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domingo, 30 de setembro de 2007

Livro da Criação da Criança (Pequenos Midrashim)

"No início, os pais do homem copulam. Isso cria uma gota na qual Deus introduz o espírito do homem. Em seguida, pela manhã, o anjo leva a gota até o Paraíso e, à noite, até o Inferno, mostrando-lhe onde ela viverá sobre a terra e onde será enterrada quando Deus chamar o espírito nela instalado ... Mas o anjo devolve sempre a gota ao corpo da mãe, e o santo, louvado seja, tranca em seguida portas e ferrolhos. E o santo, louvado seja, diz-lhe: Vai até lá, e não mais longe. E a criança permanece nos flancos da mãe durante nove meses. Depois vem: A criança come de tudo que sua mãe come, bebe de tudo que sua mãe bebe e não elimina excrementos, pois, se o fizesse, causaria a morte da mãe. E depois: E quando chega o momento em que ela deve vir ao mundo, o anjo apresenta-se à sua frente e lhe diz: Sai, pois é chegado o momento da tua aparição para o mundo. E o espírito da criança responde: Já declarei, perante aquele que lá esteve, que estou satisfeito com o mundo em que vivi. E o anjo lhe responde: O mundo para o qual te levo é belo. E depois: À tua revelia foste formada no corpo da tua mãe e à tua revelia nasceste para vir ao mundo. A criança cai no choro. E por que chora ela? Por causa do mundo em que viveu e que é obrigada a abandonar. E, assim que ela sai, o anjo lhe dá um tapa no nariz, apaga a luz acima da cabeça dela, obriga a criança a sair a contragosto e a criança esquece tudo que viu. E mal ela sai, começa a chover." Extrato do livro "As Benevolentes", de Jonathan Littel (Alfaguara, São Paulo, 2007), sobre o qual comentarei quando terminar de ler.

Meu rugido dominical

Nesta segunda, 1º., começa a nova novela das 9 da Globo, "Duas Caras". Acabei de ler entrevista com o autor, Aguinaldo Silva, na Folha de S.Paulo, na qual ele admite que o vilão da estória é inspirado no ex-ministro Zé Dirceu. Como se sabe, Zé Dirceu era a eminência parda e a outra face de Lula, aquela que o presidente prefere esconder em público. Zé Dirceu era a cara obscura do poder, a face das negociações, dos acordos e das maracutaias. Tecelão do tapete presidencial, Zé Dirceu foi defenestrado porque sua face revelou-se uma carranca e, como se sabe, Lula tem uma cara carismática e é do bem e, portanto, não combina com o outro lado, negativo e nefasto, que o poder traz. Não acredito na hegemonia ideológica ou em princípios traçados lá atrás, românticos, para me decepcionar com qualquer coisa que seja, na política ou na vida. Mas, acredito que todos temos duas caras. Não sei se em proporções tão farsescas quanto o são as máscaras do carnaval de Veneza. Porém, nossas faces podem ser, creio, obscuras ou simpáticas a ponto de não sermos reconhecidos por aqueles que imaginam que nos conhecem. A necessidade de portar duas caras vem da ânsia de satisfazer o outro ou de defender-se do outro. É uma estratégia até prosaica do ser humano: na defesa e no ataque, sempre, com uma máscara apropriada para cada ocasião. As novelas da Globo tendem, ainda que muitos o neguem, a criar pautas no debate nacional. Não será diferente com "Duas Caras". Quem pode afirmar que é o mesmo agora, neste exato momento, e daqui a dois, três minutos? Somos suscetíveis às mudanças, camaleões que se adaptam por necessidade de afeto, sobrevivência ou aceitação. Podemos ser outras caras para o desafeto, para a falta de amor, para a rotina e a pressão por vezes esmagadora do dia-a-dia. Você, por exemplo, não "fecha a cara" quando é contrariado? Ou, não "abre a cara" num sorriso se recebe um olhar, uma notícia ou um carinho? Pois é. Somos "duas caras" constantemente. Encontrar o ponto de equilíbrio entre a cara primitiva que quer saltar no pescoço alheio e a cara civilizada que admira uma nota lírica é que delimita a minha, a sua, a nossa face pública. Vilania e heroísmo são coadjuvantes na história da humanidade. Acredito, mesmo, que é da natureza do homem. Agora, definir com que cara você vai para a festa, aí já é opcional.

sábado, 29 de setembro de 2007

Permaneça desatualizado!

Saiu no IDG Now: a atualização do iPhone, liberada na quinta-feira (27/09), faz com que os iPhones destravados fiquem inutilizados. A própria Apple alertou no início da semana que o update 1.1.1 inutiliza telefones que foram desbloqueados para uso em outras operadoras além da AT&T, a única autorizada a prestar serviço para o aparelho nos EUA. Todo o restinho do mundo e usuários como eu e você podemos ficar sem o precioso. A atualização desabilita a técnica “Jailbreak”, que permite aos usuários instalar softwares não-suportados no iPhone. É a segunda atualização que a Apple faz desde o lançamento do iPhone, em 29/06/2007. A primeira atualização foi liberada em 31/07/2007. O Querido Leitor complementa e informa que o aparelho trava, mas, com alguma ajuda de softwares, pode voltar a funcionar. Agora, a dica mais legal do QL é que, para baixar os ringtones no iPhone, basta arrastar todos os ringtones em MP3 para a pasta do iPhone. Valeu!

Ordinariazinhas




sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A vida pode ser pesadelo

O publicitário italiano Oliviero Toscani, das famosas campanhas da United Color of Beneton, voltou a provocar. Em Milão, onde ocorre a semana de moda, foram feitos outdoors com a imagem da modelo francesa Isabelle Caro, 27 anos e 31 Kg, que sofre de anorexia desde os 13 (veja a foto). A campanha chama-se "No anorexia" e é para a grife italiana No.l.ita. Embora tenha apoio de estilistas e do governo, a peça é alvo de críticas da Associação para o Estudo e a Pesquisa sobre a Anorexia.

A vida é sonho

Ouvi uma pirilampa dizer que quer borboletear por aí, assim, sem mais nem porquê. Eu, quando resolvo, boto umas asas e faço uns vôos - rasantes ou não - para ouvir o silêncio da madrugada. Às vezes, há mais barulho no silêncio do que sonhava em vida Calderon de La Barca. É bom. Eu garanto. Para felinos como eu, a noite foi feita para ser sentida e vivida. À noite, gatos como eu são pardos. Excuse me!

Buscador de blogs

Acabei de ver essa no Rec6: um buscador de blogs. Manero!! Já cadastrei o meu. Sugiro que você vá lá e cadastre o seu também. É fácil e facilita a nossa vida na blogosfera. Que há tribos, não duvide. Por que não juntar as tribos iguais numa mesma tenda? Dá até para fazer a dança da chuva e, piadinha pessoal, a dança do download, que outra hora eu conto.

Nós que aqui estamos por vós esperamos, by The Sims

Você conhece o filme "Nós que aqui estamos por vós esperamos" e o game "The Sims"? Não!!! Pois comece por aqui. O filme é um dos melhores a que eu já assisti, com a magnífica trilha sonora de Wim Mertens (que está neste vídeo). Este vídeo é uma paródia que mistura o game "The Sims" (jogo de simulação, criado pelo designer de jogos Will Wright em 2000 e distribuído pela Maxis, "The Sims" é o tipo de jogo onde você cria e controla vidas de pessoas virtuais, chamadas "Sims"). No filme, há pessoas reais que controlam e destróem as vidas de outras pessoas. Essas, eu chamo de "Nãos".

Tem mídia nova no pedaço

Estreou mídia nova ontem, 27, com a tão divulgada exclusiva com o presidente Lula. Eu não vi. Agora há pouco, 0:12 horas, procurei no line up da NET Digital e está lá, no canal 93, a Record News. Depois de tanta grita, a Globou liberou, ao que parece, a entrada da concorrente da Globo News na programação de sua TV a cabo. Que bom. Se alguém teme a concorrência, é porque está inseguro com o que faz. Se você não tem o canal, acesse o site mesmo. Está bem redondinho também. Para mim, pessoalmente, a entrada de novos canais (ou jornais, revistas, internet etc.) sempre é uma boa notícia, principalmente no meu campo profissional, o jornalismo. E, para o telespectador, é a possibilidade de ter outras versões, além das já existentes. Aos poucos, quebra-se a monocromia da informação. Bem-vinda, Record News e equipe.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A ambição da loura

O Guiness Book of Records cravou: Madonna é a cantora mais bem-sucedida do mundo. O record estabelecido por Madonna deve-se ao fato da cantora ter ganhado quase US$ 200 milhões por ocasião da 60ª. apresentação da turnê "Confessions", promovida encima do último álbum, "Confessions on a Dance Floor". O Guiness inclui Madonna na categoria "Maior arrecadação por turnê". Esses shows atrairam mais de 1,2 milhão de pessoas. Madonna só perde para os Rolling Stones, que faturaram US$ 447 milhões com a turnê "A Bigger Bang". Os últimos rumores sobre Madonna dão conta de que a híbrida norte-americana/britânica pode deixar a gravadora Warner para assinar com a Live Nation. É um contrato que pode gerar novos US$ 100 milhões para a nada modesta "blond ambition".

