Meu rugido dominical
Fé! É uma palavra com diferentes abordagens e depende do momento e de como você encara a vida. Me defino como ateu. Ainda hoje, domingo, acabei de ler uma resenha sobre o livro "Deus Não é Grande", a ser lançado pela Ediouro em outubro, em que o autor, Christopher Hitchens, declara: "Jesus enquadra-se no catálogo mundial de nascimento virgem, ao lado de Mercúrio, Krishna, Átis e Perseu". Concluo que, dentro da minha comezinha interpretação dos mitos religiosos, não viajo tanto assim. Na minha opinião, toda a categoria de nomes que suporta as religiões mundiais é baseada em mitos. O homem necessita de mitos para continuar. Precisa acreditar que há um prêmio, há um paraíso. Não discuto isso. Também busco o paraíso ao fim. Desde a minha compreensão da literatura e das pessoas, suponho que vivemos atrelados a esses mitos que nós mesmos concebemos para poder viver o cotidiano. Senão, ficamos reduzidos às nossas parcas existências frívolas. Mas, quando citei a palavra "fé", o que quis dizer é que, enquanto almoçava outro dia, vi, na rua, uma dessas pessoas por quem, de repente, somos atraídos de imediato. Ou pelo todo ou por um detalhe. Há uma conexão imediata. Nem sempre recíproca, é verdade. Foi o caso. À primeira vista, a mensagem era bem rasteira: atração, repulsa (ou indiferença, tanto faz), negação e aceitação (adoro essa sequência). Se a primeira informação trouxe tudo isso, a mensagem subliminar foi muito mais profunda: atrás da cena, passou outra pessoa, cuja camiseta trazia a inscrição "Fé". Simples. Só a palavra, solta, preto no branco. Definitiva. Entendi imediatamente que a fé é isso. Rebate o negado para te preparar para o possível. Nada a ver com esperança. Tudo a ver com fé nas pessoas, na condição humana, nos outros, em si mesmo. Fé. Tão curta e complexa. Se tenho fé? Ao contrário do meu ateísmo, a minha fé é imensa, mal dá para contê-la. Sou um homem de fé. Sempre. Não esperança, que essa anda maltratada. Mas, sem fé, tudo vira nada. Sigo com a fé, pois.
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