A ditadura da estética
De acordo com a minha carga genética, a princípio, a minha compleição (acho que ninguém mais usa essa palavra) era para ficar circunscrita a um determinado perímetro. Esteticamente, fui formado para ser como este carinha da foto abaixo:
Mas, com o decorrer do meu processo evolutivo (que se deu nas bordas, sobretudo), nos últimos anos, especialmente com a minha migração do interior para São Paulo, as coisas desandaram. Houve um afluxo de adiposidades que me tornaram malemolente, sonolento e com sentimentos insanos de sempre deitar e esperar passar. Tanto assim que tracei para mim mesmo, nos moldes do rodízio de São Paulo, um centro expandido (que não é nem um pouco flexível) para eu caminhar. Esse centro expandido (ou devo dizer comprimido) não ultrapassa os 100 metros de circunferência no entorno da minha casa. Passou disso, carro nele! Bem, com esta mentalidade torta, adquiri, a moles penas, uma estatura da qual não me orgulho, conforme retratado abaixo, e que resulta numa deformação da concepção original feita pelo meu padrinho Michelangelo:
O resultado, como vocês podem imaginar (e visualizar), está longe de ser considerado algo minimamente convergente com o que se convencionou a chamar-se de 'estética'. Não foi sem sustos que adquiri tamanha envergadura. Contudo, ao susto prevaleceu o viver sem fronteiras, como bem prega uma conhecida operadora. Que, a propósito, tem tudo a ver porque é da mesma terra do meu padrinho. Voltemos! Com essa atual constituição física, meu querido padrinho daria urros de tristeza. Sei muito bem que estou fora dos princípios elegantemente traçados por ele. Mas, a vida tem seus percalços e, de fragmento em fragmento, tornei-me uma rocha. Obesa, porém sólida (é isso mesmo, alguma coisa, além da largura, tem que ser ressaltada ao final desse processo). Entre o esbelto e mundialmente conhecido como modelo de beleza na primeira foto e o monstro que agride as pessoas na rua simplesmente por existir, na segunda foto, pressinto que Michelangelo teria que raspar as sobras do segundo para elaborar um sub-produto, o que prova que há muita rocha para ser lapidada. Creio que daria para esculpir algo assim:
Não é engrandecedor reconhecer as coisas nesta perspectiva (que é o termo apropriado quando se trata de arte e estética). Mas, é nobre da minha parte ceder as portes rotundas para a escultura de uma nova obra. Isso você tem que admitir também. Assim, imploro que Michelangelo, do alto de seu spa celestial, tenha compaixão da sua criatura e que me alimente apenas de pó de mármore para que eu tenha uma redução expressiva de massa corpórea. Somente dessa forma poderei voltar ao panteão de uma estética aceitável. (Esse lamento todo é para dizer que não estou feliz. Nem um pouco! Mas, que preguiça!)
4 Comentários:
Hahahahaha... que exagero, amigo. Gostei do seu padrinho no spa celestial, muito bom. Hoje almocei um pratão de brócolis, me senti o máximo. Estou doida de fome e daqui a pouco é hora do chopp. Adianta? Preguiça mesmo. Bjs
Olá amigo...
Eu sou magro de ruim mesmo pq como bastante, mas meu biótipo e de magro não tem jeito de engordar...
Mas que tem a tendência tem que fazer alguns sacrifícios e abandonas os alimentos calóricos...
Quanto a este texto esta muito bom...
Voltarei sempre.
[]s L.Sakssida
Red, vc é realmente uma graça (não estou dizendo palhaço e sim docinho mesmo! rs)...
Passei por aqui e me encantei com o post, nossa preocupação com a estética é normal, garanto! Pior se estivéssemos vivendo em função disso.. aí a vida seria uma droga, né não?!
Sempre digo que os homens mais lindos e paqueráveis são os inteligentes e articulados. Tenho certeza que vc é muito interessante, pois pra tecer um texto assim... ah é de-mais!!!
Parabéns!! E obrigada pela visita.
beijos
Mara
PS.: Nem os 100m estou andando, pois fico brava quando não encontro lugar pro carro na porta do banco! rsrs
Oi!
Excelente post: bem humorado e verdadeiro! Tem um blog que acompanhei por muito tempo e me inspirou bastante: www.meuemagrecimento.net. Os arquivos mais antigos são bem interessantes...
Bjks,
ML
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