Sexo no ar não pode
Você compra uma das passagens mais caras do mundo (o preço máximo no vôo inaugural chegou a US$ 100 mil), instala-se com todo conforto (lembra? zona de conforto é isso também) na primeira classe, tem acesso a bebidas exclusivas e comidas preparadas por chefs de renome. Bem, você está no céu. Literalmente! A bordo do Airbus 380, que fez o primeiro vôo comercial (com fins humanitários) no último dia 25, entre Singapura e Sidney, Austrália. Depois de se fartar de comidas e bebidas, você lança-se numa das 12 cabines maravilhosas, com enxovais de cama da Givenchy, de Paris. Meio bêbado e dopado pela sensação de estar a bordo de um finíssimo motel aéreo, você fica cheio de tesão. Está lá e tal e, de repente, uma educadíssima atendente te pede para parar tudo. É frustrante, não é não? A Singapore Airlines, primeira companhia áerea mundial a operar o A380, o maior avião de passageiros do mundo (cabem até 853 ordinários, em configuração de classe econômica, claro), proibiu as relações sexuais a bordo de sua aeronave. Não, não é puritanismo da Singapore. O problema é que o A380 é o avião mais silencioso do mundo para os passageiros. Isso significa que os abelhudos de plantão ouvem ruídos que antes o barulho dos motores abafava (gente, e tudo o que eu queria era que os malditos passageiros parassem de ir ao banheiro à noite). As cabines não oferecem isolamento acústico (sim, eu conheci um hotelzinho assim na Finlândia do qual eu quase fui expulso). Foi justamente por esse motivo que a companhia decretou que não é permitido ter relações sexuais a bordo (só se for no bagageiro, para quem é bagaceiro, o que não é o meu caso). E não adianta insistir. As comissárias foram instruídas a interferir educamente (em linguagem suja, vão, com aquela polidez oriental, tirar isso daquilo com mãos extremamente delicadas) em caso de comportamento considerado inapropriado. Tudo para garantir que nenhum ruído estranho cause constrangimento aos passageiros/invejosos do maior avião do mundo. Tá! E como é que fica quando o casal resolve transar na poltrona da classe econômica mesmo, com você ali do lado? Isso ninguém reclama (se ao menos me convidassem para participar ...). E durma-se com um barulho desses que nenhuma turbina de Airbus ou Boeing consegue conter. A propósito, o vôo inaugural da Singapore rendeu US$ 1,26 milhão, devidamente doados para instituições como Médicos sem Fronteira e dois hospitais, um em Singapura e outro na Austrália. Gracinha essa Singapore, não é?
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