Blog Widget by LinkWithin
Connect with Facebook

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Consumo consciente

Consumo consciente significa transformar o ato de consumo em uma prática permanente de cidadania. Quando assim exercido, extrapola apenas aquele ímpeto de satisfazer a necessidade individual, egocêntrica, de alimentar mesmo o ego. O consumo consciente leva em conta os reflexos do ato do consumo na sociedade, na economia e até no meio ambiente.


Por isso, se você compra produtos de uma empresa que usa mão de obra escrava lá da Ásia ou do Oriente Médio, você acaba por financiar práticas consideradas execráveis. Para se contrapor a essas práticas, você deve comprar, por exemplo, alimentos orgânicos, não adquirir produtos feitos por criancinhas e muito menos os enlatados e derivados que agridem o meio ambiente.


Existe até mesmo uma lista de princípios do consumo consciente, tal qual mandamentos a serem seguidos quando se trata de comprar. São 12 os princípios:


1. Planeje suas compras e compre menos e melhor.
2. Avalie os impactos do seu consumo no meio ambiente e na sociedade.
3. Consuma somente o necessário, reflita sobre suas reais necessidades e tente viver com menos.
4. Reutilize produtos. Não compre outra vez aquilo que você pode consertar e transformar.
5. Separe o lixe e comece a reciclar. Isso economiza recursos e gera empregos.
6. Use crédito com responsabilidade e não se jogue nas prestações (até 17 vezes na Casas Bahia) ou nos cinco cartões de crédito que você tem.
7. Valorize as práticas de responsabilidade social das empresas.
8. Não compre produtos piratas. Combata o crime organizado.
9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços e envie sempre sugestões e críticas às empresas.
10. Divulgue o consumo consciente. Desfralde essa bandeira assim como quem desfralda um varal inteiro de lençóis tamanho queen size.
11. Cobre dos políticos ações que valorizem o consumo consciente.
12. Reflita sobre seus próprios valores, reveja seus princípios e hábitos de consumo.


Me acompanhou até aqui??? Bullshit!E você acha mesmo que acredito nessa besteirada? Para mim, o tal do consumo consciente é invenção de mentes desocupadas. Alguém pode me dizer como consumirei de forma consciente se mal consigo respirar? E se consumo de forma desenfreada, acaso alguém pagará minhas contas? Tudo isso muito se me assemelha à maldita prática do politicamente correto.


Desenvolvido em um país que é dos mais politicamente incorretos, os EUA, o conceito é amplo o bastante para abrigar qualquer coisa que seja, exceto aquilo que os inventores descartam. Oras! Consumo consciente, tststststs!!! Abaixo, uma verdadeira lição do que é consumir. Consumo consciente de que haverá alguém pronto para satisfazer as mais primitivas necessidades. Em Paris, podemos conversar sobre a consciência e os efeitos do consumo no meu e no seu corpo!




As liquidações de Paris começaram hoje, 30. O Forum des Halles, complexo de 170 lojas que fica no centro parisiense resolveu inovar. Até sábado, 3, consumidoras (não entendi porque tal discriminação, mas nada que uma boa peruca e salto 15 não resolvam) terão 12 bofes treinados e uniformizados para acompanhá-las em suas compras. Por 1 hora, cada mulher que lutar para comprar terá direito a um desses bofes para segurar sacolas e esperar do lado de fora (!) do provador.


Os meninos - apropriadamente apelidados de "huge boy" terão uma imensa sacola, a "huge bag", para ser preenchida pelas compras. Os huge boys medem 1,90 e, de novo, acertadamente, foram escolhidos sob medida - under measure>: passaram por um centro de treinamento que durou meses. O serviço funciona por reserva - neste link aqui e aproveite e veja os bastidores do treinamento nos vídeos - e é gratuito.


Mas corra, perua, corra: as agendas dos huge boys estão lotadas. Nos vídeos, os huge boys exercitam bíceps, sobem e descem escadas e a consumidora mais sortuda ainda terá um dia de "pretty Julia Roberts woman": uma limusine na porta de casa para começar a peregrinação a Meca, digo, Paris, ao lado de um huge boy que, além de ficar colado na maldita, ainda lhe dará 1 mil euros para as comprinhas. Isso é consumo consciente. Consciente de que consumir pode ser um ato insubstituível de prazer. E quem defender o contrário é porque não dispõe de cartão de crédito e sonha que um dia chegará a Paris. Então sonha!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

1,2, 3 e estamos nas quartas!

