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domingo, 26 de junho de 2011

Meu rugido dominical



Nesta próxima terça-feira, 28 de junho, celebram-se 42 anos dos eventos que aconteceram no Stonewall Inn, bar e, agora, ícone gay, que fica na 53 Christopher Street, no Greenwich Village, tradicional bairro gay da cidade de New York. Por puro esquecimento, quando estive no TriBeCa Grand Hotel, há apenas 1,1 km de distância, não fui até lá registrar o local histórico, que permanece em atividade até os dias de hoje.


Sem os acontecimentos do Stonewall, a Parada Gay que aconteceu em São Paulo neste domingo, 26, não seria possível. No dia 28 de junho de 1969, o bar Stonewall sofreu uma batida da polícia. É bom recordar que, na década de 60, o homossexualismo, nos Estados Unidos (e em muitos outros países) era considerado uma doença mental.


A batida policial foi feita justamente para prender os gays que estavam no bar por "atos obscenos" ou "imorais". Mas, naquele exato dia, os frequentadores, cansados da atitude policial e social contra eles, resolveram enfrentar a polícia. Os protestos se expandiram de dentro do bar para o bairro e, dali, tomaram corpo em todo o mundo. Foi o primeiro ato de resistência pública dos gays e marcou a reviravolta pelos direitos dos homossexuais. Um ano mais tarde, em 1970, os mesmos frequentadores que haviam confrontado a polícia realizaram a primeira parada gay da história. O canal pago GNT transmite parte dessa história no documentário "A Revolta de Stonewall", na madrugada desta segunda-feira, 27, à 0:30 hora.


Portanto, a Parada Gay de São Paulo, em 15ª. edição, somente existe porque houve, antes, Stonewall. Até o momento, a organização não divulgou os números oficiais do evento, mas, espera-se que os participantes tenham chegado aos 4 milhões de pessoas, número superior ao da edição do ano passado, o que a torna uma das maiores gay pride do mundo.


Com tudo isso, a mesma avenida que serve de cenário principal para a Parada Gay de São Paulo, a Avenida Paulista, foi, entre o ano passado e este ano, palco de vários atos violentos contra os gays. O que significa que, passadas mais de quatro décadas e com o apoio explícito de 4 milhões de pessoas que acompanham a Parada Gay de São Paulo, o preconceito está perto o bastante para que as pessoas vivam suas vidas (sexualmente e integralmente) da forma como quiserem.


Na minha curta estadia em NY, fiquei na região gay por excelência da cidade: entre TriBeCa, SoHo e Greenwich Village. Mas, andei por outras regiões também e o que vi, em toda a cidade, do aeroporto ao Central Park, foi o respeito mútuo. Vi casais gays em todo lugar. E não vi preconceito. Não vi olhares estranhos dirigidos a ninguém. Foi o que eu mais gostei na cidade, conforme postei outro dia.


As relações homoeróticas datam da mesma época do aparecimento do homo sapiens, há mais de 12 mil anos a.C. Por ora admitida (Grécia antiga na Antiguidade), por ora punida (Inglaterra e grande parte da Europa na Idade Média), por ora considerada crime capital, punível de morte (grande parte do Oriente Médio e África nos dias atuais), a homossexualidade sempre provocou reações as mais diversas.


Tenho experiência o bastante para saber que estamos longe de uma vida nova iorquina, infelizmente. Mas, também estamos longe de países como o Egito e o Iraque, que podem conduzir gays à morte apenas pelo fato de serem gays.


Ontem mesmo uma amiga me relatou que, cada vez mais, ela ouve gays se dizerem cansados do apêndice 'gay'. Funciona assim: ele é jornalista e gay. Ou: ele é médico e gay. Ainda: ele é ator e gay. Ninguém diz: ele é piloto e heterossexual. Ou: ele é engenheiro e hetero. Ainda: ela é diretora e hetero.


Eu também estou exausto desse apêndice. É como se a certidão trouxesse inscrita a palavra. Ou como a identidade oficial minha dependesse de ter tal definição para eu ter uma identidade completa.


Não participei da Parada Gay hoje. Por uma série de motivos que não vêm ao caso relatar. Temo que haja uma carnavalização do evento. Ainda assim, muito melhor tê-la, com tanta gente a simpatizar com a gente, que ter apenas o silêncio. Isso não impede, contudo, que, na rotina do dia-a-dia, o preconceito prevaleça. Hoje mesmo, domingo, 26, dois eventos praticamente se cruzaram: um jogo de futebol (Corinthians e São Paulo, às 16 horas, no Pacaembu, que é entorno da Paulista e da Consolação) e a Parada Gay (cujas principais vias são exatamente a Avenida Paulista e a Consolação). Li que os policiais tomariam o máximo de cuidado para que os "dois diferentes públicos" não se encontrassem. Vê? É disso que falo. Enquanto houver, na cabeça das pessoas, "diferentes públicos", não há parada que resolva a parada!


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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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