Rastreio de Cozinha - 95
Tivemos nesta quinta-feira duas aulas de Marketing e Empreendedorismo e duas de Projetos II. A princípio, eu ia tratar aqui de marketing e do meu contato com a área em geral. Como jornalista, trabalho para uma das principais revistas do meio publicitário e, em quase todas as matérias, me deparo com o cada vez mais aguerrido embate entre a publicidade tradicional e as novas mídias (blogs, comunidades sociais, games, interatividade, mobile etc. etc.).
A multinacional P&G, por exemplo, decidiu cancelar os projetos previstos para a publicidade tradicional (TV, mídia impressa, rádio etc.) e convocou agências do mundo inteiro para elaborar iniciativas baseadas apenas nas novas mídias.
O mundo do marketing - e, particularmente, da publicidade - está exatamente na transição entre o que se conhece como propaganda-consumidor-vendas e a interatividade que as novas mídias (e gerações) trarão.
Por enquanto, esse assunto ficará relegado a um segundo plano. As outras aulas, como disse, foram de Projetos II que, nada mais nada menos, é apenas um eufemismo para o temeroso Tentativa de Cabar Comigo (TCC). Para todo lado que se olha, essas três letras nos cercam, zombeteiras, a gargalhar de felicidade diante de tanta informação que terá de ser adicionada ao projeto final. Hoje, por exemplo, recebemos as instruções de um novo roteiro que, praticamente, desautoriza o (pré) TCC entregue no último semestre, o qual foi, inclusive, objeto de uma banca simulada. Tudo bem, tudo bem, quer dizer, TCC, TCC.
No Rastreio de Cozinha 93, postei sobre a (falta) de qualidade na faculdade. Afirmei que haviam 14 instituições de gastronomia apenas na Grande São Paulo. Nada disso! São 13 instituições que têm algum tipo de curso superior de gastronomia apenas na cidade de São Paulo, conforme listo abaixo. Quer dizer, a concorrência é brava mesmo. Acabei de descobri isso porque pesquisei rankings de faculdades de gastronomia e não consegui achar nada consistente. Se o bleader souber de alguma coisa, por favor, me informe. Não tenho a mínima idéia de como está posicionada a minha própria faculdade, seja no ranking de qualidade ou em qualquer outro.
Observe os cursos de gastronomia e as respectivas faculdades da cidade de São Paulo:
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - São Camilo
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Unibero
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - FMU
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Anhembi Morumbi
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Unicsul
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - São Judas
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - São Marcos
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Senac
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Hotec
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Unip
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Paschoal Dantas
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Uniban
- Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia - Famesp
Todas essas faculdades oferecem exatamente o mesmo curso, uma grade equivalente (com pequenas diferenças, talvez, mas, todas obedecem aos critérios do MEC) e, ou muito me engano, a forma e conteúdo diferem pouco mais, pouco menos, mas, ao final, são semelhantes e despejarão futuros concorrentes no mercado.
Volto aqui no ponto de anteontem: a qualidade de uma instituição e como se mede essa qualidade. Hoje, nas aulas finais, um acontecimento serviu para demonstrar exatamente o que é qualidade e o que não é qualidade. Estávamos às voltas com os roteiros do TCC e, de repente, uma colega passou mal. Não sei dizer o que é, mas, creio que é grave. Ela estava simplesmente na carteira e, mesmo com algumas pessoas ao seu redor, que lhe tocaram e chamaram seu nome, ela não reagiu. Uma outra colega foi ao professor (que não havia percebido nada) e disse que a colega estava mal. Ao invés de ele paralisar a aula e providenciar o socorro, não. Preferiu deixar que os colegas mais próximos providenciassem. Uma colega saiu e chamou o segurança (não temos nada equivalente a um suporte de primeiros-socorros, ainda que, na rotina da faculdade, corramos riscos constantes com facas e outros objetos).
Enquanto a colega foi buscar ajuda, o professor, de forma totalmente insensível, na minha opinião, simplesmente retomou a aula, como se nada tivesse acontecido. E a colega continuava lá, na carteira, imóvel. Gente!!!!!!! Esse professor tem alguma noção de qualidade??????? Ele tem noção de que deveria ter paralisado a aula e ido, ele mesmo, atrás de ajuda????? Não é o professor o ser supremo da classe???? Fiquei (ficamos alguns) chocado.
Por fim, a outra colega apareceu com um segurança e pelo menos mais três colegas os acompanharam. Acordaram a colega que passou mal e a conduziram para fora. Não sei o que aconteceu depois disso. Para mim, fica o registro da lamentável inépcia do professor em (não) tratar o assunto dessa maneira.
Isso é (falta de) qualidade. Qualidade de educação, de presteza, de prestação de socorro. Ele, justamente ele, o professor, declinou de parar e olhar para uma aluna que, por princípio, é de sua responsabilidade. Fica uma constatação: a continuar assim, não teremos qualidade em nada, nada mesmo! A qualidade começa quando se olha para o lado, para a tal da "equipe" tão propalada por todos eles, professores. No momento da aula, somos, a classe, uma equipe, gostemos ou não. É um time porque tem um objetivo comum. Evaporou-se a minha credibilidade em relação a qualquer projeto de qualidade que a faculdade queira conduzir. Nota zero! Engraçado que na aula anterior, de marketing, falou-se em "sensibilidade". Irônico e de mau gosto, no final das contas.
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