Passamos pelas lhamas chilenas e nem precisamos escalar a cordilheira para nos refugiarmos ante um eventual festival de cusparadas dos furiosos animais que vivem à beira dos Andes.




Agora, como nem tudo são flores, ficaremos com os laranjas mecânicas que, estou certo, não nos oferecerão tulipas a não ser aquelas que transbordam de vontade de ganhar.




Que assim seja. Caminhemos, caminhemos.

domingo, 27 de junho de 2010

Meu rugido dominical



Vou fugir, pelo menos neste post dominical, do tema monocórdio que tem me tomado de assalto, assim, tipo, quem sou eu para falar de futebol? Estranhamente (para mim mesmo) tenho me dedicado a escrever sobre a bola e 22 homens que se entrecoxam e se entrechocam para levar a melhor sobre a Jabulani e sobre os 11 adversários. Mas, perdoe-me, estou contaminado pelo vírus da Copa do Mundo, que se me acomete a cada quatro anos.


Pois bem. Para fugir a este assunto e voltar a outro que me é caro, lhe faço uma pergunta: você já esteve em algum país da Escandinávia (Noruega, Suécia, Islândia, Dinamarca e Finlândia, a despeito de haver outras definições mais continentais)? Eu sim. Fui à Finlândia. Estive em Helsinki, Salo e Rovaniemi (essa última, na Lapônia). Da Finlândia, eu sabia apenas do Tom of Finland e do Papai Noel (não sei bem, mas ao juntá-los aqui, tenho a impressão que o primeiro é um presente do segundo).


Pois bem, 2. Voltemos do gelo. Estive na Finlândia a trabalho e gostei muito de lá. Achei muito frio, na comparação com o clima ameno que viceja aqui no Brasil. Mas gostei. De várias coisas. Da limpeza das ruas, da civilidade das pessoas, do azul dos olhos, dos gramados e pastos bem cuidados, das estradas muito bem feitas, da esportividade que parece pertencer a todos, dos ciclistas, muitos, milhares. Do metrô vazio. De Helsinki à noite (e era sempre noite, que coisa!). Da liberdade de ir e vir, a pé. Para quem vive em São Paulo, com seus 10 milhões de habitantes, caminhar por Helsinki, com pouco mais de 580 mil habitantes, não é nada. A cidade é facilmente absorvida.


Gostei dos campos, entre uma cidade e outra. Dos trens, confortáveis. Da boa companhia de noruegueses no trem. Dos soldados e da polícia, simpáticos ambos (não me pergunte porque). Gostei tanto que seria, não obstante o frio, capaz de viver um tempo no país. Tinha planos de continuar meu trajeto na Escandinávia para a Noruega e Suécia mas, por ligações neurais que não as compreendo bem, comecei e encerrei minha viagem apenas na Finlândia. Mas o que eu vi foi suficiente para que eu admirasse os finlandeses e os escandinavos, de forma geral.


Hoje, domingo, 27, tenho mais um motivo para acreditar que, embora as notícias sobre essa Escandinávia gelada sempre estejam associadas a altos índices de suicídios e depressão por conta dos longos e tenebrosos inversos (por acaso, estou a ler um livro de uma autora sueca que se queixa da extrema escuridão do inverno sueco), ainda assim aquela região do mundo ostenta os melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) de todo o planeta. Não deve ser, portanto, tão ruim viver em um mundo assim.


Mas o motivo a que me referi, que se me engrandece a Escandinávia diante de mim, é sobre a primeira-ministra da Islândia. Na Islândia nunca estive e sei do país três coisas: esquimós, Björk e Sigur Rós (meu grupo mais favorito de todos os tempos, ever!). Hoje, domingo, 27, soube mais uma nota: a primeira-ministra da Islândia, Johanna Sigurdardottir (a palavra 'sigur' significa vitória e não é coincidência o fato da ministra ter esse prenome como parte do sobrenome e ser do mesmo país dos meus favoritos Rós), casou-se com sua companheira no primeiro dia de vigência da lei que legaliza o casamento entre as pessoas do mesmo sexo na Islândia.


