivência, ainda que isso signifique deixar o outro para trás. Não, não duvide disso. Asseguro que você e eu, em hipotético risco iminente de perda dessa tão preciosa vida, não hesitaremos, caso caiba a apenas um o direito de ficar, em nos debater feito gladiadores.


Então, absolutamente não entendo porque um é chamado de assassino de crianças enquanto o outro tem no passado exatamente um aborto.


Não entendo porque os respectivos programas abortaram, eles sim, os programas, abortaram debates muito mais importantes. Ao contrário, focaram holofotes em banhos de sangue, orgias entre gays e, olhe só, até mesmo atentados praticamente terroristas, com um a ser atingido por uma bola de papel e a outra por um saco d'água. Parece brincadeira de papel, pedra e tesoura. Aquele que levar a tesoura corta o avanço do outro.


Engraçado que um e outro partidos, o PT e o PSDB, têm, em suas hostes, pessoas absolutamente qualificadas para tirar da pauta esse debate fundamentalista. Ao contrário, foram justamente essas pessoas que relegaram o debate a temas como esses. Fizeram de fetos publicidade negativa para o outro lado. Fizeram da proposta de união civil entre pessoas do mesmo sexo uma verdadeira bacanal. 


Chegamos ao cúmulo de representantes da tão pura igreja católica - que ama criancinhas - sair a público com panfletos. Laicismo? Sabe o que é? Estado laico: separado da religião, de qualquer religião. O contrário do Estado laico é o Estado teocrático. E estados teocráticos, geralmente, são fundamentalistas porque guiados por pedaços de papel seculares. Que, olha só que divertido: não caíram do Éden, e sim foram confeccionados, os santos textos, por homens. Muito provavelmente, por homens politizados que foram, admito, visionários que juntaram Estado e divino para conter a sociedade. Espertos os políticos da Antiguidade, não?


Pois, cinco mil anos depois (minha contagem parte da era da China, e não da cristão, já que estou aqui a defender a opinião laica), estamos, no Brasil, numa disputa salomônica na qual, ao invés de se esquartejar um bebê, esquarteja-se o avanço. Coloca-se a religião, o direito individual e as liberdades para engrossar um caldo que não chegará para aplacar a fome de ninguém. Sairemos, nós, eleitores, mais empobrecidos do que entramos. Numa disputa que, de fato, não é nossa, da sociedade. E sim de dois partidos, duas pessoas.


Que pobreza. Temo que vou começar a dizer quem em Deus nós confiamos porque aqui, na terra, não há a menor possibilidade de confiar nos humanos. Céus!

sábado, 23 de outubro de 2010

Nude do dia - 2

Sem qualquer ajuda dos universitários, a ex-universitária colocou abaixo o vestidinho rosa que lhe deu fama e tirou a roupa para estampar a capa da edição de novembro da revista Sexy. Claro que, antes, fez charme, e negou, como muitas (e muitos) antes, que faria ensaio de nudez. Mas, o apelo do dinheiro sempre fala mais alto, e Geisy Arruda, cuja fama esmorece na medida em que começam a surgir outras celebridades-relâmpago, cedeu e foi se despir lá em Puntal del Este, no Uruguai.




A ex-aluna da Universidade Bandeirante (Uniban), que ficou conhecida por ser constrangida pelos ex-colegas quando usava o vestidinho rosa (que está no ensaio, claro) na Uniban, resolveu que, antes de cair no ostracismo, pode um pouquinho mais. O motivo da mudança de opinião é que a fofa quer comprar uma casa para os pais. Ah! E precisa de motivo? Tira logo a burca e pega a grana!

Nude do dia

O Kommune 1 (ou K1) foi um dos grupos políticos pioneiros de manifestantes organizados surgido na Alemanha na década de 60. Era um grupo de oposição formado por estudantes e foi criado para rebater a família pequeno-burguesa como reação ao pensamento e à sociedade conservadores. A foto abaixo entrou para a história quando ainda não era moda se despir como forma de protesto.