Harry Potter quer ser gay

Daniel Radcliffe, o Harry Potter, quer protagonizar o papel de um gay em seu próximo filme. Radcliffe, de 18 anos, que este ano estreou nos teatros londrinos com a polêmica peça "Equus", na qual apareceu nu, insistiu que quer enfrentar o desafio de atuar em um papel gay."Não acredito que me afete particularmente. Nunca fiz antes o papel de um homossexual pelo simples fato de fazê-lo", declarou o ator. "Se o roteiro é bom e o personagem gay é interessante, então não me incomodo. Interpretar personagens que exploram sua sexualidade é um desafio", disse. Segundo Radcliffe, "os papéis que me darão serão personagens que, devido à sua adolescência, estão explorando sua sexualidade". Hummmm!!! Esse Radcliffe é bem sacadinho (safadinho também), eu acho! Quem não gosta dessa estória é a Warner, estúdio que filma a saga de Harry Potter. E as fãs? Não sei. Agora, os fãs mais afoitos, esses, eu sei.

9 anos de Google

Hoje, 27 de setembro, o nada virgem Google comemora nove anos de existência. O que faríamos sem o buscador? A quem recorreríamos? Somos dependentes? A palavra "Google" é um trocadilho com a palavra 'googol', que foi inventada por Milton Sirotta, sobrinho do matemático americano Edward Kasner, para designar o número representado por 1 seguido de 100 zeros. Com acesso a mais de 1,3 bilhão de páginas, o Google oferece resultados relevantes para usuários de todo o mundo, normalmente em menos de meio segundo. Hoje, o Google responde a mais de 100 milhões de consultas por dia. O Google foi fundado por Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes Ph.D de Stanford, EUA, em 1998. Hoje, o valor de mercado do Google é estimado em US$ 161 bilhões. Pode apostar que você contribui para isso: com o uso do próprio Google, do Blogger (e toda a extensão "blogspot"), Orkut, Picasa (programa de foto) e uma série de outras aplicações/empresas de internet. Eu, de minha parte, agradeço por existir dentro do meu computador (eu acredito em duende, sim!)1,000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.0 de homenzinhos que trabalham para mim todos os dias quando eu dou um "enter" (ops!) neles. É muito poder, não é?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Oi, São Paulo!

A Oi será a quinta operadora a atuar no Estado de São Paulo. Restrita até então às regiões Sudeste (exceto São Paulo) e Nordeste, a operadora móvel investiu pouco mais de R$ 80 milhões no maior mercado do País. A cidade de São Paulo, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) era, em maio deste ano, apenas a 12ª. em teledensidade (celular por cem habitantes), com 66,89% de penetração. Com a vinda da Oi, a cidade e o Estado terão Oi, Claro, Vivo, TIM e a Unicel, que ainda não opera. Bem-vinda, Oi. A concorrência sempre faz bem. Outra de tecnologia. O estilista Giorgio Armani abriu uma loja no mundo virtual do Second Life. Na última segunda, Armani lançou um telefone celular com a Samsung. Assim como a LG lançou o Prada, tempos atrás. Os residentes do Second Life (eu, inclusive) poderão comprar artigos de Armani virtualmente com Linden, a moeda do mundo virtual, ou então poderão conectar-se diretamente do Second Life com sua loja online para adquirir roupas não-virtuais. Você percebeu que só deu celular aqui? Para complementar, meu iPhone é lindo e funciona perfeitamente. Seria melhor ainda se, com a vinda da Oi, a minha operadora, Claro, baixasse o preço dos dados ou então lançasse acessos Wi-Fi (redes móveis de curta distância) a tarifas bastantes acessíveis. Senão, eu migro para a Oi, hein, Carlos Slim (gente, eu persigo esse homem e ele nem me dá bola)!

Ativado e desbloqueado!! (carregue as fotos e veja a operadora)







terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quando o mais é menos e o menos é mais?

Antes, acreditava que podia abarcar o mundo em minhas mãos. Hoje, é o contrário. Em geral, estamos nas tuas mãos: sua, dele, do outro, de milhares de outros. Mal damos conta do que temos. Precisamos ter mais braços. E mais cabeças, mais cabelos, mais bunda, mais tamanho, menos peso, mais peito, mais pinto, menos barriga, menos culote, menos pescoço, mais cérebro, menos cérebro, mais coração, menos coração, mais estômago (muiiiiiitttooo mais!). Socoooooorrrrroooo!!!!!!!! Viramos Frankensteins. Precisaríamos nascer dez versões e concentrá-las para atender tanta demanda. Você está descaracterizado naquele momento? Vá ao guarda-roupa e use a cara de hoje, a fachada de cinza, a máscara beje, a carapuça de feio, de bonito, divertido, interessante, asno, débil, maluco, fino, grosseiríssimo, babaca, gentil, odioso, apaixonado. Tudo serve. Camaleões em peso. Vistos de Marte, de Vênus, de Plutão, de Júpiter, creio que somos lagartas verdes, marrons, viscosas, peludas. O que é isso????? Se você bebe muito, você é bêbado. Se não bebe, é um retardado. Se come feito uma jamanta, é glutão. Se não come, é aneroxia. Se se veste mal, é mal informado, coitado! Bem, é fashion victim. Não há meio-termo, já reparou? Tudo é lá ou cá, bem ou mal, céu ou inferno, bruto ou meigo. Que coisa! Você deve conhecer o mito do andrógino. É aquele que explica a nossa (homem e mulher) origem. No princípio, éramos um só (se assexuado, trissexuado ou pan sei lá o quê, já não sei). Enfim, éramos, homens e mulheres (e creio que homem e homem, mulher e mulher e assim por diante, até ad infinitum), um só, uno, único e indivisível. Deu-se o cisma, a queda, a separação, a dissociação, a divisão, o corte. Viramos dois. Complexos, desencontrados, descarnados de unidade. Ninguém mais sabe para que lado correr (nem o caranguejo). É um tropeço só. Confusão. Babel e Bebel juntas, duas putas! Uma, da dissolução. Outra, global, da tentativa de humanizar o que não existe. Somos, desde então, microcosmos de outros seres, não mais do único. Somos clones, montagens, clowns, preparados para dar show, para assistir ao show alheio, para rir e chorar. Todos loucos, incluso os deuses, mais loucos que os loucos daqui. Dá para parar? Eu quero descer.

Eu tenhooooooo, você não teeeeeemmmm!


Eu já tenho o meu. Ontem, tomei posse. Hoje, fucei. Amanhã, livrarei o aparelho do sádico bloqueio. Acompanhe a saga, foto a foto. Inveja mata, sabia????

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Isto não é para você - XVIII

(previously, leia "Isto não é para você - XVII", direto de O Quem)

A personalidade rotativa de Nicole havia ativado algo em Olívia. Ela sentia faíscas no ar. Era a atual Nicole um blefe? Quanto mais a amiga falava, mais Olívia tinha a sensação de uma peça. Parecia tudo uma mise en scène para a grande entrada triunfal. Por que Nicole soava tão abstrata e surreal se tudo o que dizia era concreto o bastante? Parecia um túnel escorregadio, cheio de opções, mas todas assustadoras. "Definitivamente, ela atua para mim, como se eu fôsse uma platéia a ser cativada", pensou Olívia. Mas, por quê? "Não tenho que ser convencida de nada", bradou internamente. Parece que as pessoas tendiam a armar tendas em um grande descampado para construir uma idéia de unidade que não existia, afinal. Um exército de tendas. Todas de papel. Voariam nos primeiros ventos. "Todos somos tão frágeis", analisou Olívia. "Ela também, afinal." Nicole ria-se e nem notava. Falava alto e balançava-se muito. Parecia um pêndulo incoerente. Para Olívia, a amiga estava a ponto de gritar, como um cuco de relógio antigo, fora de hora, totalmente descoordenado com o tempo real. "Você vai o quê?", perguntou Olívia, sem entender direito. "Vou fugir de tudo", respondeu Nicole. "Vou negar tudo, minha vida, Eduardo, meu futuro. Não posso mais. Odeio tudo isso", disse, numa rajada. Olívia sentiu o choque e suportou. Sabia que havia muito mais do que a máscara de boneca de Nicole mostrava. A californiana, antes loura e elegante, se desfazia na sua frente. Parecia uma pessoa em desconstrução. Estava deformada. "Não quero mais nada. Tudo é uma mentira. Sou uma fraude", gritou Nicole. As pombas dispararam em revoada e os pedestres as olharam. Nicole havia começado e não ia parar tão cedo. Caminhavam pelos pedregulhos e tudo o que Olívia enxergava era uma enorme catarse em formação. Nicole se degradava sob seus olhos e Olívia não sabia o que fazer. Bem que sentira, nunca se enganava. Nicole andou a esmo, bamba, trôpega. Agarrou-se no cercado ao redor da árvore e vomitou. As pessoas ainda as olhavam. "Sorry", riu-se Olívia. "Estamos todos doentes, em algum momento", disse, entre os dentes. Caminhou até Nicole e ofereceu-lhe um lenço. "Não, pare, você não entende. O mundo acabou. Eu não sou nada. Sou uma mentira. Minto sobre tudo. Eduardo não me ama. Suporta-me. Sou uma adicta, você não vê? Olhe nos meus olhos: estou negra por dentro, não tenho luz", aos berros, em português, Nicole chafurdava. Nicole lhe apontou os braços, cheios de minúsculas picadas roxas. "Injeto o desafeto em mim. O dejeto. O lixo. Sou coletora da sordidez", disse Nicole, quase num sussuro. Olívia queria fazer perguntas, cutucá-la, chocoalhar Nicole para derrubar aquelas palavras todas. Não sabia como reagir àquilo. Sentou-se no gramado, ao lado de Nicole, e colocou a cabeça da amiga no colo. Nicole entrava em convulsão e tudo o que Olívia via pela frente era Antônio, Helena e Marcelo. Onde estavam todos? Por que estava ali, agachada em praça pública? Por que Nicole estava doente?

(post script, leia "Isto não é para você - XIX" em O Quem)

Venha para Teerã, Caroline!

