Meu rugido dominical
O que acontece quando você reúne centenas de pessoas em torno de um só objetivo, que é celebrar a união de duas pessoas, quer dizer, um casamento? O que acontece quando você, de repente, se sente acolhido? Quando você está envolto em uma nuvem autêntica de felicidade e alegria? Quando basta olhar para os lados e ver que todos compartilham daquele momento?
Um círculo se fecha. A energia carrega o ambiente. Dá para senti-la. Sob o símbolo da aliança, um outro círculo, indivisível, une todos que estão num só momento. Por instantes, corações e mentes convergem e se rejubilam pelo fato de celebrar.
Os ritos humanos são extremamente importantes, na minha opinião. Registram as fases da vida. São necessários para marcar os rituais de passagem. Para confirmar com a família e amigos a continuidade. Sem os ritos, somos todos um pouco mais frouxos. Sim, os ritos são importantes.
Este final de semana estive em Ribeirão Preto para o casamento da filha de uma grande amiga. Participo, de alguma forma, desse casamento desde o princípio. Me sinto envolvido com tudo. E fui envolvido completamente na recepção.
Tudo muito bonito, com detalhes cuidadosamente elaborados. Com pessoas conhecidas e desconhecidas. Me senti em casa, guiado por anfitriões gentis. Me diverti. Ri. Não chorei (de emoção, que a contive). Dancei, falei, bebi, comi.
As luzes foram insuficientes para fazer face a sorrisos iluminados. De pessoas que conheço há anos ou dos estranhos. Um casamento é uma rara oportunidade de nos enfeitarmos, nos produzirmos e nos colocarmos a serviço da alegria. Estamos ali porque conhecemos as pessoas e porque queremos testemunhar o momento.
Sempre gostei de todo o ritual do casamento e, na minha casa, me emocionei com os casamentos de três irmãos. Gosto de tudo: da preparação ao cerimonial religioso, a recepção, o pós-festa e os pequenos detalhes, comentários, lembranças.
O casamento a que assisti foi magnífico. Conheço mais a mãe da noiva do que a noiva. Mas, desde o primeiro instante, me senti como convidado dos próprios noivos. Carinho, alegria esbanjada gentilmente. Precioso o momento, do início ao fim.
O colar formado por pessoas que amam os noivos - família, amigos - é feito de aço. Tem o poder de catalisar a felicidade emanada. Se pudesse, guardaria o brilho e a alegria dos sorrisos num pequeno vidro para consumir aos poucos. A felicidade é possível. E quando é coletiva, é esfuziante.
Se me fosse dado optar, escolheria esse casamento para mim mesmo. Cercado das pessoas que mais amo e admiro. E ser por essas pessoas cercado, num halo humano de conforto, de carinho, de luz.
Obrigado, mãe da noiva. Obrigado, noivos, agora, marido e esposa. Fico feliz de presenciar uma cerimônia de tal porte. E confirmar que a união, formalizada, é linda, afinal. Que o casamento reforça a crença de todos nós no relacionamento entre duas pessoas. E isso me basta. Sentir e viver esse momento. Convergir junto. E compartilhar de momento tão especial. Sou padrinho de dez casais. Um recorde, imagino. E, a cada casamento, renovo, em silêncio e com os presentes, os meus próprios votos de crença na humanidade. Que respeita o rito e o realiza e o divide.
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