Sediado em Berlim (Ocidental, na época), o grupo, como em geral acontece, a meu ver, com todos aqueles que constituem qualquer tipo de oposição a qualquer ideia, perdeu-se. E perdeu-se nas drogas, ao confiarem no instinto de fazer sua própria revolução. Engraçado que essa história se repete e ninguém aprende nada. Depois disso, os membros se dispersaram e, embora eu não tenha feito pesquisas a respeito, posso imaginá-los, os membros restantes, que não morreram pelas drogas, pacíficos, em aconchegantes famílias pequeno-burguesas. É a vida: se revoltar, provocar polêmica, começar a trabalhar e, para isso, unir-se ao sistema, constituir família e torcer para que a aposentadoria seja doce.




O Kommune 1 foi resgatado pela organização não-governamental Oxfarm que replicou a foto histórica. A Oxfarm também é formada por ativistas que, nas gerações atuais, travestem-se de ONGs e que se dispersam da mesma forma que os antigos manifestantes. A foto (acima) reconstituída pela Oxfarm, contra o antigo Muro de Berlim, é para registrar os 40 anos da promessa feita (e não cumprida) pelos países-membros da ONU em doar 0,7% da receita para ajudar o desenvolvimento dos demais países. Ai, que cansaço que dá constatar que, seja em 1967 ou 2010, o mundo não mudou nada. Até as bundas se parecem. Com a diferença que tiraram da reprodução o menino porque, nos dias de hoje, mostrar uma foto de criança nua pode, que ironia, levar as pessoas à cadeia.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aquele abraço!

Num belo trabalho idealizado pela agência Casanova, de Brasília, e executado pelo VJ Alexis (que entrevistei nesta sexta-feira), o Cristo Redentor abraça o mundo. Bonito, de verdade! Porque, às vezes, precisamos apenas de um braço, nada mais.



domingo, 17 de outubro de 2010

Meu rugido dominical



Odeio o horário de verão.
Odeio o horário eleitoral gratuito.
Odeio o voto obrigatório.
Odeio candidatos que não têm nada a dizer.
Odeio o provincianismo do País.
Odeio o domingo à noite.
Odeio quando começa a segunda.
Odeio ficar inerte.
Odeio ficar inerte e não ter iniciativa para quebrar a inércia.
...
Amo não ter horário algum.
Amo poder escolher, em qualquer situação.
Amo pessoas que ficam caladas ante discursos vazios.
Amo o Estado laico.
Amo a civilidade de um país que não se importa se eu caminhe nu pelas ruas.
Amo as terças e quintas de madrugada quando estou nas ruas.
Amo quando a sexta termina.
Amo quando sinto impulsos de correr. E não corro.

sábado, 16 de outubro de 2010

I Got You Babe

I wish. But I really didn't get. Yet. In original version. After, a precious version with David Bowie and Marianne Faithful. This is a Ordinary World (by Gregorian), below.







quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Blog Action Day 2010

Neste momento, quase 1 bilhão de pessoas, das quase 7 bilhões que habitam este planeta, não têm acesso a água potável para beber e tampouco para se limpar. Esse é um direito de cada um de nós.




Água não-potável e a ausência de condições sanitárias básicas causam 80% das doenças e matam mais gente por ano que todas as formas de violência, inclusive as guerras. As crianças, especialmente, são as mais vulneráveis porque seus corpos não são fortes o suficiente para lutar contra a diarreia, desinteria e outras doenças. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10% das doenças que acometem as pessoas podem ser evitadas pelo simples suprimento de água e condições sanitárias.


A água é um elemento global e merece um debate igualmente global.


Esta é a mensagem deste ano do Blog Action Day. Que é uma iniciativa da blogosfera mundial que acontece anualmente, todo 15 de outubro, e, até o momento da edição deste post, contava com a participação de 4.280 blogs, 131 países e 33.182.617 leitores. Participe e compartilhe. Basta acessar o Blog Action Day 2010 e se inscrever. Abaixo, o widget para doações para a ONU. Mais abaixo, o vídeo de divulgação do Blog Action Day 2010.