Você é dessas pessoas que quando te olham (um olhar comum, sem intenção nenhuma, até mesmo porque você está na linha de visada da pessoa) diz para si: olhou, levou! Se este é o seu caso, de desespero em causa própria, mude-se para o Irã. Numa reportagem bastante ampla, Adriana Carranca, para o Estadão, nos traz vários relatos sobre a vida atual no Irã. Lá, segundo a repórter, não existe o conceito de "ficar". Ou você casa ou não. Não há meio termo. Há uma série de restrições: carinhos não podem ser trocados em público e eu acho difícil você conhecer alguém e começar a namorar do nada. Então, como não há esse dilema - café, cinema, na minha casa ou na sua, você aceita um café - as coisas têm que acontecer de forma mais rápida. Ou você casa de vez e desencalha, ou fica para uma grandissíssima tiazona iraniana, assim como você já deve ser no Brasil. A repórter diz que, ao cair da tarde, o movimento de carros é intenso na Rua Jordan e seus arredores, em Valiasr, o bairro mais chique de Teerã, capital do Irã. Jovens sobem e descem as ladeiras, devagarinho, e trocam rapidamente números de celular (ai que invenção bendita para qualquer cultura!) para paquerar por mensagens, longe do olhar da polícia. Alguns estacionam e trocam recadinhos a poucos metros de distância. Até para os gays, a situação é diferente. O jovem iraniano Mehrshad, de 20 anos, vai se casar. No mês passado, ele procurou o consultório do médico Bahram Mir-djalali para fazer a operação de mudança de sexo que o transformará em Maryan e permitirá a união com Al, seu noivo há dois anos. Como não há sexo antes do casamento, o noivo não sabe do pequeno (ou falta do) detalhe. Assim, o jovenzinho se casará perfeitamente. Gente! Recomendo os vôos que partem para Teerã já. Reserve porque ouvi dizer que há uma fila - de homens e mulheres - prontos para voar nos tapetes mágicos orientais. Oh gente pervertida (e carente)!

domingo, 23 de setembro de 2007

Dica do Chef

Tambaqui, tempura lá! Peixes, mundo pisciniano. Dieta ideal. Conheço a comida japonesa desde 1987. Minha introdução ao universo gastronômico do país do sol nascente foi em alto estilo: num restaurante original da Liberdade. Antes da comida japonesa virar modinha na cidade e tornar-se junkie food como tantas outras, eu já apreciava o sushi, o sashimi, o tempura, yakisoba e tantos outros nomes estranhos que foram absorvidos junto com a comida. Fui jantar com duas amigas no último sábado num restaurante japonês. Bem, para mim, quando é uma cadeia de restaurantes, deixa de ser um estabelecimento que se quer sério. O Kazan é bem legal, ambiente idem e atendimento bom. Contudo, servir sushi de banana e outras frutas é de uma heresia totalmente ocidental. Se eu fôsse japonês e me servissem isso, não chegaria ao harakiri, mas empunharia minha espada feito um samurai feudal. É muita fusion food, até demais! O brasileiro tem mania de apropriar-se dos pratos das cozinhas internacionais e descaracterizá-los. Quando a "releitura" (odeio isto!) dá asas à criatividade, o resultado pode ser excelente. Mas, com o intuito de vender mais e mais barato (vide os rodízios japoneses, caso do Kazan, que casal!), acho que todos exageram na dose tupiniquim. Não conheço o Japão, mas duvido que eles têm essa infinidade de sushis que nós temos por aqui. Ainda bem que o povo nipônico cuida de suas tradições: o governo japonês lançou um selo de autenticidade de comida japonesa servida fora do Japão. Parece-me que teremos muitos restaurantes credenciados no Brasil, não é mesmo? Na foto, o barquinho do Kazan. Agora, que é bom, é bom. E com os amigos, melhor ainda!

Eram os chineses deuses?

Essas fotos em sobreposição, tiradas por mim em lados opostos do planeta, ilustram uma teoria recente da História que debate a presença de chineses na América do Sul (principalmente na Amazônia) há milhares de anos. Restos mortais encontrados na região dão alguns indícios de que tal fato ocorreu. Outra vertente defende que os chineses lançaram-se ao mundo em 1421 e teriam chegado inclusive à América do Sul. Ou seja, bem antes de Portugal. Os portugueses teriam vindo às Américas fundamentados pelas informações chinesas. O que se sabe é que os navios chineses eram vinte vezes maiores do que os produzidos por Portugal, famoso pela escola naval de Sagres. A teoria dos chineses nas Américas há milhares de anos é controversa, assim como o fato de os vikings terem estado na região (há fragmentos vikings no Canadá de mil anos atrás). Outra informação, pescada em conversa entre amigos, me deu a seguinte versão: os sons fonéticos da tribo Korubo, no Jalapão, Tocantins, são bastantes semelhantes aos do mandarim. Uma conhecida estuda o mandarim e esteve no Jalapão e disse que as pronúncias são bastante similares. O Jalapão é uma região serrana do Tocantins onde vivem os korubos. São índios arredios, que fogem do contato com os não-indios. Com iniciativas turísticas, a população koruba tem se descaracterizado. Em "Eram os Deuses Astronautas", o escritor Erich Von Däniken procura provar, por meio de descobertas arqueológicas e textos sagrados, que todos os deuses das antigas civilizações eram, na verdade, extraterrestres. A imagem sobreposta que ilustra este post são duas fotografias: uma, feita nos arredores da Muralha da China, próximo a Pequim, onde estive em 2005. Outra, feita neste último sábado, na praça Amadeu Amaral, no Paraíso, em São Paulo, em caminhada surreal. Fica a seu critério contrapor as imagens e essas informações e saber se nossos astronautas era, enfim, chineses.

Meu rugido dominical

Fé! É uma palavra com diferentes abordagens e depende do momento e de como você encara a vida. Me defino como ateu. Ainda hoje, domingo, acabei de ler uma resenha sobre o livro "Deus Não é Grande", a ser lançado pela Ediouro em outubro, em que o autor, Christopher Hitchens, declara: "Jesus enquadra-se no catálogo mundial de nascimento virgem, ao lado de Mercúrio, Krishna, Átis e Perseu". Concluo que, dentro da minha comezinha interpretação dos mitos religiosos, não viajo tanto assim. Na minha opinião, toda a categoria de nomes que suporta as religiões mundiais é baseada em mitos. O homem necessita de mitos para continuar. Precisa acreditar que há um prêmio, há um paraíso. Não discuto isso. Também busco o paraíso ao fim. Desde a minha compreensão da literatura e das pessoas, suponho que vivemos atrelados a esses mitos que nós mesmos concebemos para poder viver o cotidiano. Senão, ficamos reduzidos às nossas parcas existências frívolas. Mas, quando citei a palavra "fé", o que quis dizer é que, enquanto almoçava outro dia, vi, na rua, uma dessas pessoas por quem, de repente, somos atraídos de imediato. Ou pelo todo ou por um detalhe. Há uma conexão imediata. Nem sempre recíproca, é verdade. Foi o caso. À primeira vista, a mensagem era bem rasteira: atração, repulsa (ou indiferença, tanto faz), negação e aceitação (adoro essa sequência). Se a primeira informação trouxe tudo isso, a mensagem subliminar foi muito mais profunda: atrás da cena, passou outra pessoa, cuja camiseta trazia a inscrição "Fé". Simples. Só a palavra, solta, preto no branco. Definitiva. Entendi imediatamente que a fé é isso. Rebate o negado para te preparar para o possível. Nada a ver com esperança. Tudo a ver com fé nas pessoas, na condição humana, nos outros, em si mesmo. Fé. Tão curta e complexa. Se tenho fé? Ao contrário do meu ateísmo, a minha fé é imensa, mal dá para contê-la. Sou um homem de fé. Sempre. Não esperança, que essa anda maltratada. Mas, sem fé, tudo vira nada. Sigo com a fé, pois.

sábado, 22 de setembro de 2007

Os anos em que não fizemos contato

Os anos de 1989 e 1990 foram aqueles em que Patty Diphusa e eu não fizemos contato. Entre 1989 e 1990, morei na Rua Martiniano de Carvalho, 629, no Paraíso. Entre 1982 e 1992, Patty Diphusa morou na Rua Martiniano de Carvalho, 629. Foram dois anos de convivência no mesmo edifício, mesmo elevador, portaria, salão de festas, garagem, entrada e saída. Não fomos apresentados um ao outro e não me recordo de Patty nesta época. Era final dos 80 e talvez Patty fôsse muito diferente ou então eu era mais cabisbaixo e soturno do que nunca, um Escobar apenas. Vivíamos separados por cinco andares, somente. Eu, no 6º. Patty, no 11º. Eu, trabalho. Patty, muita diversão, segundo seu próprio testemunho. Enquanto eu dormia, Patty, sobre mim, literalmente, fazia sabe-se lá o que! Até sei. Não vou publicar porque não sou guardião de "coisas que humanos fazem entre quatro paredes", principalmente de vizinhos. Com Patty, vivia sua filha, Little Patty. Eu + crianças = medo! Devo ter olhado de cara feia para Little Patty uma dezena de vezes, quando a fofa brincava no hall do edifício. Little Patty, se você me chamou de tio naquela ocasião, não me recordo. Espero que não. Se chamou, devo ter olhado com cara de monstro para você. Se te assustei, é porque precisei. Faz parte da minha linha de defesa contra crianças que olham para mim e sorriem. Corte de uma década. Vivo em São Paulo há 21 anos. Em 2000, graças a meu trabalho, encontrei Patty. Não a conhecia ainda. Fomos apresentados e ela disse que me conhecia. Eu somente sorri amarelo. Concorrente direta, não era eu que ia ser diplomático. Ficamos na mesma sala, para uma minúscula coletiva: ela, eu, o executivo e uma assessora (a quem chamo de prima). De lá para cá, nossos encontros foram cada vez mais frequentes. Somos amigos. Há mais de sete anos. Há pouco mais de 20 dias, numa conversa, Patty falou o nome da rua (Martiniano de Carvalho) quase en passant, assim, no meio da conversa. O quê???, perguntei. Foi assim que chegamos à conclusão que fomos vizinhos entre 1989 e 1990, há quase 20 anos. Passamos desapercebidos um pelo outro por dois anos. Ficamos longe durante dez anos. E, agora, somos amigos. Este fim de semana, fui registrar o fato, para obter uma informação precisa. Confirmadíssimo: o prédio é este mesmo, que ilustra este post. Destino? Não sei. Só sei que Patty e eu nos conhecemos há 19 anos: dois de convivência no mesmo edifício, dez de separação e mais sete de proximidade, de fato. Estranho? Não acho. Têm pessoas que devem ser juntadas sei lá por que forças. Acontece. Aconteceu comigo e com Patty.

