The book is on the table
Não sei porque, mas, de repente, me vi com dois dos títulos mais representativos do que a ars poetica tem de clássico: "Orlando Furioso", de Ludovico Ariosto; e "Paraíso Perdido", de John Milton. Eu, leitor contumaz, admito que a prosa me atrai muito mais do que a poesia. Mas, outro dia, li em algum lugar sobre essas duas obras e me deu vontade de conhecê-las.
A versão definitiva (se é que existe tal conceito) de "Orlando Furioso" ficou pronta em 1532. "Em tempos loucos de guerra, o amor transforma um homem sensato em louco furioso ... Canto da loucura que levanta polêmicas no Renascimento, quando as regras racionais pretendem impor-se até à poesia ... É o caso do guerreiro Orlando que, por amor de Angélica, bela princesa oriental, deixa o exército cristão de Carlos Magno e começa a busca que o enlouquecerá ...", explica a editora na contra-capa do livro.
A edição de "Orlando Furioso" é primorosa, com introdução, tradução e notas de Pedro Gacez Ghurardi e ilustrações de Gustave Doré. A editora, Ateliê Editorial, não economizou no lançamento dessa preciosidade: assim como na publicação de Finnicius Revém (Finnegans Wake), de Joyce (5 volumes, os quais adquiri e li há uns três anos), a edição de "Orlando Furioso" é bilíngue, em português e italiano. Estou no início da leitura e já estou apaixonado pela fúria de Orlando.
O outro livro, "Paraíso Perdido", de Milton, é o grande poema épico da língua inglesa, assim como Dante fez com a "Divina Comédia" e Camões com "Os Lusíadas". O "Paraíso Perdido" foi publicado em 1667 e compõe-se de 12 cantos (ou livros), inspirados no Gênesis, da Bíblia. Adão e Eva perdem o paraíso (a queda) e, segundo Milton, é Eva que induz Adão à queda. No entanto, Adão sabia que perderia o paraíso ao se aliar a Eva no "pecado" e, mesmo assim, não hesita em segui-la. Para contar a queda de Adão e Eva, o papel de Satã e dos anjos e até a morte de Cristo, Milton entoa nos 12 cantos os versos dessa epopéia antes de tudo puritana e moralista (da Era Elizabetana). O poema trata, sobretudo, da tentação e da queda do primeiro homem.
Não sei porque se me acometeu a poesia, assim, em dose dupla. Se estou em busca das Fúrias ou da redenção, não sei dizer. Devo confessar, porém, que a mim me encanta mais o louco furioso do que o homem redimido pelo sacrifício do deus. Lá (paraíso) ou cá (Orlando em fúria), estou contaminado por Ariosto e por Milton. É meu resgate da poesia, já que há muito li Dante (Divina Comédia), Goethe (Fausto) e os nacionais Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado e João Cabral de Melo Neto (A Educação pela Pedra).
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