Sobre ilhas, possibilidades e indivíduos
"Ninguém É Uma Ilha", de J.M.Simel, e "A Possibilidade de Uma Ilha", de Michel Houellebecq, são livros que não têm nada em comum além do sujeito oculto "indivíduo". Ambos tratam do ser humano e as possibilidades desse ser no mundo. O primeiro é policial e não está nem um pouco preocupado com as digressões filosóficas da vida eterna, como o faz o segundo. O nome do primeiro livro, na verdade, é mais para atrair leitor. Não importa. O que está em questão é que, realmente, não somos ilhas e temos possibilidades. Ou não, a depender da perspectiva negativa de Houellebecq em "A Possibilidade de Uma Ilha". Em questionamentos sobre a existência, vã ou não, de nossas pobres almas, amigas e eu chegamos à conclusão que, no fundamento, somos ilhas encerradas dentro de nós mesmos, individuais e profundamente solitários porque não dá para um ser humano ser o outro ou se transportar para o outro porque somos unos e ponto final. O que sobra disso é que tateamos baseados numa esperança, cega ou não, do que virá. E continuamos na busca. Se não for isso, é o nada. E para o nada, não temos respostas. Ou temos e preferimos não sabê-la. Houellebecq debate os limites do homem em "A Possibilidade de Uma Ilha" ao clonar o ser humano e garantir sua eternidade. A felicidade está na permanência? Não sei se o caminho que o autor traça é viável. Conheço(ci) pessoas que se debatem entre a vida e a morte e voltam-se para a vida, à espera de uma resposta que não chega. Houellebecq é autor de "Partículas Elementares" (o filme deve estrear este mês no Brasil) e de "Plataforma". Li ambos e também "A Possibilidade de Uma Ilha". Tido como profeta (teria antecipado os atentados reais que aconteceram na Indonésia em "A Plataforma"), o autor francês é bastante polêmico e se envolveu em controvérsias com o mundo islâmico por conta de suas idéias. Acho que o autor é partidário da auto-promoção. Enfim! Atualmente, Houellebecq dirige ele mesmo o filme "A Possibilidade de Uma Ilha", cujo cenário é a Ilha de Lanzarote, na Espanha (onde vive José Saramago). Eu recomendo os três livros do autor e não recomendo "Ninguém É Uma Ilha". Com tantas ilhas, esse post já virou um arquipélago. Por mim, fico com Ilhabela. Ou com Sealand (cuja foto estampa este post), que é a menor ilha artificial (e país, não reconhecido) do mundo.
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário