Hoje, quinta-feira, 27, como o bleader já sabe, minhas aulas são teóricas. Duas de Projeto Interdisciplinar I (mais conhecido como Trabalho de Conclusão de Curso - TCC) e duas de Geografia Aplicada à Gastronomia. Como a aula de geografia anda um pouco sem atração, resolvi fazer um mix sócio-geográfico que vem exatamente a calhar.
Nosso TCC, como já disse, consiste em viabilizar um restaurante, da implantação ao lucro, com todas as fases: planta desenhada por arquiteto, logotipo próprio (já temos), pesquisa de opinião pública (temos um pouco e vou atormentar o bleader com esse assunto), utensílios e equipamentos, cardápio, pessoal de salão e de cozinha e muito mais. O restaurante, para o TCC ser aprovado, tem que gerar lucro, ao final do curso. Apesar de ser um projeto virtual, tudo o que levantamos é bastante real.
E a realidade começa exatamente no endereço do nosso futuro restaurante (o Alecrim): rua Barão de Capanema, 549, Jardim Paulista, São Paulo. Simplesmente desalojamos o D.O.M., de Alex Atala, para ocupar o espaço (virtualmente, claro!). Então, pensei que seria legal juntar o TCC com geografia e falar do meu bairro, o Jardim Paulista.
A região é administrada pela Subprefeitura de Pinheiros (são quatro distritos: Alto de Pinheiros, Pinheiros, Itaim Bibi e Jardim Paulista). Conforme o censo de 2000, o Jardim Paulista tinha 83.667 moradores (se tiver uns 120 mil atualmente, é muito). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Jardim Paulista é de 0,850 (em 2007, o Brasil chegou a 0,800). O Jardim Paulista tem uma área total de 6,17 Km2 e é formado pelos bairros de Cerqueira César, Jardim Paulista, Jardim Europa (parte), Jardim América (parte) e Vila Primavera. Com os Jardins Europa, Paulistano e América, o Jardim Paulista constitui a chamada "região dos Jardins", conhecida pelo alto poder aquisitivo dos moradores (longe de ser o meu caso e de cerca de mais de 50 mil moradores).
Ao norte, o Jardim Paulista faz divisa com os bairros do Pacaembu e Consolação; a leste, com os bairros da Bela Vista e Paraíso; ao sul, com os bairros do Ibirapuera e Jardim América; e, a oeste, com o bairro de Cerqueira César. A topografia do bairro apresenta dois trechos com características distintas: o primeiro é relativamente plano e vai da rua Estados Unidos até a alameda Lorena. Depois disso, em direção à Avenida Paulista, é um aclive.
Fisicamente, o bairro tem a forma de um retângulo, e foi projetado com um sistema de ruas paralelas que formam um grande quadriculado. Ao todo, são 138 quadras desenhadas por 4 importantes avenidas, 52 ruas e alamedas (inclusa a minha querida Joaquim Eugênio de Lima) e 27 ruas sem saída (como estamos muitos, às vezes).
As principais vias do Jardim Paulista são: as alamedas Campinas, Casa Branca, Fernão Cardim, Franca, Itu, Jaú, Joaquim Eugênio de Lima (I´m here!!!!), Lorena, Ministro Rocha Azevedo, Santos, Sarutaiá, Tietê, avenidas Brigadeiro Luís Antônio (na qual morei por bons dez ou 11 anos), Nove de Julho, Paulista (querida, merece um post exclusivo), Rebouças, ruas Antônio Figueroa, Artur Frazão, Augusta, Barão de Capanema (onde está localizado nosso restaurante fictício do TCC), Batatais, Bela Cintra, Caçapava, Caconde, Capitão Pinto Ferreira, Chabad, Convenção de Itu, Cravinhos, Cristóvão Dinis, Consolação, Doutor Nelson Vasoler, Estados Unidos, Guarará, Haddock Lobo, Haiti, José Maria Lisboa, Lupércio de Camargo, Marília, Melo Alves, Moacir Piza, Oscar Freire, Ouro Branco, Padre João Manuel, Pamplona, Paraguai, Peixoto Gomide, Presidente Prudente, Professor Azevedo Amaral, Queluz, Rio Preto, Saint-Hilaire, Sarandi, Severo Fournier, Tapiratiba, Tatuí e Vitório Fasano. Se não passei em 100% dessas vias, uns 95% eu garanto.