Petitions by Change.org|Start a Petition »



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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia das Crianças

Hoje, 12 de outubro, celebra-se, no Brasil, o Dia das Crianças. Faço minha própria homenagem a todos nós, crianças um dia, Peter Pan alguns, crianças em corpos de adultos outros, crianças crescidas. Todos fomos crianças. Todos recaímos na doce tentação de voltar a ser criança. Parabéns a todas as pessoas. À criança que jamais deixará o corpo de cada um de nós. Tenho saudade da criança que era e da inconsciência da vida que tinha. A criancice é um estado de espírito.


Meu pai, José




Minha mãe, Nelci


Minha irmã, Luciene, à esquerda; eu, ao centro; e minha prima, Adriana, à direita




Minha irmã, Luciene, à esquerda; minha irmã, Marisa, ao centro; e eu, à direita




Meu irmão, Flávio




Minha irmã, Denise




Não coloquei aqui a terceira geração, dos sobrinhos, porque seria imputar a mim mesmo o peso dos anos e, já que estamos a tratar de crianças, não combina misturar frescor com rugas. Assim, fico de bem comigo mesmo e com os irmãos. De qualquer forma, sobrinhas e sobrinhos, parabéns para vocês também.

The Sopranos, a origem de Lady GaGa

Toda galinha sai de um ovo e, enquanto não se decide se a galinha antecedeu o ovo ou se o ovo deu ao mundo a galinha, pelo menos é possível identificar de onde veio uma galinhona. Falo de Lady GaGa, galinácea autêntica, que solta a franga, a franja, a frança inteira ela solta.




Pois que, uma vez mais, a GaGa chega aos trending topics das galáxias internáuticas pelo simples motivo de ter feito uma minúscula participação no 9º. episódio da terceira temporada de "Os Sopranos", excelente série da HBO, que foi ao ar em abril de 2001 nos EUA. A nascida Stefani Germanotta tinha 15 anos e parece uma eternidade nessa era que voa. Faz apenas nove anos. Você acredita?




Abaixo, o vídeo da galinhazinha, franguinha ainda, que nem de longe se anunciava o furacão que atravessou o mundo mais depressa do que o vulcão islandês Eyjafjallajokull que paralisou parcialmente o mundo em maio deste ano. No trecho, ela fuma, toma Coca-Cola e, sobretudo, veste-se de uma forma considerada, pós-GaGamania, extremamente conservadora.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nude do dia

Já está nas bancas - dos EUA - a revista ESPN Body Issue 2010 que estampa os corpos desnudos de alguns atletas como os das fotos abaixo. Mais abaixo, making of da produção e, se você quiser saber detalhes, acesse o link da ESPN. Para mais ainda, compre a revista, pessoa gulosa.




domingo, 10 de outubro de 2010

Meu rugido dominical



Muita coisa se diz da morte e são tudo conjecturas. Ninguém foi e voltou para descrever para os demais o que há por detrás do silêncio eterno que se encerra com as traves dos caixões e, preferencialmente, a sete palmos de profundidade. Mas, tenho comigo que, no instante final, há uma gélida e autêntica sensação de solidão, de inexorável solidão ao se compreender, enfim, que a vida seguida da morte é tudo uma solidão.


Pois que ao partir, você, eu e qualquer outro ser humano estaremos sozinhos como sempre estivemos. Por mais que convivamos a dois e partilhemos com a família e amigos ideias, conceitos, desejos, raivas, ressentimentos e alegrias, sempre se está só. A morte apenas agrava mais ainda a convicção de que é tudo um túnel pelo qual engatinhamos sem saber o que há por detrás e o que está por vir à frente.