No dia 12 de junho, Dia dos Namorados no Brasil, os casais aqui deste país tropical, do mesmo sexo, trocaram presentes, talvez. Mas não receberam nada tão especial quanto naquele país gelado: o parlamento islândes aprovou por unanimidade a legalização do casamento gay na Islândia em 12 de junho. A primeira-ministra (no cargo desde fevereiro de 2009), além de ser a primeira chefe de governo no mundo a declarar abertamente sua homossexualidade, torna-se, agora, a primeira mulher lésbica a se casar com outra mulher publicamente.


Me diga, pois, se o que vem dos gelos lá de cima são apenas icebergs ou serão apenas a ponta desses icebergs que emergirão por cá nestas bandas? Eu, que amo de verdade o Sigur Rós (embora não entenda bulhufas o que eles cantam em islandês), deixo um vídeo (que, olha só, tem futebol...) desse maravilho grupo aqui porque nunca é demais. Beijo, com gelo e com sol. E mais não digo porque a Inglaterra caiu, a Alemanha ficou, o México caiu e a *&^&&^%%$$^^& ficou, para infelicidade de quase uma América do Sul inteira.




sábado, 26 de junho de 2010

Perdemos nossa inibição

O título deste post faz parte da música-tema da World Cup 2010: "As we lose our inihibition". É, a música que é da Coca-Cola. Porque cada pedacinho da Copa do Mundo é pago, é conversível em publicidade. OK. A Copa do Mundo é de uma entidade particular, da FIFA, e não um evento sem fins lucrativos.




Mas nem por isso quero deixar de registrar um sentimento que, presumo, acomete o mundo em duas grandes ocasiões: durante uma Copa do Mundo e nas Olimpíadas. De dois em dois anos, dos 6 bilhões de passageiros desta nave incerta que é a Terra, alguns milhares concentram-se para reproduzirem em algum lugar deste planeta um show de integração.



Hoje estamos a meio caminho deste evento. São 15 dias de Copa do Mundo e faltam apenas outros 15. Até agora, dos 32 países que foram à África do Sul, 16 já disseram adeus. Outros 16 engalfinham-se. Certo, há uma ligeira semelhança com tons de guerra. Mas, pode-se dizer que nesta guerra, as regras são mais rigorosas e quase que cumpridas, com baixas aqui e ali, mas sem morte. Espero.




O que quero dizer é que dos EUA à Coreia do Norte, durante 30 dias há pessoas dos cinco continentes que, representadas por um determinado percentual de torcedores que tem condições de ir pessoalmente ao evento, perde a inibição e é capaz de desfazer, por poucos dias, a babel duramente construída pelos seculares tijolos humanos que deram início à nossa grande tragédia, da humanidade, de nos separarmos tanto a ponto de parecermos diferentes.




No entanto, apenas parecemos diferentes. A língua, que é o elemento mais evidente dessa diferença, não quer dizer muita coisa, na minha opinião. Já viajei para terras "estranhas" o suficiente para dizer que a comunicação, quando necessária, se faz. Basta que sejamos, você e eu, humanos. Nos entenderemos perfeitamente por gestos, olhares, mímicas ou seja lá o que for preciso para que nos coloquemos em bons termos.




Perdemos nossa inibição porque, no mais profundo de todos nós, não tem o menor sentido nos constrangermos uns com os outros pelo simples fato de você ter nascido sob o sol inclemente das margens do Saara e eu ter nascido ao abrigo do gelo do Alaska. É apenas geografia.




Adoro saber que podemos perder a inibição, de nos mostrarmos e à nossa alegria da mesmíssima forma. Assisti a poucos jogos deste campeonato mas, repare! Os rostos dos norte-americanos, ganeses, marfinenses, coreanos, alemães, portugueses, eslovacos, dinamarqueses, uruguaios, argentinos, brasileiros, italianos, franceses e tantos outros são iguaizinhos: urram, gritam, sorriem, beijam alguma coisa íntima, saltam, ajoelham, agradecem, choram. São todas emoções desinibidas que nem as 40 câmeras de cada estádio são capazes de conter. E quantos serão os olhos que acompanham esse imenso big brother mundial? A última informação que li sobre audiência dava conta de que pelo menos 30 bilhões (audiência acumulada nos 30 dias) devem ver os jogos em 214 países!




Pois então por que não ser desinibido? Por que não arrancar a camisa e sair de peito aberto para comemorar tanta vibração? Por que não contaminar os demais 335 dias do ano com tanta emoção? Será que é tão difícil converter gols em gestos? Será que é tão complicado perder a inibição em cadeia mundial não mais de TV, e sim ao vivo, ao lado?