Consumo sagrado

O consumo é sagrado, mais cultuado que religiões. Veja o caso do iPhone. Por contrato, a Apple somente pode vender, nos EUA, o iPhone com o chip da AT&T, por dois anos. A empresa de Steve Jobs está em fase de acordos com uma dezena de operadoras européias para levar o aparelho ao continente. Diferentes informações dão conta de que o iPhone estará disponível em novembro nas lojas da Europa. O Brasil sempre foi um país desprezado pela Apple. Assim como somos esquecidos pela Sony (PlayStation), outras empresas de tecnologia não acreditam que haja escala suficiente para lançar seus produtos por aqui. A prova disso é que os maravilhosos produtos Apple (tive um Macintosh em 1996!!!!!) custam muito, muito caro. Não, não é rasgação de seda. É que são simples. Com apenas três fios, o computador está ligado e em operação. Você não precisa entender nada. É só ligar e usar. Jobs conseguiu fazer o mesmo com o iPod. Somos o segundo ou terceiro país onde o tocador é o mais caro do mundo. Quanto ao Iphone, nem sei. Há uma febre por detrás do aparelho. Estão na briga a Claro, a Vivo e a TIM. Mas, enquanto o aparelho não chega, conheço mais de uma dezena de pessoas que comprou o aparelho e paga até R$ 600 para desbloqueá-lo. Agora, não seria mais fácil - e rentável - para a Apple fazer isso por conta própria? Dona Maça, venda o aparelho no site, sem bloqueio. Venderá horrores de aparelhos e ficaremos todos felizes. Venda seus iPods em dez vezes sem juros. Compraremos pencas de tocadores. Venda seus computadores em até dez vezes, como o Positivo e a HP. Assinaremos banda larga feito doidos! Pelo consumo, que é sagrado, quer dizer, pelo direito sagrado de consumir. Porque estamos todos profanados pelo consumo e não há santo que nos livre desse encosto.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Absolut blogs

Eu gostei dessa daqui. Mas, tem uma edição completa com os "Absolut Blogs". Vai lá ver a série completa. De qualquer garrafa, o álcool será sempre devidamente destilado, tenho certeza. Porque, você até pode "enloucrescer" com o caminhar irrefreável de Cronos, mas, jamais poderá dizer que foi sem ter a alma (e o fígado) lavada.

Isto não é para você - XV

(previously, leia "Isto não é para você - XIV", direto de O Quem)

Olívia desligou o telefone. Sabia que Antônio quase sentira o tremor e o toque falso de sua voz. Mas, a máscara estava colada ao seu rosto. Não podia desmanchar-se. Fazia sentido, não? No fundo, a gravidez de Helena não era surpresa. Esperara por essa revelação. E que tivesse vindo de Marcelo era bem coerente. Melhor assim. Marcelo ainda a olhava e ela agradecia Antônio por tê-la salvo do momento delicado. Agora, mais recomposta, disse para Marcelo: "E como ela está?". Ele respirou fundo e respondeu que Helena, finalmente, estava mais sólida do que nunca. "Mentira", pensou Olívia. Preferiu fazê-lo acreditar que era verdade. Pensou rapidamente e decidiu que mudaria toda aquela cena. Primeiro, disse a Marcelo que gostaria de caminhar. Iria a Canden Town, perder-se no imenso comércio popular. Claro que a Tate era uma opção. Mas, quem quer ver o abstrato quando o real é tão denso? Olhou o relógio. Marcelo entendeu. Tinha que dar esse tempo a ela. Teria que absorver a gravidez de Helena. E, depois, Helena já deveria estar preocupada com sua ausência na tela do celular. Por que mesmo se esquecera de enviar a mensagem para a esposa? Achava que o esquecimento era, de fato, deliberado. Marcelo sentiu-se amuado. Tinha a impressão de que era apenas o canal pelo qual passava o redemoinho das vidas à sua volta. Não era resignado, mas, ultimamente, sentia-se um tanto quanto inadequado consigo mesmo. Depois de vários anos, os jogos de vida - e amores - cansavam-lhe. De repente, teve vontade de estabilizar toda aquela loucura. Parar. Ser ele mesmo. Não tinha idéia de onde começar. Faltava-lhe energia. Deu adeus a Olívia na rua e tomou um táxi. Olívia sabia que algumas coisas estavam em recomposição: a nova informação sobre Helena, o silêncio de Marcelo, Antônio a lhe chamar a razão, de alguma forma. Talvez a confluência de tudo isso a levasse a novas saídas. No somatório geral, estava bem. Ao contrário do que pensava, o mundo não tinha vindo abaixo. Era o de sempre: encruzilhadas e possibilidades. Acenou para o táxi e preparou-se para enfrentar o mercado das pulgas. Londres vibrava e Olívia sentiu-se tomada pela velha inquietude. Dubai já soava como um oásis dentro daquela civilização cada vez mais frouxa. "Bem, talvez, talvez ....", pensou, enquanto o táxi serpenteava pela cidade. Ah, Londres. Era hora de ir.

(post script, leia "Isto não é para você - XVI" em Mimeógrafo Digital)

A morte ao vivo

Jornalismo mata. Em várias instâncias. Stress, cobertura de guerra e todo o tipo de violência a que somos submetidos em função do nosso trabalho. Às vezes, é o volume de trabalho que nos violenta. Outras, é a violência física. Em ambos os casos, as consequências podem ser bastante fatais. No Equador, um âncora de TV, Marcelo Nicolaide, de 36 anos, morreu enquanto apresentava um telejornal, em pleno estúdio de televisão. O motivo foi uma parada cardíaca. O apresentador sofria de arritmia cardíaca. O telejornal foi interrompido e colegas de estúdio tentaram socorrê-lo. Depois do ocorrido, o canal RTU (Radio y Televisión Unidas) suspendeu a programação para homenageá-lo. Nicolaide era jornalista há 14 anos, dos quais dez passara como repórter e apresentador de diversos programas na RTU. Me solidarizo com o colega porque, em várias ocasiões, senti os efeitos físicos da pressão de um prazo, de um fechamento e de todo o trabalho que temos que fazer, em tempo recorde, para sobreviver. Sinto muito, Nicolaide.

Objetos de consumo




A moda pode até ser efêmera, mas, assim como ocorre no universo feminino, o mundo dos homens está cheio de novidades. Acima, umas coisinhas da Spring Fashion Week de NY que acabou de acontecer. Eu compraria, se tivesse um corpito e um bolsito correspondentes. Ah! Você quer detalhes? É Armani e Dolce & Gabbana, nada demais.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Isto não é para você - XII

(previously, leia "Isto não é para você - XI", direto do Mimeógrafo Digital)

Antônio sabia que havia tocado nas feridas de Helena. Por que ambas o procuravam nas crises? Vivia sua vida de forma quase monástica. Por isso, se torna tão econômico com as palavras. Ele e Leonardo moravam juntos há 11 anos. Nunca suas vidas eram expostas e debatidas como as das irmãs. Quer dizer, da irmã e da não-irmã. Mesmo assim, elas não hesitavam em colocá-lo no centro dos acontecimentos. Na verdade, não se importava. Helena estava magoada com ele. Paciência! Ela sempre fôra auto-suficiente e agora parecia se mostrar frágil. Imaginou como era a vida da legítima irmã em Londres. Era feliz? Marcelo sempre lhe pareceu um fantoche. Manipulável conforme o humor de Olívia e Helena. Mas, como sempre, não queria julgar. Acreditava que agia melhor com diálogos, sem formar um júri a cada sessão que se estabelecia na família. Cada um recebia seu quinhão conforme os atos que praticava. Era a melhor atitude? Não sabia. O que assistia era um constante vaivém de vidas que se cruzavam e, por vezes, se chocavam com alguma estridência. Leonardo acordou e foi preparar o café. Helena, para variar, havia se esquecido do fuso horário. Ela não era nada gentil. Olívia era pior! Quantas vezes não o interrompera na madrugada, com direito a saídas em alta velocidade para resgatá-la de suas confusões? Isso fôra motivo de grandes discussões entre ele e Leonardo. Finalmente, Olívia havia amadurecido. Pelo menos o suficiente para deixá-los em paz. Agora, estavam as duas lá, muito próximas. Perigosamente juntas de novo. Sabia que teria que interferir. Leonardo chamou da cozinha: "O café está pronto!". Levantou-se e foi para a mesa. Não tinha fome, mas uma xícara de café ia bem. Pegou o cigarro e ficou parado, com a fumaça a subir em espirais lentas. Tinha que agir, contra a sua vontade. Helena parecera bastante angustiada e Olívia não entrara em contato. Por que Olívia era assim? Tão imprudente e impulsiva? Não era mais uma menina: aos 43 anos, tinha que ser mais equilibrada. Ao mesmo tempo, admirava a irmã que não era legítima. Ela sempre movia-se pelo coração. A razão estava lá apenas para atrasar seus passos, mas não o bastante para demovê-la de suas intenções. Leu o jornal sem ver as manchetes. Terminou o cigarro e pegou o telefone. Chamou Olívia. Do outro lado, atenderam. Ouviu ruídos e teve certeza que Olívia derrubara o celular no chão. Em São Paulo, eram 7 horas da manhã e - não sabia ao certo - deveria ser 12 horas em Londres. "Oi, meu amor!, respondeu alegremente Olívia.