Acho divertida a imagem da luz no fim do túnel. Os túneis humanos, construídos, sempre emergem para a luz. Até mesmo os mineiros do deserto do Atacama conseguirão emergir para a luz, ainda que soterrados a centenas de metros. Almejamos a luz como se busca o ar. Sem luz, estamos ainda mais sós e, portanto, conscientes dessa escuridão.


No decorrer da vida, não existe luz no final do túnel. Ao contrário, seremos encerrados em tubos, de certa forma. Em minas. Soterrados. Enterrados, cimentados, concretados. E aí, c'est fini. Acabou-se a luz e qualquer perspectiva de luz, seja aquela aguardada luz "de passagem" divina, pela qual seremos conduzidos a um outro mundo mais ameno, seja a própria luz natural.


A sensação de extrema solidão a que me referi se deve unicamente a outro sentimento que tive ontem. Estamos no meio de um feriado. Na terça-feira, 12, comemora-se o feriado da Padroeira do Brasil. Portanto, alguns afortunados, como eu, temos quatro dias de folga. Não é a primeira vez que me vejo com tantos dias pela frente e sem nenhum plano ou vontade de fazer desses dias algo produtivo.


Fico à mercê do peso das horas, imobilizado como se um Atlas fosse. Não me movo. Anestesiado, não tenho vontade, careço de ânimo.


Claro que isso não acontece porque quero. Ocorre por uma série de razões: queria viajar e não posso, por outros motivos que não veem ao caso. Queria me jogar na balada e não vou porque estou em fase de baixíssima auto-estima. Queria encontrar as pessoas e não me animo a pegar o telefone e falar com elas. Daí que os quereres se transformam em pasta e, quando vejo, uma imensa bola me soterra e me deixa sem luz.


Ontem, postei um vídeo para gritar a minha solidão. Tive que fazê-lo porque, de repente, tive um surto. Um medo, um pavor gigantesco da solidão. Estou rodeado de pessoas, de edifícios, de movimento. E me senti absolutamente sozinho. Não consegui enxergar luz alguma e muito menos túneis. É a segunda vez na minha vida que sinto tamanho terror. O que se passou é que ficou muito claro para mim a solidão da vida e a iminente morte que tudo encerra.


Tive pensamentos muito objetivos a respeito da extensão da minha própria vida e surtei. Surtei por uma série de motivos e sem motivo pontual algum. Tive medo de morrer sozinho. De cair e ficar imóvel, feito um pesadelo do qual não conseguimos mover um músculo e tampouco esboçar um gemido. Esse ataque de pânico foi de solidão. Foi isso.


Tenho uma amiga que costuma dizer que as mulheres gritam e choram por tudo e por nada: porque apareceu uma ruga nova, porque o seio esquerdo caiu e o direito segue impávido a apontar o futuro, porque uma nova cordilheira de estrias resolveu traçar outra geologia na coxa esquerda, porque as nádegas parecem massa de fofos bolos fermentados, porque estão felizes, tristes, raivosas, alegres, solidárias ou ferinas. Tanto faz o motivo. O ponto é que choram e gritam.


Questionei a amiga sobre gritos femininos que ouço de vez em quando e confrontei com a opinião de outra amiga: sim, esses gritos podem, muitas vezes, estar relacionados a descobertas não exatamente satisfatórias. Elas gritam porque apareceu uma pinta (e nunca porque apareceu um pinto, por exemplo). Porque dos 100 mil fios de cabelo, um houve por bem embranquecer. E assim por diante.


Ambas as amigas, tomadas de raiva coletiva contra os homens, voltaram, sem se combinar, posto que não se conhecem, suas baterias contra mim, representante que sou do sexo masculino. Nos acusaram, aos homens, de não padecermos desses males: engordamos, mas engordamos diferente, me disseram. Não temos estrias. Se algo cai no nosso corpo, é o próprio pênis, que pendurado está desde o nascimento. Portanto, a nós, homens, a natureza não trata como a elas, mulheres. Somos privilegiados, me afirmaram. Poderia ter sido uma teleconferência na qual eu era o réu e ambas eram as testemunhas de acusação.