Embora as tragédias cotidianas continuem a ocorrer dia após dia nesses 30 dias que duram a World Cup, tenho a impressão que a Cup contém a maior parte do veneno. Assim como no Brasil, nas grandes cidades, o congestionamento cai a 0 Km, é quase como se a dor mundial caísse a níveis administráveis. 




Ou, pelo menos, a mídia, nessa era de real time, globalizado, converge seu foco para a Copa e deixa o resto do mundo com seus problemas. Sabe que é um fôlego, um respiro? É uma trégua e dá, sim, um alento. Pois aproveite que temos 15 dias pela frente. Depois, de volta à vida! Ou, no caso de muitos, à morte!


P.S. Escrevi este post e esperei quase 2 horas para publicá-lo porque a minha provedora de banda larga, a NET, saiu fora do ar. Como acontece todos os dias. Começo aqui uma campanha: a Campanha pela Real Conexão porque o mundo não é dos nets coisa alguma, e sim dos que reclamam seus devidos direitos de consumidor. Me respeite, NET, ou passe a cobrar time on demand. Lhe asseguro que sua arrecadação comigo cairá o bastante para sua qualidade melhorar. Que inferno!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tango é um pensamento triste que se pode dançar

"O tango é um pensamento triste que se pode dançar", cravou o poeta, compositor, ator e autor teatral argentino Enrique Santos Discépolo Deluchi, ou simplesmente Discepolín. Não há muita informação disponível sobre a origem do tango: talvez descenda da cubana habanera, música genuína da ilha de Fidel. Sabe-se que o tango era interpretado com violino, flauta e violão nos prostíbulos de Buenos Aires e de Montevidéu.


Outra vertente (uma lenda, dizem, mas acredito mais nas lendas do que na história oficial) afirma que o tango teria começado nas prisões, entre os detentos masculinos, para estimular o sexo anal e oral entre os homens (hummm...). Uma vez livres, esses homens iam viver na periferia de Buenos Aires e era nesses bairros pobres que dançavam, com os rostos virados, sem se fitar. Eis a versão homoerótica do tango.


Se o tango é um pensamento triste que se pode dançar, eu poderia também remeter a outros dois gêneros musicais: a fossa, não a fossa para armazenar detritos, se bem que é um ponto a se considerar, e sim a música de fossa, bem brasileira, aquela feita para se lamentar, para sofrer a dor do amor perdido, da ausência, da traição, do chifre; e o fado, tão português quanto triste, antigo, de 1840 e até antes. Fado, destino, triste. Logo, tudo triste, o tango, a fossa e o fado.




Minto! Triste apenas a fossa e o fado. Foi triste assim a partida entre Brasil e Portugal (salve Cristiano Ronaldo!) nesta sexta-feira que, diria, é da compaixão, e não da paixão. Que deixou a todos (não sei quanto aos portugueses) frustrados, depenados de paixões e prenhes de uma tristeza que um tango lá longe começa a despontar feito um casal de rostos colados, porém que não se fitam, enamorados, e sem ousar entreolhar-se porque proibidos. Mas a dançar a dança sexual cheia de desejo.





Porque não vejo outra explicação para o fato de que o Brasil vai de mal a pior e, cala-te boca!, quase que chego a ver um palco inteiro de dançarinos de tango a não se fitar, e sim a fitar-nos a nós outros, cheios não mais de tristeza, e sim de sorrisos e escárnios, pelados como prometeu aquele que o qual não ouso mais pronunciar o nome e que se ri à solta a cada vez que a seleção verde e amarela se põe em campo a cometer desatinos.


Tenho comigo que bailaremos (e cuide-te Portugal com las castañolas que vienen de más detrás, creadas que fueran por los fenicios ya hai tres mil anos porque la armada España avanza!) ao som de um tango miserável. Não mais o tango de periferia, homoerótico, e sim o tango atual, balanceado entre a Jabulani e a estridência das vuvuzelas!


