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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

No meio do caminho havia, que engraçado, uma bunda

Poeira, a primeira poesia é uma homenagem a você, que aparou na testa a força do mineral. Se você leva literalmente na mente a pedrada, agradeça-me. Sim! Porque você se tornou uma pessoa melhor com a pedra, não foi? A pedra te incutiu outras possibilidades e se algum sangue esvaiu, foi para dar espaço para idéias. Gostou desse argumento? Não responde. É, porque, muita gente que não levou pedra na cabeça ficou até hoje a ver estrelas. Ou poeira das estrelas. E, convenhamos, é melhor o mineral do que o vazio do espaço sideral. Vai, compreende. Eu sei que você entende. Bem, a segunda poesia é porque, Poeira, é inexorável e mais forte do que eu. Algum acréscimo picante tem que sair de um cara que quer ser chef de cozinha. Nem que for da anatomia humana. Pensa bem: cozinha, comida, calor, anatomia, pia - tá tudo ali já! OK, OK, forcei um pouquinho. Mas, é que eu queria fazer caber a outra poesia aqui. Além do que, não preciso dar explicações: sou dono do blog e coloco e pronto! Olha a pedra, hein!


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


A Bunda, que Engraçada

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda

by Carlos Drummond de Andrade

1 Comentário:

Anônimo disse...

Serjão, depois comento a poesia, antes, porém, gostaria de saber: porque esse anjo tá sempre de ladinho e encolhidinho? Não responde!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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