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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Semana de Gastr(ite)onomia


Esta semana, conforme eu disse no post de sexta-feira passada, ocorre a Semana de Gastronomia da minha faculdade e esse é o motivo pelo qual eu não tenho postado os Rastreios por aqui. A semana é de gastronomia, mas, poderia ser chamada de Semana da Gastrite também, tamanhos são os sintomas de incômodo e mal-estar que provoca nos participantes.


Como alunos, somos obrigados a participar, sob pena de sermos punidos com faltas. Esse é o primeiro sintoma: não há livre-arbítrio. Uma semana de gastronomia deve, sobretudo, atrair pelo conteúdo, e não de forma compulsória.

A abertura ocorreu na segunda-feira, fora da faculdade e eu, mui gentilmente, declinei da participação. Simplesmente não fui, como a imensa maioria. Nos dias subsequentes, havia me inscrito em diversas palestras e workshops: cozinha italiana, vinhos, cozinha contemporânea.
Na terça-feira, fui ao evento para assistir à palestra sobre a cozinha italiana. Veja bem: são apenas palestras teóricas, sem degustação ou grandes aprofundamentos em relação ao que já aprendi sobre a Itália. Claro que não esperava maiores novidades. Mas, pensei, não me custa nada ir e participar.

Na própria terça-feira, soube que todos nós teríamos que cozinhar durante os três dias subsequentes para preparar as produções para hipotéticos 100 convidados. As produções eram comida de boteco: petiscos, canapés e comidinhas. Há duas ou três semanas, preparamos e entregamos as fichas técnicas com nossas respectivas propostas para comida de boteco.

Particularmente, fiz três fichas, baseado em diferentes botecos e bares de São Paulo: Bolinho de Arroz com Tomate (inspirado no cardápio do Consulado Mineiro), Calabresa Acebolada (igualmente inspirada no menu do bar Veloso) e Manjubinha no Fubá (do Genuíno).

Meu critério foi buscar, nesses bares, referências atuais do que se serve na chamada "baixa gastronomia" e também conforme o grau de sofisticação do prato: simples (Calabresa), médio (Bolinho de Arroz) e mais elaborado (Manjubinha).

Até ontem, quarta-feira, eu estava certo de que não havia nenhum problema com essas produções que, conforme o proposto, atendiam aos requisitos de comida de boteco. Que equívoco!

Quando cheguei na cozinha, havia um caos instalado. O responsável pela coordenação dos vários laboratórios estava visivelmente contrariado com tudo: das fichas à nossa pretensa falta de organização.

Nos disse que como várias fichas estavam sem nome (de alunos), a maior parte dos ingredientes não havia sido solicitada. Que éramos incompetentes, semelhantes a classes primárias etc. etc.

Quanto ao meu grupo, eu disse de onde havia tirado as propostas e ouvi que minhas sugestões eram "bregas". Bem, não sei quanto ao coordenador, mas, uma rápida passada no Consulado Mineiro, no Veloso ou no Genuíno desmontam, de imediato, a tese da breguice. Esses lugares vivem cheios e são referência em listas de bares e botecos.

Ouvimos, no geral, muitos desaforos e, no todo, três classes foram desqualificadas. Repare que somos todos do último módulo e que, por isso, teoricamente, estamos aptos a cozinhar qualquer tipo de prato.

Mas, ao contrário, fomos humilhados e tivemos que nos virar com meia dúzia de ingredientes. Até mesmo as produções escolhidas foram penalizadas. Para a minha bancada, por exemplo, sobrou o preparo de um petisco à base de carne de porco. Mas, acredite, não havia carne de porco.

O que se viu foi uma das maiores confusões, muito stress e tiros para todos os lados. Não vou nem colocar aqui os reais motivos de tanta confusão - tenho teorias particulares a respeito. Mas, a apenas dois meses da conclusão da faculdade, creio que podemos, os alunos, ser muita coisa, exceto incompetentes e "bregas".

A maior parte de nós sempre está pronta para entrar na cozinha e trabalhar. E produzir tudo. Devo dizer que, com toda a confusão e entre caras e bocas, ainda assim as produções - que já não são as originalmente escolhidas - saíram, a despeito da incompetência coletiva.

Hoje, quinta-feira, já decidi que não apareço na faculdade. Não tenho a mínima vontade. Assim com vários colegas. Na sexta-feira, teremos que finalizar essas produções, que estão todas pré-preparadas. Irei, porém, sem o respectivo impulso, apenas por obrigação.

Esse tipo de evento pressupõe que haja visitantes e convidados. Mas, simultaneamente, não podemos convidar pessoas que não têm ligação com a faculdade. O que me faz concluir que seremos apenas nós - alunos e professores - os destinatários das produções.

Portanto, bato mais uma vez numa única tecla: qualidade. Se uma faculdade de gastronomia (e de outras qualificações) não consegue - e não quer, por motivos financeiros - organizar uma simples semana correlata, oras!, o que esperar? Que façamos, os alunos, milagres com peixes e pães?

O problema central, e não mencionado pelo coordenador, é que a direção simplesmente não investiu. Nem em ingredientes e tampouco em infra-estrutura. E aí, caro(a), fica difícil tirar leite de pedra, ou melhor, converter mão-de-obra qualificada (nós) em aprendizes de feiticeiros de Harry Potter, onde basta tocar a varinha para fazer descer à mesa banquetes ou, como se pretendia, apenas petiscos de boteco. E tudo isso aqui não é, garanto, conversa de botequim.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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