Achei engraçado e me ri delas e com elas.


Ontem, não ri de mim mesmo.


Ao contrário, tive ganas de chorar e gritar, feito as mulheres. E me desesperar, com ou sem espelho. Por ver em mim mesmo não as deformidades que o tempo impõe ao corpo, e sim pela alma que, destroçada, enxerga o longo túnel a afunilar-se sem a salvadora luz.


Ontem vi o fim, de repente. E senti a solidão de morte. Mortal ela toda, a solidão se enroscou no meu pescoço feito uma cobra e, por instantes, me envenenou o suficiente para me sufocar e entrar em pânico. Céus! Tive medo, reafirmo. Medo de morrer só. Pior: de viver só, uma vida sem sentido, a qual eu não sei se não sei lhe dar o devido sentido ou é porque a consciência de que nada tem sentido me chegou assim, tão assustadora.


Advirto que se vocês ouvirem berros masculinos, não é de um bêbado que tenta se equilibrar nas beiradas de calçadas. É de um homem que confronta a própria solidão e não gosta do que vê.

sábado, 9 de outubro de 2010

Alone

Há dias em que a solidão pesa muito. Demais até. 





"Sozinho"

Eu escuto o tic-tac do relógio

Eu estou deitado aqui, o quarto está obscuro
Eu me pergunto onde você está essa noite
Nenhuma resposta no telefone


E a noite passa tão lentamente
Oh, eu espero que ela nunca termine
Sozinho


Até agora eu sempre vivi sozinho
Eu realmente nunca me importei até que eu conheci você
E agora isso me arrepia até a espinha


Como eu deixo você sozinho?
Como eu deixo você sozinho?


Você não sabe quanto tempo eu desejei
Tocar em seus lábios e abraçá-lo apertado
Você não sabe quanto tempo eu esperei
E eu ia te contar essa noite


Mas o segredo ainda é meu
E meu amor por você ainda é desconhecido
Sozinho


Where Is My Mind?

O post tem duas razões de ser:


- É minha homenagem ao Pixies, que está no SWU (Starts With You), evento para o qual recebi dois convites e, infelizmente, por motivos diversos, ao qual não posso comparecer.


- Eu não sei onde está a minha cabeça (até sei, mas não quero saber).


Com vocês, Where Is My Mind, by Pixies. Abaixo, outra versão, com Pixies e Placebo. Admirável! Experimente tocar as duas juntas.









domingo, 3 de outubro de 2010

Meu rugido dominical (*)



São 23:55 de domingo, 3 de outubro de 2010 e, depois de pouco mais de 7 horas, está encerrada a apuração dos 136.004.825 votos de cidadãos brasileiros neste primeiro turno das eleições 2010, na qual votamos para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual entre as 8 da manhã e 17 horas deste dia frio e chuvoso que, durante a manhã e parte da tarde, houve por bem manter-se estável, tanto no clima metereológico quanto no clima emocional. Ao menos na cidade de São Paulo. Demorei 25 minutos para votar: foi o tempo de espera na fila. Voto na 9ª. seção da zona 001 da cidade de São Paulo. Tradicional, essa seção nunca tem filas. Hoje, 15 pessoas estavam à minha frente. Conforme o processo eleitoral se sofistica, com a digitalização do sistema, as pessoas mais idosas se atrapalham. E foi o que aconteceu: os eleitores acima da faixa dos 70 anos perguntavam aos mesários - o que é proibido - o que deveriam fazer. O engraçado é que eleitores acima dos 70 anos estão completamente dispensados do voto obrigatório. Ou seja, lhes é facultado o direito de votar ou não. E eles votam. Gosto disso.


Teremos o segundo turno para a escolha do próximo presidente, dentro de 28 dias, entre a candidata Dilma Rousseff, do PT, e o candidato José Serra, do PSDB. Dilma teve 46,87% do total dos votos válidos (exceto as abstenções, brancos e nulos), com 47.532.695 votos ante os 32,63% de votos de Serra, que teve 33.086.757 dos votos válidos. A terceira candidata, Marina Silva, do PV, teve 19,35% dos votos válidos, com 19.624.124 votos. Os demais votos foram para outros seis candidatos. 