Chile, venga, venga que temo, me apavoro, ter que ir pentear lhamas nas Cordilheiras. É para lá que vou, levar cusparadas de lhamas, depois de segunda-feira. CALA BOCA MARADONA! Porque se o tango é um pensamento triste que se pode dançar, mais triste será dançar ao som do tango.



terça-feira, 22 de junho de 2010

Adam and Eve, a gay version

Vi no Facebook de um amigo de lá e não resisti a reproduzi-lo por aqui. O vídeo faz parte dos comerciais banidos da TV pela mensagem considerada preconceituosa, agressiva, violenta etc. etc. Depende da autorregulamentação publicitária de cada país. No caso, achei apenas engraçado e desmistifica aquela visão original do paraíso que muitos ainda têm.



segunda-feira, 21 de junho de 2010

Nude do dia

A seleção da Nova Zelândia (conhecida por All Whites) na Copa do Mundo não tem, praticamente, nada a mostrar (é a segunda participação do país na World Cup). Mas nem por isso deixa de ser uma zebra: empatou com a Eslováquia (1 x 1), depois com a Itália (1 x 1) e agora já quer pegar o Paraguai (o jogo será nesta quinta, 24). Já o rugby do país, indiferente à falta de entrosamento do time de futebol com a bola na África do Sul, tem muito a mostrar. Quer dizer, tudo a mostrar.


Aconteceu por esses dias um já tradicional, por aquelas bandas, jogo de rugby entre os All Blacks e os Leeks, na cidade de Dunedin. Cerca de 1,5 mil espectadores acompanharam a partida (veja aqui o vídeo).


Como na Copa do Mundo não acontece nada similar (chato, né!), posto aqui as fotos desse jogo em que acontece de um tudo. A propósito da Copa, quero deixar registrado meus parabéns para Portugal: a goleada de 7 a 0 sobre a Coreia do Norte foi espetacular e deixa os portugueses, nitidamente, mais vitaminados para enfrentar o Brasil. Cá entre nós, o Brasil nos deve uma goleada desse tipo. Não por causa de Portugal, e sim para dar um CALA BOCA MARADONA!!!


Entre All Whites e All Blacks, preto no branco, fiquemos com as imagens do rugby, por ora.


domingo, 20 de junho de 2010

Meu rugido dominical



Nós somos mesmo um povo de contrastes. A capa da revista Veja desta semana traz um assunto que começou como uma brincadeira no Twitter e ganhou corpo e músculos suficientes para tornar-se tema global, algumas vezes na semana passada e hoje, domingo, 20 (dia de jogo do Brasil contra a Costa do Marfim, vencido por nós com placar de 3 x 1), chegou de novo ao Trending Topic mundial. O trending significa que um tópico é tantas vezes tuitado e retuitado que ganha, assim, força o suficiente para chegar aos dez assuntos mais comentados do mundo no Twitter, rede de microblog mundial que tem 105 milhões de usuários.


A matéria que rendeu capa da Veja (de autoria do meu amigo sumido @jadyrpavao e um colega) foi sobre a força das redes sociais e, de forma emblemática, especificamente sobre o Twitter e sua assimilação pelo internatura brasileiro. A brincadeira começou com a hashtag CALA BOCA GALVAO e transformou-se em fenômeno mundial, com os tuiteiros estrangeiros curiosos para saber o significado da frase.


Galvao é Galvão Bueno, narrador da Rede Globo, maior emissora de TV aberta do Brasil. O narrador não tem meios termos: é amado ou odiado em igual proporção. Locutor oficial da emissora há quase 30 anos, Galvão há muito é criticado pelo telespectador. Eu mesmo já fui testemunha disso em várias copas. Mas agora, com as redes sociais, há um elemento que se provou uma poderosa ferramenta na mão do telespectador: a internet. E mais, o uso maciço das redes sociais.


Ao fazer a hashtag (termo ou expressão precedido por # para identificar mais facilmente um assunto no Twitter) galgar projeção mundial, o mundo respondeu e mídias tradicionais como o jornal The New York Times e o El País investigaram a história e explicaram do que se tratava.


A própria emissora de Galvão, a Rede Globo, achou por bem se dobrar à força do usuário do Twitter e fez com que o próprio locutor risse da campanha e de si mesmo. Quando você não pode com ele (o inimigo), junte-se a ele, reza o ditado. Foi o que fizeram a Rede Globo e Galvão Bueno.


A história vai longe ainda mas não preciso reproduzi-la por inteira (veja abaixo o vídeo que transformou o CALA BOCA GALVAO em Save Galvao Birds Campaign).





