Rastreio de Cozinha - 110
Hoje, 11, faz um mês que voltei à faculdade. Lá se vão 30 dias que voaram. No retrospecto, teve de tudo um pouco: aula, um monte de informação, alguns pratos novos, nova classe, fins-de-semana fora de órbita, gripe, metrô lotado etc. À frente, restam apenas três meses para o final do curso.
O tempo urge, como se vê. Com ele, rugimos todos, pressionados pelos prazos curtos, muita coisa para fazer e muitos conflitos a administrar. Hoje tivemos mais um exemplo de como não se faz qualidade. Fizemos nossa primeira apresentação para a classe de um trabalho que será contabilizado como parte da P1. O professor, de TCC, tende sempre, na minha opinião, a demonstrar uma certa falta de flexibilidade e empatia conosco, alunos. Para ele, por certo, pão é pão e queijo é queijo. Não há pão de queijo.
O trabalho consistia em fazer um resumo por escrito (Word) e uma apresentação (PowerPoint) sobre o capítulo de um livro voltado para o empreendedorismo. Li apenas o primeiro capítulo e achei chato, na verdade. É uma lengalenga sobre o empreendedorismo e suas virtudes, entremeado por uma historinha de ficção para que o leitor não babe sobre o livro. Até aí, tudo bem. A proposta era fazer o trabalho e apresentá-lo para a classe.
Fomos o primeiro grupo - será um por aula. Passei parte do dia de ontem e de hoje ocupado com isso. Dividimos o capítulo em cinco partes e cada um dos cinco componentes do grupo fez um resumo de uma parte. Todos me enviaram e cuidei da formatação final em Word e também da apresentação em PowerPoint.
Apenas com a apresentação, dediquei cerca de 3 horas do meu dia. Antes de sair de casa, revisei tudo, imprimi, conferi mais uma vez a apresentação e salvei dois arquivos, em dois diferentes pen drives para não correr o risco de chegar lá e não conseguir abrir o arquivo, como já vi acontecer.
Nesta quinta-feira, queimamos, o grupo todo, as duas primeiras aulas, de Marketing, para nos dedicarmos à apresentação e ao TCC, que já está atrasado. Como você sabe, é bastante complicado reunir cinco pessoas em São Paulo no final de semana, especialmente para um assunto tão charmoso quanto o TCC.
Desde o primeiro dia de aula deste módulo, temos tentado nos reunir para definir os passos para o TCC e simplesmente não conseguimos. Então, o recurso usado foi garfar as aulas de marketing e começar a desenhar o esquema para o TCC: cada um de nós ficará responsável por uma das cinco matérias que compõem o todo do TCC.
Resolvido isso, nos preparamos para a apresentação, na biblioteca, com a distribuição do arquivo em PowerPoint para cada componente.
Às 21 horas, estávamos todos na classe, prontos para apresentar o trabalho. O professor chegou e notei que não havia computador na sala. A faculdade, ao contrário de outras instituições que conheço, não dispõe de infra-estrutura pronta nas salas de aula: não há computadores, TV, DVD e outros equipamentos fixos, prontos para serem usados a qualquer momento.
Mas, há quase dois anos, desde que estudo nessa faculdade, toda apresentação, necessariamente, está atrelada ao uso do PowerPoint. Portanto, não me preocupei com o detalhe do computador. Quando argumentei com o professor que não havia computador e que nossa apresentação estava em PowerPoint, ouvi de volta: "Você me avisou que queria um computador?". "Não, porque até hoje nunca soube que precisava avisar." Me redarguiu: "Então, use os meios de que dispõe." Aleguei que nunca havia tido a necessidade de solicitar o computador. "Mas, comigo precisa", me respondeu. "E agora?", perguntei. O prezado foi até a lousa e escreveu: GLS. Me surpreendi. Será que viramos uma faculdade de comportamento sexual, pensei.
GLS, escreveu o dito cujo. E bateu com o giz em cada sigla. Será que é alguma referência a mim?, me questionei. Ou algum trocadilho do qual eu perdi alguma parte? Não, nada disso. "G, de giz, L, de lousa, e S, de saliva", me disse, cheio de si.
E mais não disse porque eu virei as costas e fui ao grupo comunicar que não tínhamos o devido suporte sobre o qual faríamos a apresentação. Fizemos a maldita apresentação com o S, de saliva, e relegamos o G e o L a um segundo plano.
Me senti humilhado pelo professor que parece não entender que a relação professor-aluno não passa pela hierarquia militar de um general-sargento. Não estamos numa maldita escola militar, rígida. Seria bom usar de educação e de flexibilidade, para variar. Não me agrada a maneira como esse professor nos trata, de forma notadamente desprezível como se fossemos um pobres trouxas.
Nos meus longos anos de cadeira escolar - e bota anos nisso - já fui alvo de giz atirado por um professor louco, já me puxaram a orelha em classe, já fui espezinhado, ri muito (quase chorei). Houve de tudo um pouco. Mas, à essa altura, estou cada vez mais intolerante e, definitivamente, ser tratado como um aluno primário não faz nada a minha cabeça. Nota zero para esse professor que não conhece a sigla FES - flexibilidade, educação e sensibilidade para tratar com as pessoas. GLS ... Ahãn! Prefiro os GLS amigos, de gays, lésbicas e simpatizantes. Esse professor tem tudo para ser GLS - grosso, leso e satírico.
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