O Jardim Paulista não sedia, no seu perímetro, um shopping center, mas, está próximo do shopping Iguatemi, do Frei Caneca, do Pátio Higienópolis, do Eldorado e do Pátio Paulista. A Oscar Freire concentra lojas como a Tiffany & Co., Cartier, Bvlgari, Dior, Versace, Giorgio Armani, Louis Vuitton, Montblanc e Bang & Olufsen. Segundo a Mystery Shopping International (organização que reúne institutos de pesquisa de mercado de diversos países no mundo), a Oscar Freire é a oitava melhor rua de comércio de luxo do mundo.
Na região, também estão localizados a Galeria Ouro Fino, com lojas alternativas para DJs, modelos, músicos, fashionistas e um povo que vai de moderado a bipolar (coloquei meu piercing lá) e o Conjunto Nacional, que sedia a Livraria Cultura (já foi a minha preferida). Há, ainda, mais duas grandes livrarias na região: a FNAC, aqui pertinho de casa, e a Livraria da Vila, na alameda Lorena. Eu incluo ainda a Martins Fontes, que foi o que sobrou de livraria acolhedora, na minha opinião (há duas na região - na Paulista e na alameda Jaú).
Para o consumo de um bom (e endinheirado) gourmet, há a ótima Casa Santa Luzia, que funciona desde 1926. Para o cidadão que tem os pés na terra, as feiras-livres estão à disposição no domingo (alameda Lorena), às quartas-feiras (alameda Fernão Cardim), às quintas-feiras (rua Barão de Capanema) e às sextas-feiras (rua Capitão Pinto Ferreira).
Aos domingos, tem a feirinha de antiguidades no vão livre do MASP. Em frente, no parque Trianon, rola a feirinha de artesanato. Os hotéis mais caros (exatamente metade dos cinco estrelas da cidade) estão na região: Renaissance, Grand Meliá Mofarrej, Unique, Emiliano e Fasano.
Finalmente, no que se refere à minha área, a gastronomia, alguns dos melhores restaurantes do Brasil, conforme o Guia Quatro Rodas, estão localizados no Jardim Paulista: D.O.M., Fasano, Gero, Nonno Rugero, Massimo, Antiquarius, Skye, A Figueira Rubaiyat, La Pasta Gialla, Bistrô Charlô e La Risotteria. As opções vão da cozinha judaica à asiática, com paradinhas estratégicas pelas cozinhas orgânica, mediterrânea, contemporânea e internacional.
É uma maravilha, não é? Pena que outras 10.880 milhões de pessoas (população do município de São Paulo menos os 120 mil moradores do Jardim Paulista) não tenham a mínima condição de sequer imaginar tudo isso.
Também, não sou nenhuma madre Tereza de Calcutá e nem é para isso que estou aqui. Meu negócio é morar por aqui mesmo, aproveitar a infra-estrutura da região e, se pudesse, estaria no topo de um dupléx, no coração dos Jardins, com direito a compras diárias na Santa Luzia e cinco carros na garagem.
Ao final das contas, essa aula aqui, no blog, ficou mais interessante do que a de lá, na faculdade. Nem eu sabia de tanta informação assim. Eu vivo nessa região há, pelo menos, uns 16 anos (ou mais). É a minha casa, o meu bairro, a minha padaria, a minha banca, o meu café. Sabe quando você conhece os taxistas, o dono do bar, o padeiro, o cara da banca e até mesmo os porteiros dos prédios vizinhos? É assim. Geograficamente, tanto faz você viver aqui ou na França, andar de metrô cheio ou de TGV. Geograficamente, nada disso importa. O que interessa, mesmo, é a geografia pessoal de cada um, seus próprios mapas-múndis, que podem ser apenas seu bairro, o seu querido e exclusivo mundo.
(Relaxe: como eu enchi o post de dicas, dispenso qualquer outra referência. Além do que, se você assim o desejar, eu serei seu guia por essas ruas. Claro que, ao final, você me pagará um maravilhoso jantar num dos restaurantes acima citados. Sou como um príncipe, dear, very expensive!)