Rastreio de Cozinha - 135
Tempestade num dia, calmaria no outro. Isso foi o que ocorreu nas aulas desta quinta-feira. Fora da classe, foi o contrário: a calmaria foi ontem e a tempestade hoje, com ruas alagadas por todo lado. Ainda bem que eu já estava na faculdade. Do contrário, à fúria do tempo eu somaria minha própria fúria porque, certamente, as mudanças climáticas radicais de São Paulo provocam alterações por toda parte: trânsito, metrô, ônibus, carros e pessoas.
Foi uma quinta-feira relativamente calma, dadas as circunstâncias: as notas da P1 de Marketing e de Projetos II (TCC) foram divulgadas e, embora eu não tenha tido uma atuação exatamente brilhante, por enquanto, estou satisfeito.
Hoje também foi o dia em que, finalmente, me tornei 2º. e 1º. cozinheiro, simultaneamente. Recebi os dois certificados de uma só vez. Comentei há algum tempo sobre a certificação após cada módulo. No 1º. módulo, introdutório, não há certificação. No segundo, recebemos (se não tivermos pendências como dependências - DP ou atividades extra-curriculares incompletas), o certificado de 2º. cozinheiro. No 3º. módulo, recebemos o certificado de 1º. cozinheiro. E, finalmente, no 4º. módulo, no qual estamos atualmente, ao fim e ao cabo, se a Tentativa de Cabar Comigo não for bem-sucedida, receberemos o certificado de cozinheiro internacional.
Por enquanto, porque sim, olho para os certificados e vejo apenas longas jornadas noite adentro de aulas e mais aulas. Ainda não sei se arquivo os certificados no meio de velhos atlas ou dicionários ou se me quedo a olhar para entender exatamente o que se passou nos últimos 12 meses. Porque sim.
Aos poucos, somos informados de nossas notas de P1, com ou sem sofrimento, e nunca sem um gemido dolorido. Passada essa etapa, nos restarão apenas intermináveis cobranças. Temos à frente cinco disciplinas envolvidas diretamente com o TCC, duas com eventos, uma com vinho e outra com aulas práticas. Do total, faremos, na P2, três provas. As demais notas serão obtidas a partir da evolução do TCC.
O bom do dia é que acabei no boteco. Nenhuma novidade. A não ser o fato de que estava num lugar exquisito com Patty Diphusa. Como o meu grupo de TCC cumpriu as tarefas agendadas até a última aula, há duas semanas, fomos dispensados e saímos relativamente cedo.
Foi o suficiente para eu ganhar a vida no metrô e sair na Paulista a tempo de tomar uma chuva, ressaca já da tempestade das 19 horas. Caminhei mais algumas quadras e eis-me no Exquisito, boteco equivalente ao nome e com seres que se adequam ao local.
Entre histórias de dependências de surras, uma grande dose de inveja que se arrasta feito areia movediça, incredulidade e posterior credulidade nos astros, Patty e eu passamos boa parte da noite com muito riso e pouco siso. Foi o melhor fecho para uma quinta-feira que começou com compromisso matutino, daqueles que faz a pele de pêssego se converter em maracujá seco.
Odeio o início da manhã, aka 8 horas. Ah! O quê? Sim, entendi. Para você, manhã é 5 ou 6 horas! OK! Cada um com seus problemas. O meu reside no fato de que corpo e cérebro combinaram desde criancinhas que 7, 8 e 9 horas são inimigos deste blogueiro que vos posta.
O organismo se rebela, os olhos não abrem, como nos meus primeiros três meses de vida, e o sol que ilumina a cidade parece uma fornalha que me consumirá em chamas tão logo eu ponha os pés (os quatro porque não tenho equilíbrio de manhã) para fora de casa.
Assim, munido apenas de uma mecânica robótica que insiste em seguir o script para mim roteirizado, saí de casa cedo e fiquei 1:30 hora para chegar ao longínquo país de Santo Amaro. Quando lá cheguei, a caatinga que eu havia deixado na cidade, aka Avenida Paulista, converteu-se em Saara. Pequenas flechas fatais me atingiram e fiquei feito Ícaro quando chegou perto do sol. Ardia!
Fiquei no local, comprometido, cerca de duas horas, tempo suficiente para assistir a três palestras, anotar informações, entrevistar duas pessoas, conversar com conhecidos, tomar uma xícara de café, tomar de colher um inesperado mousse de manga, tomar água, tomar mais uma xícara de café, me despedir, acender um cigarro, esperar o carro e voltar ao Paris-Dakar.
De volta, num equilíbrio insano entre as pistas estreitas daquela estrada que conduz para fora dos limites do país de Santo Amaro, arfei com a falta de ar, gotejei feito propaganda de refrigerante gelado e atingi o clímax quando a Paulista avistei. Em casa! A salvo!
O coração aos solavancos devagar sossegou. Uma vez desintegrado da urbe, o contato com um grande número de vias, veículos e bípedes como eu me exauriu. Porque sim!
2 Comentários:
Nossa, adorei seu blog! Em especial o post de junho. Cheguei até aqui por um acaso, e tinha a maior preocupação de see podia ou nao usar piercing (orelha) dentro de uma cozinha industrial. Faço Nutrição. Sei que não é permitido, mas ainda me restava uma ponta de esperança; e vc falou do lance do esparadrapo!!! Não sabia! Onde é seu piercing? Gostaria de te escrever, vc pode me passar seu email?
Oi Carolina, tudo bem? Você pode me enviar mensagem no e-mail do blog: menosordinaria@gmail.com, que consta na coluna ao lado dos posts. Obrigado pela visita. Beijo!
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