Quero chamar a atenção para o contraste a que me referi no início deste post. Veja as estatísticas da internet e internauta brasileiros segundo dados recentes do instituto Ibope/Nielsen:


- 65,7 milhões de brasileiros eram usuários de internet até dezembro do ano passado
- 5º. - colocação do Brasil no ranking mundial de conexões à internet
- 44% da população urbana estão conectados
- 24% dos domicílios brasileiros estão conectados
- 27,5 milhões acessam a internet em casa (36,5 milhões se contar com o acesso profissional)
- 87% dos usuários acessam a internet ao menos uma vez por semana
- 1º. - somos o país número 1 em tempo de acesso à internet (apenas navegação em sites) - passamos 48 horas e 26 minutos conectados mensalmente. Se somar o MSN, Skype, Emule e Torrent, esse tempo sobe para 71 horas e 30 minutos por mês. Os EUA são o segundo, com o tempo de 42h19m, seguidos pelo Reino Unido, com 36h30m, França, com 33h22 e Japão, em quinto, com 31h55m
- 60 milhões são os computadores (PCS, Macs, notebooks e netbooks), que devem chegar a 100 milhões até 2012
- 23 milhões são as conexões de banda larga no Brasil, das quais 11,5 milhões são móveis (celulares) e 11,5 milhões são fixas


Quando eu me referi aos contrastes, quis dizer que, a despeito desses números, continuamos muito menos sofisticados em relação a outras prioridades. Não sei avaliar qual é a importância de se estar conectado à internet e, simultaneamente, não ter acesso a uma série de outras demandas como saúde pública decente, transporte coletivo, ruas e calçadas em perfeito estado de conservação, segurança pessoal e patrimonial, educação de qualidade, acesso ao mercado de trabalho, impostos revertidos para o próprio contribuinte etc. etc. etc. É tanta coisa que não vale a pena listar.


O que quero dizer é que a despeito desses números, evidentemente, significarem uma elevação de patamar, não são suficientes para que grandes problemas conjunturais que estão aí, a serem resolvidos, da mesma forma que já estavam antes mesmo de se cogitar a existência da internet, desapareçam da noite para o dia.


Somos, de uma forma peculiar, um povo sedento por tecnologias. Basta ver a evolução do telefone móvel (somos 190 milhões de habitantes e 170 milhões de assinantes de telefonia celular) e da internet. Somos quase que, de uma forma bem generalizada, early adopters (usuários de primeira hora) quando se trata de novidades: TV LCD, TV LCD LED, TV LCD LED 3D, iPad, iPod, iPhone (parece que estamos perto de ser um dos cinco países que mais consomem produtos Apple no mundo).


Mas somos completamente rarefeitos a grandes passos políticos, que nos levem a outros patamares de exigências legítimas. Será que seremos condenados a servir de piada para o mundo, como fizemos com o locutor da Rede Globo? Seremos mesmo alguém ou não somos um país sério, como disse o embaixador brasileiro Carlos Alves de Souza Filho (uma correção: a frase "o Brasil não é um país sério" é atribuída erroneamente ao presidente e general francês Charles De Gaulle, mas é de autoria do embaixador brasileiro, e foi proferida em 1963 durante uma crise entre o Brasil e a França. Tudo por conta da pesca da lagosta que transformou-se no episódio "A Guerra da Lagosta"). Somos ou não sérios?


Em tempo: Ganhamos!!! Brasil 3 x Costa do Marfim 1. Não adiantou a pancadaria a que os fortões de marfim nos submeteram. Não adiantou tentar tirar no chute o jogador brasileiro. Desta vez estou um pouco mais satisfeito. Houve pancadaria da parte dos marfinenses mas houve futebol de verdade da parte do Brasil. Como não me ufanar? Ainda não foi O JOGO. Mas é um avanço em relação à partida anterior. Perdi quase metade do jogo por motivos outros. Mas não perdi os fogos que celebraram gol a gol e me deram a certeza que estávamos bem (revi os lances em videotape e estou mais satisfeito).



sábado, 19 de junho de 2010

World Cup 2010

Ball
World
World playing ball
Ball rolling in a world
Play a ball in a world
World round
Round ball in a round world
World is round


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus, Saramago!

Goste-se ou não da literatura e até mesmo da pessoa de José Saramago, morto nesta sexta-feira, 18, aos 87 anos, o fato é que o escritor português - feito escritor à idade maior dos 50 anos - renovou a literatura da língua portuguesa - e incluo aqui todos os países de língua portuguesa, os oito que falam e adotam essa língua.




