Sem benevolência
As Eumênides são deusas gregas complacentes, que fazem o contraponto às Erínias, vingadoras de crimes. As Erínias (Fúrias) nasceram quando Cronos, senhor do tempo, decepou o pênis do deus Céu. Dos salpicos de sangue caídos sobre a terra, brotaram as Erínias. Do esperma que respingou no mar, nasceu Afrodite. O amor e a expiação surgiram simultaneamente e é essa a linha que conduz o livro "As Benevolentes" (Eumênides), de Jonathan Littel (Objetiva, 912 páginas, R$ 79,90). Ainda não comprei o livro. Somente acabei de ler a resenha. É o próximo da minha lista. Em poucos dias, começarei a publicar uma seção fixa com análises dos livros que leio. Na ilustração que acompanha este post, Orestes é perseguido pelas Erínias. Na Grécia matriarcal pré-helência, as Fúrias vingavam e puniam quem matasse seus familiares. Na peça "Oréstia", do poeta Ésquilo, Orestes, o filho de Clitemnestra e de Agamenon, mata a mãe e enfurecem as Erínias, que saem em sua perseguição. Quando o julgamento é realizado, a deusa Atena intercede e livra Orestes do castigo do matricídio. As Erínias ameaçam arrasar a Terra, por vingança. Atena negocia e lhes promete rituais especiais em sua honra. A partir de então, as Erínias recebem o nome de Eumênides (gentis ou benevolentes), tomado de empréstimo de uma tríade anterior de deusas do mundo inferior que fizeram surgir do solo plantas comestíveis como uma dádiva à humanidade. As Erínias chegam em nossas vidas para alertar-nos que quando se está em crise deve-se buscar ajuda. A crise pode ser sua ou de um familiar, uma amiga(o), não importa quem seja, deve-se estender a mão ou pedir ajuda. As Erínias nos afirmam que todas as crises são necessárias para a nossa evolução, nos fazem crescer e podem ser transformadas em oportunidades. Mas, para alcançá-las, deveremos vivenciar a crise inteligentemente. Mas, pensar nisso enlouquece. Pense.
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