(post script, leia "Isto não é para você - XIII" em Mimeógrafo Digital - as ghost writters vão me enlouquecer!!!!!!!!!!)

Ordinariazinhas

Tem dias que a gente sente que entrou de cabeça na merda, né não???

Dia de falar como um pirata

Ontem, 19, foi comemorado o Dia Internacional de Falar (e agir) como um pirata (International Talk Like a Pirate). A celebração foi criada em 1995, nos EUA, quando dois amigos decidiram que o modo de falar e agir dos piratas seria representado por ambos naquele dia. Por alguns anos, o dia foi apenas mais uma celebração privada, entre tantas. Tudo mudou em 2002, quando um colunista norte-americano foi conhecer a festa. É claro que a data e o modo de comemorá-la foram publicados pelo jornalista. A partir daí, o dia do pirata foi disseminado pela internet e tornou-se um fenômeno mundial, um pouco com a ajuda de Johnny Deep pela série de filmes "Piratas do Caribe". No site da dupla, é possível ver idéias para festas de piratas, conversar com outros piratas e até o modo de falar como um pirata em alemão. Bem, eu não tentei nada disso. A única lembrança que tenho de piratas é a do livro "A Ilha do Tesouro", que é um clássico da literatura infanto-juvenil. Mas, em tempos de pirataria, falar e agir como um pirata vai bem. Piratas modernos existem. São ladrões de cargas de navios bastante sofisticados ante seus irmãos do século XVIII. Hoje, somos todos quase piratas, numa busca constante de tesouros os quais somente nós acreditamos possuir o mapa. Então tá, né!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

São Paulo, 19:01 horas




Emagrece sim!

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira dez pessoas na "Operação Vênus", que investigava uma quadrilha internacional de tráfico de drogas emagrecedoras e lavagem de dinheiro. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal em Belo Horizonte, a operação desarticulou a principal organização criminosa produtora das chamadas "pílulas brasileiras de emagrecimento" (remédio chamado Emagrecesim). O medicamento virou "febre" no mercado internacional, principalmente no norte-americano, onde um kit, suficiente para 45 dias, custa acima de US$ 200. O Emagrecesim não tem a devida autorização dos órgãos sanitários competentes e era vendido como se fosse um produto fitoterápico, 100% natural, quando, na realidade, contém em sua composição substâncias psicotrópicas e anorexígenas (tudo a ver com a Kate Moss aí acima, não?), causadoras de dependência física e psíquica. O nome da operação - "Vênus" - é uma referência à deusa romana da beleza, já que os presos pertenciam a uma quadrilha que realizava a produção e exportação de medicamento ilícito, anunciado como verdadeira "fórmula milagrosa" para emagrecer, apto a garantir aos usuários a obtenção de um corpo perfeito. Mais no UOL. Comentário: eu acredito que isso foi um aviso para eu parar de tentar ser magro. Eu não usava essas pílulas, mas, em dado momento, seria confrontado com isso, na busca da perfeição greco-romana. Prefiro acreditar naquelas poltronas que emitem pequenos choques enquanto você relaxa (!!!). Prefiro, mesmo, quando penso em praticar alguma atividade, deitar e esperar passar. Ai que pré-pregui ... Essa ditadura do magro me fez tentar o caminho da bulimia. Porém, não fui bem-sucedido. Correr me dá taquicardia e posso morrer antes do tempo (talvez alguns dias antes, sei lá!). Ir à academia me deprime. É tanto equipamento que sinto que estou numa fundição. Nadar é para peixes e sereias e nem escama eu tenho. Agora, me vêem com pílulas que "emagrece sim" e querem que eu fique indiferente??? É só botar na boca e esperar o efeito. Acho que funciona como placebo: você finge que acredita e a pílula finge que faz efeito. Todos ficam felizes, além de ter visões. Para dizer a verdade, mais quero uma picanha suculenta de 3 quilos do que perder 1 grama da minha gordurinha docemente conquistada.

Isto não é para você - IX

(previously, leia "Isto não é para você VIII" - repare que vem do Mimeógrafo Digital, terceiro blog a entrar na estória)

Não esperou mais. Helena estava com ressaca de tanto esperar. Ligou imediatamente para o Brasil. O telefone tocou até a ligação cair. Não havia mensagem. Tateou o teclado do celular, acessou a agenda e ligou para o celular da irmã. Ouviu a mensagem padrão e desligou. Não ia deixar um recado no aparelho. Ligaria depois, pela manhã, conforme tinha decidido antes. Um dia em Liverpool e já estava assim. Sim, parece que tudo era vigilância desde aquele longínquo dia em que Olívia tinha reduzido os dois a pó. Maldita Olívia! O que ela queria, afinal? Era uma perdida. Sem rumo. Não decidia. Marcelo era um espantalho em suas mãos. "Será que meu amor por ele é piedade?", sobressaltou-se. Não. Tinha certeza que não. Ódio de Olívia? Por quê? Não havia motivo. O que sempre sentira é que a irmã (ou meia-irmã, mas isso não tinha importância) a olhara obliquamente. Sempre na tentativa de colocá-la na última fileira. Sim, a relação das duas flutuava conforme as lembranças refluiam. Era um fluxo eterno, um eterno retorno. As duas, sempre as duas. Mesmo quando se odiavam, era recíproco. Era um sentimento ambivalente. Ou ririam juntas às lágrimas ou queimariam as faces de indignação diante uma da outra. Tinha vontade de trapacear. Dizer que roubara Marcelo. Oh! Pobre Marcelo! Sempre fôra um fio suspenso entre as duas. Retesado quando elas falavam. Relaxado quando Olívia partia. Hipócrita, pensou sobre o marido. Às vezes, acreditava mesmo que ele era hipócrita. E o odiava nesse momento. Olhou para o celular e quis tentar. Hesitou. "Espera", murmurou. Olívia não ia morrer amanhã. Aquela lá daria um jeito de enviar convite para o próprio funeral. Riu do pensamento. Estava sendo cruel. Mas, Olívia bem que merecia aquelas considerações soturnas. Afinal, onde estava ela? Helena sabia que Olívia mal parava em casa. E depois, por que ela iria atendê-la? Já fazia alguns anos, não? Sentiu uma vertigem. Estava cansada. Trabalhara o dia todo e o dia seguinte também seria longo. "Estranho", pensou. "Marcelo não me deixou recado. Não me enviou mensagem." Conferiu o celular. Nada. Os dois tinham um código entre eles: a cada vez que o outro estivesse longe, não se falariam. Apenas enviariam mensagens, como pequenos sinais de fumaça para confirmar que "sim, está tudo bem no front". Como se divertiam quando tudo começou. Mas, Marcelo era distraído. Nem sempre fazia o estabelecido, mesmo que fôsse por brincadeira. Patife!, riu.

(post script, leia "Isto não é para você - X" em O Quem).

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Chaves e Chapolin cheiram tóchico! (*)

O mexicano Roberto Gómez Bolaños, intérprete dos personagens Chaves e Chapolin, negou nesta terça-feira ter relação com o narcotráfico, em resposta a declarações feitas pelo filho do ex-líder do cartel de Cali. "Nunca estive ligado ao narcotráfico, em nenhuma de suas formas, nem fui amigo pessoal de nenhum narcotraficante, nem participei de negócios provenientes de tal indústria criminosa, nem direta nem indiretamente", disse Bolaños, em comunicado. Fernando Rodríguez Mondragón, filho do ex-líder do cartel de Cali Gilberto Rodríguez Orejuela, afirmou em entrevista a um jornal colombiano que Bolaños e o cantor mexicano Juan Gabriel participaram e, inclusive, atuaram, em festas dadas por seu pai. Bolaños esclareceu que nunca teve conhecimento de ter atuado para narcotraficantes e sustentou que quando dá um espetáculo não solicita aos presentes suas identificações, tampouco cartas de recomendação ou antecedentes penais. O ator e escritor mexicano afirmou que não pode assegurar que todos os empresários que o contrataram ao longo de sua carreira foram honoráveis, mas sim que não teve vínculos com personagens obscuros. Foi tanta negação e tanta falação que duvido que não é verdade. Para mim, Chaves e Chapolin só podem estar cheirados quando aparecem naquele freak show que é o programa do "Chaves". Com informações da EFE e do UOL. (*) O tóchico com "ch" é uma referência a um amigo que sempre pronuncia a palavra com essa grafia.

