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domingo, 3 de agosto de 2008

Meu rugido dominical


Amanhã, 4 de agosto, este blog celebra o primeiro ano de existência. Nasceu, como este autor que vos escreve, sob o signo de leão. Logo, com elementos de natureza forte, de necessidade de liderar, de submeter o outro às suas expectativas.


Meu alter ego - Redneck - nasceu juntamente com o blog Por uma Second Life menos ordinária. Como nada vem ao acaso, Redneck define, na cultura norte-americana, os tipos ridículos e grotescos, o caipirão que tem atitudes risíveis e do qual se espera apenas um comportamento brega, sem maiores pretensões.

O que, francamente, não se aplica a mim. Se me chamo Redneck é para me situar e não me levar tão a sério como sempre preguei. Isso quer dizer que eu não tenho que ser um Redneck essencialmente. Sou caipira de origem. Caipira, na minha concepção, não é uma definição pejorativa. A base da minha atual urbanidade deve-se muito à minha caipirice. Exatamente para transpor as fronteiras entre o campo e a cidade é que sou quem sou e, portanto, cheguei até aqui. Nem completamente caipira e tampouco totalmente urbano, sou um ser miscigenado e, até onde entendo, desenho meu próprio mito e minha particular história.

Este blog nasceu de uma provocação, apenas para passar o tempo e para ser, a princípio, uma troca entre Patty Diphusa, mater amabilis do Rastreio de Cozinha, e eu. Éramos dois leitores que, antes, pretendiam brincar de blog. Evoluímos, ela e eu, neste ano de existência. Quero, neste momento, cumprimentar o gêmeo O Quem pelo aniversário, do qual sou leitor desde o primeiro post.

O blog nasceu sem qualquer pretensão, a não ser a novidade em si mesma. Claro que eu já conhecia o universo dos blogs. Não sei precisar a data, mas, desde 2003, talvez, eu já era leitor de blogs. Os blogs me foram apresentados pelo extinto site NoMínimo (sucessor do NO., lançado em 2002). O NoMínimo, com 3 milhões de visitantes mensais, encerrou suas portas em junho do ano passado, mas, então, eu já conhecia alguns de seus articulistas. Entre os quais, Pedro Doria, que foi um dos primeiros (para mim) a explorar o universo dos blogs.

Depois (2006), uma amiga criou um blog e disse que eu deveria experimentar. Na época, envolvido com outros assuntos, não me interessei. Somente um ano depois, para iniciar uma longa catarse, confesso, me atirei à blogosfera.

Não imaginava, há um ano, que me colocaria aqui de tantas e variadas formas como o tenho feito desde então. Percorri, neste ano, todos os círculos de Dante, sem querer ser sensacionalista (me perdoe me houve momentos em que agi assim). O blog passou a ser meu interlocutor. Nunca me arrependi de me expor mais ou menos, conforme o momento. Minha única auto-censura, se posso defini-la assim, é não citar nomes de pessoas que me são próximas. De resto, minha política, neste pedaço do universo que forma a internet, consiste em escrever sobre as coisas que me afligem. E, sobretudo, dar forma, em posts, ao que penso sobre tudo e todos.

Outro dia, em conversa com a genitora Patty, disse que não tenho grandes pretensões com o blog. Bem, é uma meia-verdade. No começo, eu queria, sim, ter uma grande audiência, muitos comentários e uma visitação esplêndida. Depois, com o tempo, isso passou. Entendi que me basta ter a oportunidade de colocar aqui o que quero. Preciso, sobretudo, colocar para fora alguns fantasmas. E, como leonino, não quero, em determinados momentos, debater, filosofar e argumentar. Quero apenas me expressar, sem a pressão de outra voz que me rebata. E é isso que me permite o exercício do blog. A mim, isso me basta.

No início deste ano, adotei a URL do blog - Rastreio de Cozinha - como nome de todos os posts relativos às minhas aulas de gastronomia. O(a) leitor(a) que já me conhece sabe que estou no segundo ano da faculdade de gastronomia. Sabe também que sou jornalista e faço do blog um palanque para as minhas frustrações com o jornalismo. De fevereiro para cá, publiquei 86 posts de gastronomia. Publiquei também uma série de outros textos sobre os mais variados assuntos.

Em um ano de blog, são 715 posts (incluso este). Da minha vida, dos meus temores, das minhas dores, alegrias, viagens, feitos, não-feitos, expectativas, micos, surtos. Enfim, tudo o que compõe a vida ordinária. Se sou menos ordinário, de fato? Sou nada! Sou como todo mundo.

A única diferença entre eu e os demais se deve somente ao blog e ao prazer (às vezes, à necessidade) de colocar em público questões que me são caras. Me realizo plenamente no blog. Confesso que viajo, que surto em público e em privado. Mas, que sou equilibrado o bastante para ter auto-crítica e me retrair ou me expandir conforme o momento. Quero dizer que um ano de postagem me adicionou muito: me deu um entendimento melhor de mim mesmo, expandiu meus horizontes virtuais e, claro, me colocou em contato com um enorme contingente de pessoas que está por aqui, quase que diariamente.

Amanhã, dia 4, ao completar um ano, o Por uma Second Life menos ordinária não atinge a maturidade. Ao contrário, engatinha. Se o meu universo cabe numa casca de noz, há um apelo inexorável para que cada molécula da noz seja explorada. E é com isso que continuo a viagem em busca de mim mesmo, pelo que possa haver de menos ordinário dentro de mim e no outro, que é você, meu(minha) leitor(a).

Amanhã, dia 4, voltam as minhas aulas. É o quarto e último módulo da faculdade de gastronomia. Se tudo correr bem, serei graduado como tecnólogo em gastronomia, vulgo chef de cozinha. De fato, não sairei da faculdade um chef pronto para assumir panelas douradas de algum restaurante top. E nem são essas as minhas pretensões. Me basta o novo, por ora, que a faculdade tem me dado. E este blog complementa esse novo. E me complementa de formas as mais diversas as quais, admito, sou incapaz de contê-las num só post. Meu espelho continua nesta tela, sempre na busca de uma vida (segunda, se preciso for) menos ordinária.

4 Comentários:

Patty Diphusa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patty Diphusa disse...

Acho mesmo que esse blog te traz o novo mas sabemos que há ainda um caminho a ser percorrido, não? Claro que vc saberá o momento certo, mas confesso que aguardo ansiosamente a hora de seu texto invadir um outro espaço.

Bjs, parabéns antecipado. Amanhã cumprimento de novo.

Patty Diphusa disse...

Ah, fui que deletei lá em cima, tá?

Redneck disse...

Sim, Patty, sim, um longo caminho. Até lá, o blog me alimenta. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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