Do total de votos, a abstenção foi alta: 18,16% do total, o que significa 24.657.476 votos. Outros 6.110.297 milhões de votos foram anulados pelos eleitores. E mais 3.478.614 foram votados em branco. De forma que os votos válidos foram 101.505.337. Isso significa que 31 milhões de eleitores lavaram as mãos e abstiveram-se de tomar qualquer decisão quanto ao futuro chefe do Estado deste País. É um percentual alto, de quase 25% sobre o total dos votos - 136.004.825.


Como já é histórico no Brasil, o fato de um presidente ser querido pelas massas - como é Lula, que tem mais de 80% de aprovação popular - não significa uma transferência automática de votos para a candidata por ele indicada, Dilma. Desse percentual de aprovação de Lula, ao menos 30% não foram nem um pouco influenciados pelo atual presidente. De forma que Dilma e Serra disputam o segundo turno. Como se sabe, é quase como partir do zero. Os dois candidatos terão 28 dias para provar ao eleitor que podem governar o Brasil. Como antes, fico com Dilma Rousseff.


No Estado de São Paulo, o mais alto cargo executivo será exercido por Geraldo Alckmin, do PSDB. Alckmin teve 50,64% dos votos válidos. Foram 11.512.745 eleitores que o escolheram. Há ainda alguns resmungos por conta dos candidatos anões que tentam levar o pleito para o segundo turno e, portanto, veremos os desdobramentos durante esta semana. De qualquer forma, votei no candidato Fábio Feldmann, do PV, que ficou em 5º. lugar na disputa, com 939.727 votos válidos, ou 4,13% do total. 


Portanto, não elegi o governador de São Paulo. Tenho verdadeira ojeriza ao PSDB - partido de José Serra, Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse partido, surgido a partir de cisão do PMDB, nunca foi oposição ao PT de Lula e tem uma postura muito conhecida aqui no Brasil que é ficar em cima do muro. O símbolo do PSDB é um pássaro, tucano, e costuma-se usar o neologismo "tucanar" para dizer que se está a ficar sobre o muro, sem se decidir a ir à esquerda ou à direita e, sendo assim, sem sair do lugar. De Serra, FHC e companhia tenho paúra pela forma como lidam com o poder público e, principalmente, sou totalmente contrário aos modos totalitaristas de José Serra, um ex-exilado político que se esqueceu do passado. FHC, por sua vez, esqueceu-se de textos que publicou enquanto sociólogo. Que fiquem nos ricos escritórios que mantêm em SP e permaneçam em aveludados muros.


Quanto ao Senado Federal, votei na Marta Suplicy, do PT, e em Ricardo Young, do PV. Marta foi eleita para senadora pelo Estado de São Paulo e vai para o Congresso Federal. A agora senadora teve 8.301.713 votos, ou 22,60% da totalidade. Young ficou em 4º. lugar, com 11,22% dos votos válidos, ou 4.114.479 votos. Como são apenas dois senadores no Estado, Young perdeu a vaga.


Para deputado federal, a palhaçada se confirmou: Tiririca, um analfabeto ou um alfabetizado funcional, foi o recordista de votação no Estado de São Paulo: foram 1.352.726 votos, o que o deixa distante na liderança pelo cargo, com 6,35% do total dos votos, longe do segundo colocado, com apenas 2,63% do total. O Estado de São Paulo tem direito a eleger 70 deputados federais. No Congresso Nacional, são 513 deputados federais e mais 81 senadores. O meu próprio candidato, Sargento Fernando, infelizmente, ficou na longínqua 356ª. posição, entre 1.169 candidatos, com apenas 0,02% dos votos válidos, ou minguados 3.356 votos. Para um Estado que tem uma base de 30.289.723 eleitores, dos quais, se 2% fossem gays, equivaleriam a 600 mil votos, me pergunto: onde estão os gays desse que é o maior colégio eleitoral do País? O gay power serve para reunir quase 2 milhões de pessoas na Parada Gay de São Paulo e não tem power para colocar um gay no Congresso Nacional! Gays do Estado de São Paulo: política é chata, mas, a continuar assim, os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros continuarão no limbo. Adeus direitos civis! É hora de fazer valer o pink power!


