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domingo, 12 de agosto de 2007

Muito barulho por nada

"O Grito" sempre me intrigou. Dá vontade de correr para uma ponte e botar a boca no trombone até fazer vibrar o concreto. Li, de certa feita, um relato impressionante de uma sem-teto. Ela dizia que morava sob o viaduto por opção, e não por falta de. A explicação que veio em seguida me comoveu bastante. Ela acreditava que tinha um barulho interno que não a deixava em paz. Na sua racionalidade (bastante avançada, creio), ela achava que dormir sob o viaduto, com todo o tráfego de automóveis, faria com que seu barulho interno se aquietasse. E, de fato, ela encontrava a paz na falta de silêncio. "O silêncio faz com que eu ouça o meu próprio barulho", disse. Numa cidade carente de silêncio como São Paulo, o barulho irrita sim. E tem horas que dá vontade de fazer como Munch e berrar sobre pontes. Mas, num mundo em que ora se demanda silêncio, e, em outra, busca-se o barulho, o melhor mesmo é abafar o berro e admirar a estranheza de um grito de angústia. Na minha opinião, o berro deve ser liberado somente se a ponte cair, de fato.

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