Botox, um dia você ainda aplicará

Bom dia! No ar, a última pesquisa do Por uma Second Life menos ordinária, que tem medo mas não tem vergonha. Sabe uma atitude meio vagabond de ser? Assim é este blog. Não sei porque, só sei que é assim. É que a enquete "Se você aplicar botox no rosto, com que expressão poderá ficar?" comprovou o que eu, na minha inocente sabedoria, já sabia: o resultado é que 40% dos votantes afirmaram que ficarão "ensimesmados". A palavra ensimesmado carrega, em si mesma, conotações dúbias. O Aurélio diz que significa "meter-se em si mesmo". Credo! Nem as minhocas, que são estranhas, fazem isso. Depois, 30% declararam que ficariam "feliz". Claro! Vai falar que ficou triste e manter uma cara limpa e sorridente, arreganhada pelo botox? Algumas almas penadas admitiram que ficariam "aterrorizados" eternamente, carcomidos pela química que entra e sai das inúmeras cavidades faciais. Pelo menos 10% se defenderam e lançariam olhares de "acusador" caso alguém quisesse os acusar de crimes contra as leis da natureza. Por fim, realisticamente e bravamente, minguados 5% concordaram, não sei sob que pressões, que teriam "olhar de soslaio", algo oblíquo de se ver, já que você nunca consegue olhar nos olhos de quem te olha de través. Esguelharei-me desse tipo de olhar sempre que puder. Como o Por uma Second Life menos ordinária é educativo por opção e mais ordinário do que deveria, vai lá toda uma dissertação sobre o botox. A palavra "botox" é uma marca registrada da toxina botulínica, que vem a ser uma das neurotoxinas produzidas pela bactéria clostridium botulinum, causadora do temido botulismo (lembra do famoso case do palmito?). O botulismo é uma forma de envenenamento alimentar que ocorre quando alguém come algo que contenha a neurotoxina produzida pela bactéria clostridium botulinum. O sintoma mais grave é a paralisia, que em alguns casos se mostrou fatal (ou seja, morte instantânea e perfeita, já que você morrerá com a expressão de surpresa ao ser tomado de assalto pela dona da foice). As toxinas botulínicas se ligam às terminações nervosas. Existem sete tipos, de A a G. Quando ocorre essa ligação, a acetilcolina, neurotransmissor responsável pelo acionamento das contrações musculares, não pode ser liberada. Uma série de proteínas, VAMP (eu sabia que tinha vampirismo nessa história e também um quê de muher-VAMP pronta para ser liberada pós-botox), sintaxina e SNAP-25 (aqui, um acrônimo imperfeito da palavra "sinapse", que é o caso, já que, a essa altura, as sinapses não saberão o que é para fazer), são essenciais para a liberação da acetilcolina. Determinadas toxinas botulínicas atacam essas proteínas. A toxina botulínica A (Botox) afeta a SNAP-25 (a das sinapses, alguém duvida?). Basicamente, as toxinas botulínicas bloqueiam os sinais que normalmente dariam as ordens para os músculos se contraírem. Quando as pessoas morrem de botulismo, os músculos respiratórios são paralisados e fica impossível de respirar (alguém pode tentar e depois voltar para nos contar). Por que você aplica botox?. Porque as rugas acham que podem aparecer e ficar, a tecer teias feito aranhas feiosas e gigantes. Porque o sinal da tua idade está nestas milhares de ruguinhas, papel pergaminho, maracujá envelhecido, seda dobrada em 58 pedaços, jornal de domingo que serviu para limpar o óleo do carro na garagem e foi amassado até virar uma bolinha de futebol, mãos enrugadas depois de dormir 5 horas na banheira e acordar com respiração em estado de hecatombe, outras partes do corpo que ficam tão enrugadinhas que, se você não soubesse, acreditaria piamente que nunca existiram. Percebeu?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Isto não é para você - VI

(previously, leia "Isto não é para você - V" Mas, também, por que bancar (e se sentir) tão sonsa? Já era hora de parar com rancores mesquinhos. Quem tinha alimentado aquela mágoa a ponto de virar uma bola gigantesca dentro de si mesma? Olívia tinha um defeito: não era altruísta. Não, não tinha que bancar a boazinha. Longe disso! O problema é que apontava o dedo e não parava nunca. Marcelo a cutucou, interrogativo, quando o atendente perguntou algo. Ela respondeu e sentiu que as palavras eram jogadas no balcão do hotel. Subiram em silêncio. Era difícil quebrar a barreira e, ao mesmo tempo, não deveria ser assim. Mal se olharam. Mas, os espelhos devolveram os reflexos soturnos de ambos. Ele carregou a pequena mala, frouxa como ela. Pagou a gorjeta. Sentou-se na beira da cama e perguntou: "Estamos bem?". Olívia não respondeu. Foi ao minibar, pegou uma garrafa de água e serviu-se. Tudo era um turbilhão, sempre. Lidar com a própria loucura era insanidade. Ela jogou a bolsa no único móvel disponível, foi ao telefone e murmurou algo. Sorriu, mais para si mesma, consciente que era seguida pelo olhar de Marcelo. A campainha tocou. Agradeceu. Marcelo viu as duas taças e uma garrafa de vinho. Tinham que beber o momento para empurrá-lo garganta abaixo. Ela foi solícita e o serviu e a si mesma. Tilintaram os copos, mecanicamente. Ele jogou a taça no tapete. Ela deixou a sua à beira da cama, no chão. Não se falaram mais. Não havia porque resistir. E as palavras perderiam qualquer sentido. Apenas físico. Pele. Nada, nenhum gesto. Para quê? Marcelo saiu. Era manhã. Ah! Os malditos pássaros de Londres também sabiam que ela os odiava? Parecia que havia uma conspiração de penas em curso. Fez um gesto de desalento. A noite não havia sido como pensara. Mas, alguma coisa acontecia por que você pensa que deve ser assim? Olhou-se no espelho do banheiro e se viu: com um pequeno ríctus nos lábios, uma lembrança; olhos avermelhados, de sono; cabelos escorridos (ah! que ódio!). Entrou no chuveiro. Não queria pensar. Queria agir feito uma pedra: ficar lá, dura, imóvel, à mercê do tempo, até que alguém a rolasse para outra direção. Abanou a cabeça, contrafeita. Tinha que mudar a atitude. Ouviu a porta. Marcelo chegava com o café da manhã. "Deixa de ser sonsa. Cresça!", gritou dentro de sua cabeça. (post script, leia "Isto não é para você - VII" em O Quem).

I don't know. Do you?

Eu não sei um monte de coisas.
Não sei porque não perguntei.
Não sei porque não quis.
Não sei por que tanto porquê.
Eu mais não sei do que sei.
Só sei. Por que? I don´t know. Do you?

domingo, 16 de setembro de 2007

Isto não é para você - IV

(previously, leia "Isto não é para você - III") Na babel que era Heathrow, olharam-se longamente. Olívia calculara mal o tempo de viagem, já que o fuso estava meio confuso por conta do horário de verão. Na verdade, passara 12 horas dentro do avião. Todo o peso da viagem e a imagem de Marcelo se fundiram. Ele nem havia perguntado como ela estava, e sim onde, como se tivessem se visto há algumas horas. Aproximaram-se, receosos e excitados. Tudo o que haviam passado resumia-se a nada quando se reencontravam. Não falaram. Beijaram-se. Sem dúvidas. Helena estava próxima, mas não ali. Jamais! Marcelo e Helena estavam juntos há três anos e Olívia odiava tudo aquilo. Mas, fôra sua a decisão. Não quisera se comprometer e Marcelo a respeitara. Não sem antes haver uma série de pontes aéreas Londres-São Paulo de ambos. Em vão. Olívia cometera o erro fatal de hesitar. Agora, lhes restavam apenas breves três dias. Helena estava em Liverpool para uma convenção da cadeia de hotéis que gerenciava na Inglaterra. A linda, doce e compreensiva Helena. Olívia podia vê-la ao lado de Marcelo, cheia de energia e cativante. Com a respiração entrecortada, ambos se distanciaram. Vamos tomar algo?, convidou Marcelo. Ela só meneou a cabeça, como um protesto frágil. Foram. Havia muito para ser dito. Mas, estavam ambos desolados. Por que razão tinha que ir a Dubai? Por que se comprometera a morar nos Emirados Árabes pelo próximo ano? Queria fugir. Mas, ir ao deserto? Sabia que Dubai era a nova meca mundial: o prédio mais alto do mundo, três imensas ilhas artificiais em construção, com terrenos feitos de areia, o metro quadrado mais caro do mundo. Em Dubai, não se pára aos domingos. Não existe domingo. Trabalha-se a semana toda, sem descanso. Era isso que procurava? Ter uma estafa para esquecer-se dos maus atos? Olívia se torturaria muito até o próximo embarque. Era contratual, não podia voltar atrás. Agora, isso não tinha importância. Saíram do tráfego pesado da babel pós-moderna. Haveria três dias só para eles. Não podia gastar sua energia com o que deixara em São Paulo e com o que seria Dubai. Sabia que havia muitas interrogações. Pesavam na sua cabeça mais do que as falsas Louis Vuitton que comprara na 25 de Março. Será que tudo era assim, precário e falso? O café chegou. Conversaram, tímidos, recatados. Tinham que sair dali. Ir ao ninho. Já. Agora! (post script, leia "Isto não é para você - V" em O Quem).

Primeira página

O Por uma Second Life menos ordinária saiu na primeira página do Atestadão na edição de quarta-feira, 12/09. A notícia estampada lá é sobre o próximo álbum do Coldplay. O post foi colocado aqui no dia 11 e virou manchete no dia seguinte. No dia 10, descobri o Atestadão. Os caras compilam o que acham mais interessante na blogosfera e colocam na capa do Atestadão. Passa lá para conferir e ver como é interessante. Valeu, Atestadão! A imagem acima é para atestar que leoninos são leoninos mesmo quando lhes dizem o contrário.