Por fim, a propósito de gays, a minha candidata a deputada estadual, a Salete Campari, ficou na minguada 409ª. posição, num ranking de 1.787 candidatos. Com 0,03% dos votos válidos (os mais de 30 milhões do Estado), teve apenas 5.402 votos. Ainda assim, foi um desempenho melhor do que o candidato a deputado federal, Sargento Fernando, mas não o suficiente para conduzi-la à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que comporta 94 deputados estaduais. Note que apenas o eleitorado da cidade de São Paulo passa dos 8,3 milhões de eleitores. E a candidata teve apenas 5,4 mil votos! Incrível! Uma danceteria grande da cidade, em dia de festa, junta mais gente que a quantidade de votos. Ah, os gays só querem saber de balada mesmo. Uó!


De forma que, da totalidade dos meus seis votos, apenas um se converteu, definitivamente, em voto válido: a única candidata que posso afirmar, com certeza, que elegi, foi a senadora Marta Suplicy. De resto, de Dilma a Salete, não elegi mais ninguém nessas eleições. Isso não quer dizer que me arrependo, de forma alguma. Escolhi conscientemente meus votos e acredito que fiz o certo. Não acredito em voto útil, aquele pelo qual uso o meu voto para prestigiar candidatos que têm chances de serem eleitos. Votei conforme os meus princípios e, de novo, ainda que o voto seja obrigatório, ainda assim é um exercício de cidadania democrático. Com a informatização do sistema eleitoral brasileiro, o certo é que as fraudes são praticamente inexistentes e somos, o Brasil, no mundo, o único caso que consegue apurar mais de 136 milhões de votos em pouco mais de 7 horas. Parabéns a todos e vamos ao segundo turno! Eu vou com Dilma.


P.S. Houve um uso intensivo das redes sociais pelos candidatos nessas eleições. E o Facebook colocou um gadget para que cada usuário assinalasse que havia votado. Até as 23:55 deste domingo, haviam confirmado o voto (no Brasil e no exterior) 450.664 facers.


(*) Este post foi editado às 23:55, quando estavam apurados 99,83% dos votos e, portanto, os números diferirão com pequenas variações. Nada que mude nada.

sábado, 2 de outubro de 2010

Brad, Trevor e Ryan: esses caras sabem absorver como ninguém

Assista e depois vote qual é o bofe que melhor te absorve. Ah! Você não entende nada em inglês? Who cares, by the way? OK, again: e quem se importa?







A dica é do blog Everything That Does In My Mind. Hipérion, é o que vai na minha mente também, sabe? É, Brad, Trevor e Ryan. Não necessariamente nessa sequência. Meu voto vai para o Trevor.


Vote aqui para personalizar o seu próprio absorvente:


Boca de urna

Faltam apenas algumas horas para as eleições 2010 nas quais elegeremos o novo presidente, os novos governadores dos estados, novos senadores e novos deputados federais e estaduais. A previsão é que cada eleitor(a) gaste, em média, três minutos para concluir a votação nos seis candidatos.


Eu preparei uma cola, conforme instruções da Justiça Eleitoral.


Aproveito e faço a minha própria boca de urna, conforme a cédula abaixo.




Tem uma série de aplicativos na internet para quem quiser levar a cola para a seção eleitoral. Eu, que sou chique, também tenho aplicativos no iPhone para a cola, para acompanhamento das eleições e, finalmente, para a apuração, quase em tempo real.




Boa eleição para você! A despeito da obrigatoriedade, é um processo democrático.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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