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sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Saia da caverna, homem!

O Mito da Caverna de Platão (380-370 a.C.) é uma das melhores alegorias para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. De acordo com Platão, todos estamos condenados a ver sombras à nossa frente e tomá-las como verdadeiras e a maioria da humanidade está condenada a uma infeliz condição. No mito, alguns homens estavam presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados e obrigados a olharem sempre a parede em frente. Na caverna, havia uma escassa iluminação, e seus habitantes somente enxergavam as sombras dos objetos e da movimentação, que surgia e se desafazia. Os homens acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, e o espectro virava realidade. A existência era inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Se, por acaso, alguém resolvesse libertar um daqueles homens e o levasse para longe daquela caverna, o que poderia então suceder-lhe? Num primeiro momento, ele nada enxergaria, ofuscado pela luminosidade do Sol. Depois, acostumado com a luz, ele iria desvendar aos poucos as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da ciência e o do conhecimento, finalmente, se abriria para esse homem. Me diga agora se ainda não estamos nessa caverna? Alguns, mais afoitos, não acreditam que as sombras são ídolos e não as temem. Contudo, a grande maioria persiste em adorar falsos ídolos na esperança de que a aceitação converta-se em obtenção de benefícios. Ora! Deixemos de lado a superstição. Somente o conhecimento nos salva das correntes que nos mantêm na caverna. O mito da caverna não se encerrou (e, acredito, não se encerra nunca) com Platão. Em "O Castelo" (inacabado), Franz Kafka retomou o pesadelo. Depois, em "A Caverna", José Saramago atualiza o mito.

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