Meu rugido dominical

A caixa de Pandora é o seu computador. A privacidade acabou. A tecnologia, tão cara à contemporaneidade, libera todos os monstros de Pandora e nos coloca nus, a todos. Estamos expostos à visitação e execração pública. Se a internet trouxe a comunicação e a troca de informações a níveis nunca antes vistos, trouxe também incertezas de quem sabe o quê sobre cada um de nós. Em matéria publicada no "The New York Times", há várias estórias de como o computador entrega os fatos ante os atos das pessoas. Era isso que Timothy John Berners-Lee (TimBL ou TBL), inventor da World Wide Web (popular internet ou web), tinha em mente? Duvido! Assim como Santos Dumont não imaginou que os aviões jogariam bombas e que o norte-americano J. Robert Oppenheimer (líder do primeiro projeto da bomba atômica) não sabia que Hiroshima e Nagasaki virariam pó, o criador da internet não pôde prever o fim da privacidade mundial. Às estórias. No início deste ano, um norte-americano suspeitou que sua mulher tinha um caso e instalou um programa, chamado PC Pandora, no computador dela. O programa gravava secretamente imagens da tela a cada 15 segundos e as enviava para ele. Com isso, o marido teve uma visão total dos sites que ela visitava e das mensagens instantâneas que enviava. Como o programa capturava suas senhas, o marido também pôde acessar e imprimir todas as mensagens de e-mail que sua mulher recebera e enviara durante um ano. O que ele descobriu pôs fim ao casamento. Ela estava com outro homem há 11 meses. Em outro caso, uma mulher descreveu que sentiu que seu marido estava distante e muito obcecado com seu BlackBerry (smartphone ou celular inteligente). No dia do seu aniversário, ela preparou-lhe um banho de espuma e depois explorou o aparelho, enquanto ele estava na banheira. Em suas mensagens de e-mail, ela encontrou evidências de que ele tinha um caso. Poucas semanas depois, a esposa entrou na conta da América Online do marido e encontrou mensagens de uma empresa de hipoteca. Ele havia comprado um apartamento de US$ 3 milhões, onde pretendia continuar seu caso. Uma outra mulher foi informada pela AOL e pelo Google no mesmo dia de que suas senhas haviam sido mudadas em duas contas de e-mail. No passado, ela havia descoberto um GPS, aparelho que registra a posição do carro, escondido na roda do carro da família. Ela suspeitou de seu marido de 24 anos, de quem está em processo de divórcio. Espiar, bisbilhotar e montar quebra-cabeças com a vida alheia sempre foram atos praticados pelo homem, em geral, em todas as culturas. A sofisticação da tecnologia só aprimorou o prosaico boato que, de fuxico, transforma-se em fato e até tragédia. Agora, a imensa aldeia global está vigiada, registrada e gravada. É possível acompanhar online um carro ou uma pessoa pela tela do seu computador. Você gosta desse admirável mundo novo?

sábado, 15 de setembro de 2007

Dica do Chef

Fui almoçar este sábado à tarde no Mestiço, em função do meu curso de gastronomia. O projeto da minha turma prevê a criação de um restaurante contemporâneo e, portanto, necessitamos de pesquisa de campo para conhecer o funcionamento de um lugar como este. Frequento o Mestiço há anos e sempre gostei da comida. Este ano, o restaurante comemora uma década, conduzido pela chef Ina de Abreu (foto). Ina nos deu (aos meus colegas e a mim) o prazer de sua companhia ao saber que éramos da faculdade de gastronomia. Foi por nós entrevistada e confirmou que é gentil e simpática. Está na cozinha há 30 anos e agora experimenta o risco, mais uma vez, ao abrir o Fillipa, com o mesmo conceito do Mestiço e novo cardápio. Em duas palavras, Ina resumiu o segredo da casa: "Humildade e dedicação", disse, ao comentar a permanência do restaurante. São Paulo é conhecida pelo abre-fecha de locais da moda. A chef nos afirmou que os ingredientes são 50% do segredo dos pratos e que a vocação é o item mais importante dentro de uma cozinha. O Mestiço é uma mistura de cozinha tailandesa, brasileira e baiana. Recomendo o "Metrópole", steak de filé mignon acompanhado por batatas e salada de agrião. Como sobremesa, um maravilhoso creme de framboesa. Ah! Não deixe de experimentar a caipiroska de framboesa. O Fillipa também é uma mescla das culinárias tailandesa, vietnamita, francesa, brasileira e italiana. Abaixo, a receita do "Curry Tailandês de Salmão", que compõe o cardápio do Fillipa:

Ingredientes

- 1 colher de sopa de óleo
- 1 colher de sopa de alho picado
- 1/2 colher de chá de curry vermelho
- 200g de salmão salteado
- 1 colher de chá de molho de soja
- 1/2 xícara de leite de coco
- 1/2 xícara de água
- 1 colher de chá de nampla
- 1/2 colher de chá de açúcar mascavo
- Manjericão tailandês
- 1 folha de limão

Modo de fazer

1. Em uma frigideira com óleo, doure o alho e o curry vermelho.
2. Junte o salmão e deixe que fique coberto com todo o tempero.

3. Acrescente o molho de soja, o leite de coco, a água e o açúcar mascavo. Depois, junte o nampla.
4. Salpique o manjericão e deixe no fogo por mais 3 ou 4 minutos.
5. Coloque em um prato, enfeite com a folha de limão e sirva com arroz de jasmim coberto por raspas de coco.

Se você aprova (ou não) que eu dê receitas no Por uma Second Life Menos Ordinária, dê sua opinião (via comentário ou menosordinaria@gmail.com). É importante para eu conhecer suas expectativas diante desse aspirante a chef de cozinha.

Os pássaros - volume 2

Eu comentei aqui a condição de certas amigas que se postam (!) como pássaros. Dada a alta voltagem de penas envolvidas, seria de se esperar que fossem bastante compreensivas no que tange às criaturas penosas. Pois não é que querem matar as pobres aves? Por que tamanha revolta? Esses dias, tive aulas sobre aves silvestres (teoria e prática). Na prática, preparamos codornas. Muito bom! Daí que eu resgatei um passado bem distante: lá, na zona rural de onde eu vim, caçava-se codornas. Uns amigos do meu avô (daqui de São Paulo) iam, com cachorros inclusive, à caça de codornas. Havia muitas. Não as há mais. Foram extintas - assim como os coqueiros, por causa do palmito (um pé de coqueiro gera apenas um fruto de palmito). Comer codorna, perdiz e faisão é caro, agora. A perdiz brasileira era tão disponível que há um bairro - Perdizes - em São Paulo por conta da presença (há décadas) dessa ave. As aves se recolhem assim que o sol se põe (exceto as notívagas e as congêneres humanas). Claro que assim que a primeira brisa da madrugada anuncia o sol, essas aves chilreiam, alegres com o novo dia. Mas, alguns seres humanos, zumbis, querem acabar com isso à base de gás sarin. As aves (as autênticas, não as penadas artificialmente) me confidenciaram que vão fazer ainda mais barulho e essas pessoas vão ter que dançar a dança do passarinho, do siri, da eguinha pocotó e todas as cópias perversas que os humanos fazem dos animais.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Isto não é para você - II

(previously, leia "Isto não é para você - I") Para o ralo, contudo, foi somente a esperança. Olívia limpou o vapor do espelho com as costas da mão e mirou-se. Se viu deformada, e não vaporizada tanto quanto gostaria. As gotículas que escorriam no duro reflexo juntaram-se às de sua face. "Droga, por que sou tão inconstante?", perguntou-se, em voz alta. Teve um sobressalto. Era de manhã - malditos pássaros! - e já estava assim. Girou sobre si mesma como uma galinha choca e gritou de aflição: "Deus! O que é isso?". Secou-se como se fosse um pedaço independente de si mesma. Voltou ao quarto e refez o percurso mental - 25 minutos, duas horas de aeroporto, passaporte, cartão de crédito. Era angustiante. Quando não aguentou mais, sentou-se na cama e respirou. Lembrou-se de uma cena de Björk em "Dançando no Escuro": a personagem Selma canta "107 Steps", que são os passos que a separam da execução. Olívia sentia-se mórbida e histérica, a caminho do cadafalso. "Tenho que mudar o rumo, ter um prumo", rimou, sem perceber. A viagem era uma armadilha. Mas, ardilosa a princípio, percebeu depois, tarde, que o ardil era bobo. Somente mais um artifício para eclipsar sua própria conduta. Respirou profundamente. Ouvia os pássaros ao fundo. Mas, já o som da cidade abafava as aves. Respirou com dificuldade. Imaginou uma manhã caótica, espessa. À beira de um colapso, como ela mesma. Previa tempestades elétricas, alta condutividade no ar e ventos fortes. Era boa de previsão de tempo. Contanto que o tempo fosse instável, ah!, era muito boa. Gargalhou e tossiu, meio falsa, só para se ouvir. Olhou para a mala. Viu uma caixa de Pandora inteira ali. Fechou depressa o zíper. O barulho irritou Olívia. Mais do que deveria. Sentiu que enrolava correntes no próprio pescoço. Levou a mala à sala. Olhou à sua volta e suspirou, longamente. Relaxou, pela primeira vez na extensa manhã. Azeda, pegou um copo na pia e tomou água. "Vamos", disse, como se fosse duas. "Vamos, porque temos que ir". Com isso, pegou a bolsa, conferiu o conteúdo. Arrastou a mala atrás de si. Percebeu que arrastava o mundo atrás de si. Trancou a porta e abriu a porta do elevador. Lá dentro, escutou o telefone tocar. "Pois que toque até morrer", pensou, raivosa. Tinha ganas de voltar e atender. Conteve-se. Tinha que ir e pronto! (post script, leia "Isto não é para você - III" em O Quem)

Bota a camisinha, Google!

