Rastreio de Cozinha - 133
Há tempos eu não reclamo por aqui do metrô, mas, nas três últimas semanas, todo o sistema está um caos. Pelo menos no último mês, três usuários caminharam nas vias enquanto eu fazia o percurso de ida ou de volta. Isso significa que todas as composições têm que parar até que o indivíduo - suicida, louco ou apenas cansado de esperar tanto pelos trens - seja detido pela segurança do metrô.
Até que isso ocorra, todo o sistema já foi afetado, com atrasos, acúmulo de passageiros e lentidão. Na semana passada, houve algum problema técnico entre as estações Carandiru e Tucuruvi (linha azul), o que atrasou todos os demais trens da linha inteira. Isso ocorreu no horário de rush, às 18 horas. A estação Paraíso tinha mais gente do que, provavelmente, os futuros shows de Madonna reunirão no Brasil.
Finalmente, hoje não foi diferente. Me atrasei por conta de trabalho e de entrevistas afinal não-concretizadas e tomei o metrô às 18:45 horas. Portanto, imaginei que já estivesse, ao menos, mais vazio. Ao contrário, estava ainda mais cheio de gente. E a chuva que desabou na capital na tarde de hoje não ajudou em nada. É assim: uma garoa e o metrô para. O sistema, pelo visto, não é impermeável ou então é feito de açúcar. Chuva, ruas alagadas, metrô parado.
Novamente, o Paraíso estava um inferno, com pessoas que formavam ondas (lembra da ola?) a cada trem que encostava na plataforma. Depois de quatro ou cinco trens lotados, passou um vazio e levou pelo menos a metade dos passageiros. Fui embarcar uns três trens depois. Já eram 19:20 horas. Quando cheguei, finalmente, à faculdade, eram 19:40 horas. A primeira aula me foi tomada pela baixa qualidade de serviço do metrô de São Paulo.
Ah! Mas, antes que você me classifique como rabugento, teve algo de agradável: aula de degustação de vinho. E aí tudo volta aos trilhos. Ou desanda de vez, só que de forma mais lúdica. A aula de Enologia e Enogastronomia foi de vinhos espanhóis. Já abordei alguma coisa sobre uvas da Espanha aqui no blog. Mas, quando se trata de vinho, até mesmo um post pode ser repetitivo, quer dizer, da mesma forma como é este blogueiro que vos escreve, quando em estado de embriaguez.
A Espanha é o país que tem a maior área cultivada em vinhedos em todo o mundo. São 54 regiões DO (Denominación de Origen). Os vinhos espanhóis são classificados em três níveis de qualidade:
1. Vino de mesa: vinho inferior, que pode ser produzido em qualquer região da Espanha, não se enquadra na categoria DO.
2. Vino de la tierra: vinho de mesa um pouco mais sofisticado, produzido em regiões vinícolas tradicionais como Andalucía e Castilla-La Mancha, e que também não se enquadra na categoria DO.
3. Vino de Denominación de Origen: vinho de qualidade, produzido em região delimitada e sujeito a regras que determinam o solo, o tipo de uva, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento etc. O DO é o equivalente espanhol do AOC francês e do DOC italiano.
Os vinhos espanhóis também são classificados em categorias:
- Vino Joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año: vinho jovem, pou
co envelhecido.
- Vino de Crianza: envelhecido por, no mínimo, 2 anos
- Vino Reserva: vinho feito das melhores safras, deve ser envelhecido, no mínimo, por 3 anos.
- Vino Gran Reserva: vinho de safras excepcionais, deve envelhecer por, no mínimo, 5 anos.
- Vino de Aguja: vinho branco frisante.
- Vino de Licor: vinho doce, de sobremesa, fortificado.
- Vino Dulce Natural: vinho doce, não-fortificado, para sobremesa.
- Vino Gaseificado: vinho tranquilo (não-espumante), elaborado com adição de gás.
As principais regiões produtoras de vinho espanhol são:
- Ribera del Duero: fica ao norte de Madri, em Castilla-Leon, e disputa a qualidade com os vinhos de Rioja. As uvas permitidas nessa região são a Tinto Fino (ou Tinto de País), que é uma variação da casta Tempranillo, de Rioja; a Cabernet Sauvignon, a Merlot e a Malbec. A casta Garnacha, também permitida, é usada para a produção de vinho rosado.
- Rioja: é uma região próxima de Vitória, capital do País Basco. Foi a primeira região espanhola a projetar o vinho espanhol para o mercado mundial e detém o título de maior região produtora da Espanha. Foi, ainda, a primeira região a adotar as categorias Crianza, Reserva e Gran Reserva. Recentemente, a região de Rioja recebeu um nível de qualidade diferenciado: DO Calificada. Rioja produz vinhos tintos encorpados e leves (clarete) e também brancos e rosés, em menor quantidade.
- Jerez: situa-se ao sul de Sevilha. É da região que nasce o Jerez, fortificado como o vinho do Porto de Portugal. O Jerez precisa envelhecer por, pelo menos, três anos. Há oito tipos de Jerez:
- Fino: pálido, cor de palha, seco, com aroma de torrefação e de nozes, seco e leve ao paladar.
- Manzanilla: feno muito seco, com aroma e gosto de brisa marítima.
- Amontillado: de cor âmbar, é seco e tem aroma de nozes. Na boca, é macio e encorpado.
- Oloroso: seco, pode ser doce, de cor âmbar-mogno, com aromas fragrantes e também de nozes.
- Palo Cortado: seco e envelhecido.
- Pale Cream: de cor palha, com aromas de torrefação e macio e doce ao paladar.
- Pedro Ximenez: doce.
- Cream: oloroso muito doce feito com a casta Pedro Ximenez. É doce, redondo e aveludado.
Se o Jerez é o equivalente da Espanha ao Porto de Portugal, as cavas são o equivalente espanhol do champagne da França. As cavas são espumantes finos e acompanham aperitivos secos e doces de sobremesa.
Os vinhos degustados na aula de hoje foram dois. O primeiro era do tipo Aguja, produzido a partir da casta Moscatel, e que vai bem com mel, pêssego e tender. O segundo vinho degustado foi uma cava (ou espumante). E, para falar a verdade, eu não gosto de espumantes. Como disse o professor, é para ser servido em festas mais populares, com grande número de pessoas. Hummm! Soou meio esnobe, mas, caramba! O tal do espumante não tem aroma e nem gosto. É ruim! E pronto: fechou a segunda-feira!
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