O conselheiro de privacidade da Google, Peter Fleischer, apresentou nesta sexta-feira, 14, em uma conferência da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) na França, proposta de proteção de informações confidenciais fornecidas pelos usuários da rede aos sites. A intenção é tratar as informações da mesma forma em todo o mundo. Fleischer quer que governantes e empresários ajudem a proteger a privacidade dos internautas antes que a rede sofra uma crise de confiança. Usuários de internet de todo o mundo fornecem aos diversos sites, inclusive os ligados à Google, informações pessoais como números de telefone e de cartões de crédito, fotos e e-mails, que podem ser usados para cometer crimes. Na Europa, há regras de 1995 que protegem a confidencialidade dos dados, isto é, antes do uso comercial da internet se disseminar. Nos EUA, não há leis nacionais que garantam a privacidade dos internautas. No Brasil, não há lei específica para proteger os usuários da web. Segundo a BBC Brasil, o pedido da Google acontece três meses depois da divulgação de um ranking de política de privacidade elaborado pela organização Privacy International em que a gigante da internet ficou em último lugar. A Google - que controla a maior página de buscas da internet e o site de relacionamentos Orkut -, foi a única empresa qualificada pela ONG como "hostil" à privacidade no ranking, que lista várias companhias e sites da internet de acordo com a forma como lidam com dados pessoais. É! A Google, empresa, e o buscador Google tornaram-se tão evidentes na rede que têm de chamar a si a responsabilidade pela qualidade e confiança na web. Se a internet for tomada de desconfiança, tudo o que foi construído ruirá feito um castelo de cartas. O buscador Google tornou-se ferramenta tão indispensável (devo usá-lo pelo menos umas 50 vezes ao dia) que os fabricantes de PCs deveriam criar uma tecla "Google" nos teclados. Facilitaria a nossa vida. Se a Google quer engolir o mundo, que o faça seguramente. Com camisinha, eu tô nessa!

HOT/NOT do Brasil

Foi divulgada nesta sexta-feira, 14, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2006, do IBGE. Há boas (Hot) e más (Not) notícias. Vamos às boas:

Hot: a população chegou a 187,2 milhões, crescimento de apenas 1,42% em relação a 2005. O número de computadores residenciais cresceu para 22,4% (18,6% em 2005), o que significa maior acesso à internet. As linhas telefônicas fixas estão presentes em 74,5% das casas (71,6% em 2005), o que confirma que o brasileiro tem mais possibilidade de se conectar à internet. Os telefones móveis chegam a 27,7% das residências (23,5% em 2005). O número de pessoas com carteira assinada está em 30,1 milhões, ante 28,8 milhões de 2005. A participação da mulher no mercado de trabalho atingiu 31,4% (30,6% em 2005). E, hot hot, nos últimos dez anos, o percentual de crianças de 7 a 14 anos fora da escola caiu de 8,7% para 2,3%, ou seja, 97,7% das crianças nessa faixa etária estão matriculadas. Os velhos dilemas de sempre aparecem para lembrar que o decantado "espetáculo do crescimento" não passa de fogo de palha. Se o consumo de bens aumentou, o "consumo social" está coberto por teia de aranha, "imexível" nas palavras daquele outro:


Not: o prazer vem e vai num flash: também nos últimos 10 anos, o rendimento médio mensal do brasileiro caiu 9,4%, para R$ 883 (R$ 975 em 1996). A média nacional de alfabetização é de 90,4%, mas quase 20% dos nordestinos não saber ler ou escrever. Se a educação é um fator preponderante para a conquista no mercado de trabalho, há uma inversão aqui: a taxa de desocupação entre as pessoas com 11 anos de escolaridade ou mais foi de 8,3%, ante 4,1% com pessoas com menos de um ano de instrução formal. A rede de esgoto, requisito básico de melhoria de qualidade de vida, inexiste em 29,4% dos domicílios brasileiros. E a coleta do lixo é apenas um sonho para mais de 7 milhões de pessoas. O índice de Gini (padrão internacional para medir a desigualdade dos países) caiu de 0,543 em 2005 para 0,540 em 2006. É uma redução minúscula da distribuição de renda, fator apontado como um dos principais entraves à evolução de qualquer país. Se as mulheres estão em alta, bem-feito para nós: o ano passado foi pior para os homens do que há dez anos. Em 2006, 68% dos homens estavam ocupados (sei, sei!). Essa taxa era de 69% em 1996. No caso das mulheres, 46,8% delas estavam ocupadas (ahãn!) em 2006, em comparação com 41,9% em 1996. E, finalmente, um indicativo que deveria estar no Hot, mas coloco aqui como forma de protesto: em 2006, cresceu 1,1% o número de trabalhadores de 40 anos ou mais ocupados no mercado. Eu, que estou nesta faixa (argh!!!), queria era parar e, como Ele, descansar ao final do 7.777º. dia. Nada feito!

Isto não é para você

Começamos em dia cabalístico, 13/09/2007, Patty e eu, uma estória que será escrita a quatro mãos. Patty saiu na defensiva com uma peça jurídica perfeita. Sorry, querida! Não tema a mão que baixará o machado na parte mais macia dessa madeira. Se destruirei castelos? Se matarei? Se trairei? Se dizimarei aldeias? Sou diplomático. Sempre dentro da estreita diplomacia que delimita as minhas fronteiras. Vamos ao work in progress, como sempre quis o dublinense (é familiar para você?). Dê a partida (não a ré, que pode não funcionar!). Acelera Ayrta!!! Para acompanhar tiros, revanches, safanões, rasteiras, rastreie por aqui o início - ainda calmo - das vagas que singraremos neste bravo mar aberto. Sou todo sorrisos, Patty. Nada temais diante da fúria que assolará multidões, pois grande é o poder dos céus. O tempo nos dirá (ou devorará ambos).

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vá ao mirante, já!

Acabei de ler um texto ótimo. Vá lá agora. Quero ser assim quando crescer. Ao Mirante, Nelson! é terra à vista para o marinheiro de longa viagem. "E uma garrafa de rum passa de mão de mão".

Os pássaros - volume 1

Imagine uma cena com uma dúzia de pássaros (de preferência, corvos) sobre uma linha elétrica, com as patas unidas como as pessoas fazem quando querem imitar um cachorrinho (lembra da Geena Davies em "Telma & Louise"?). Conseguiu? Humm ... Lerdinho!!! OK. É essa a pose exata de amigas à espreita da carne mais apetitosa. Aves no poleiro (ou no fio). Prontas para atacar, em bandos ou solitárias, como "Os Pássaros", de Hitchcock. Essas aves de rapina (no bom sentido, se é que há bom nisso) estão famélicas, prontas para bicar (e se imbricar) na carne (ou carnes) que mais se lhes apetecerem. Fica aí como isca, fica! De repente, você será fisgado(a) e isso não é Impulse. Lembra do abutre (melhor águia, mas abutre será) que comia infinitamente o fígado de Prometeu? Pois tais amigas prometem que suas bicadas não terão mais fim. Humm ... O que será que aconteceu de Hitchcock para cá que aves e humanos ficaram tão parecidos a ponto de se bicar tanto? Pois sempre disseram que dois bicudos ... Vou é ficar na minha. Vai que essas aves de arribação saiam como flechas certeiras. Que ninguém as impeça, por favor. Deixem que sigam as correntes migratórias. Elas vão aonde a natureza indica. Se bicam, é porque a natureza comanda. E quem for bicado é porque é uma boa de uma bisca e precisa. Ponto final.

Ordinariazinhas

OK, já estou até meio ignorantão com esta história. Mas, com este post, encerro o travo de banana verde na boca. Prometo. Direto do Pilândia, a explicação do esquema, esquematizado de forma a mostrar como você, ilustre leitor, paga a conta. Ihhh!!! Fod....!!!! E chega disso porque ninguém, nem eu, nem você, nem os outros, aguentamos mais. Descansemos.

Contraponto

Sabe aqueles velhos projetos que cada um de nós tem de mudar o mundo e que morrem com a chegada de nossos primeiros invernos? Dá para fazer, sim. Com madre Tereza (de Calcutá, Índia - registre!), não compartilho nada, a não ser as dúvidas sobre Ele (publicadas recentemente e causadoras de polêmica). Contudo, dá para fazer um pequeno esforço e alegrar-se com movimentos que mudam um pouquinho, pelo menos, a face sombria desse mundo pretensamente moderno em que vivemos. Na era da internet, é possível que qualquer um de nós empreste quantias a partir de US$ 25 a pequenas empresas (controladas por mulheres, majoritariamente) do Vietnã ao Quênia. O crédito popular mundial tomou impulso quando o bengalês Muhammad Yunus, de Bangladesh, criador do "banco popular", que concede microcréditos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2006 pelo projeto do Grameen Bank. O Kiva.org partiu do mesmo princípio e mal dá conta do volume. O site trabalha com dezenas de grupos de microcrédito que selecionam empresas que precisam de empréstimos - de uma mulher hondurenha que vende cosméticos a uma tecelagem cambojana ou uma oficina mecânica em Gana. Em entrevista à Reuters, o fundador do Kiva, o indiano Premal Shah, disse que o usuário médio fornece recursos a quatro empresas no site, com empréstimos de US$ 25 a cada uma, e até agora o total emprestado foi de US$ 11 milhões, sempre a juro zero. O idealizador espera emprestar US$ 100 milhões nos próximos três anos. Shah trabalhou na PayPal, empresa da eBay que permite fazer pagamentos online por internet de qualquer lugar do mundo. Você já reparou quantas boas idéias vêem da Índia, Bangladesh e de toda aquela região? Publico este post como um contraponto aos 40 que me entalaram na garganta como uma espinha de peixe e que soam pequenos perto de grandes como Yunnus e Shah. Olha a cara de feliz do Shah na foto. Aposto que o bengalês dorme em paz toda noite!


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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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