(foto feita pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que era amigo de Saramago, no exílio cinzento de pedra do escritor em Lanzarote, Ilhas Canárias, Espanha)


Eu tomei conhecimento de José Saramago pelo livro "Ensaio Sobre a Cegueira", em 1995. Estava ainda a cursar a faculdade de jornalismo e existia ainda a livraria Belas Artes, no finalzinho da Avenida Paulista, quase confluência com a Rua da Consolação, aqui em São Paulo.


Costumava peregrinar pela Paulista avenida e quedar-me nas estantes da livraria a descobrir, a cada semana, um semblante novo nas capas dos livros. Foi quando fitei Saramago pela primeira vez. Digo fitei como se o tivesse visto porque, a mim é que não me enganam, os livros mostram mais do autor do que seus próprios retratos e até mesmo faces.


E cativou-me Saramago com aquela literatura sem fôlego (os livros do autor conservam a grafia de Portugal). Aos borbotões, Saramago despejava de um tudo: angústia, medo, vida, morte, ódio, amor. E da mesma forma, quase sem respirar, o bebi. Traguei grandes goles. Seguiram-se "A Jangada de Pedra", "Memorial do Convento" (admirável), "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", "Todos os Nomes" (de onde adotei o fio de Ariadne), "A Caverna" (prefiro o original de Kafka); e "As Intermitências da Morte". Li exatamente nessa sequência: de 1995 a 2005, foram dez anos da literatura portuguesa que se me entrou pelo cérebro e poros.


De Saramago tenho, desde então, sabido muito. Que é isso e aquilo. Que acredita nisso mas não naquilo. Que pensa tal coisa mas não a outra coisa. Primeiro Nobel da literatura portuguesa, em 1998, talvez o vulto de Saramago 'nobelizado' tenha encoberto o primeiro Saramago que eu li, lá atrás. Ao ler "A Caverna" e depois "Intermitências", descobri que já os borbotões tinham transformado-se em burburinhos de riacho doce, daqueles que passam de mansinho por debaixo de cálidas sombras verdes.


Perdi o tesão como sói acontecer quando as paixões se aquietam. A excitação não é mais a mesma e as demandas diminuem até virar um fiapo fininho daquilo que um dia foi uma erupção de um vulcão milenar.


Mas olha lá que não estou a desprezar o morador daquela pedra Lanzarote. Cinzento o local que escolheu para se exilar, tornou-se, com o tempo, pedra e cinza ele mesmo, tenho a impressão. Antes disso, porém, para mim foi o magma. Por muito tempo, forjou o meu cimento. Adeus, companheiro lusitano.


Reproduzo abaixo um texto de "A Jangada de Pedra", no qual Portugal se desprega das franjas da Europa e vai singrar Atlântico afora. Tem sido assim, com os portugueses, desde sempre, a singrar mares afora. De vez em quando, uns vem dar nos costados do Novo Mundo. Foi assim com os antigos e foi assim com Saramago também, que tantas vezes esteve entre nós:


"(...) Entretanto, desesperados, no limiar da surdez, os habitantes tinham espalhado pelas ruas e praças da aprazível estância balnear, agora estação infernal, dúzias de bolos de carne envenenados, método de simplicidade suprema, cuja eficácia tem sido confirmada pela experiência em todos os tempos e latitudes. Por junto, não morreu mais que um cão, mas a lição foi logo aprendida pelos sobreviventes, que, em um instante, latindo ladrando e uivando, se sumiram nos campos arredor, onde, sem motivo que se percebesse, em poucos minutos se calaram. Quando os veterinários enfim chegaram foi-lhes apresentado o triste Médor, frio, inchado, tão diferente do feliz animal que acompanhava a dona às compras, e que, por ser já velho, gostava de dormir ao sol, sem cuidados. Porém, como a justiça ainda não abandonou por completo este mundo, decidiu Deus, poeticamente, que Médor morresse do bolo preparado pela dona bem-amada, a qual, bom é que se saiba, tinha no pensamento uma certa cadela da vizinhança que não lhe saía do jardim. O mais velho dos veterinários, diante do fúnebre despojo, disse, Vamos autopsiar, e realmente não valia a pena, porquanto qualquer habitante de Cerbère poderia, se o quisesse, testemunhar a causa mortis, mas o fito oculto da Faculdade, como na gíria do serviço secreto lhe chamavam, era proceder, disfarçadamente, ao exame das cordas vocais de um bicho que, entre a mudez por morte agora definitiva e o silêncio que parecera ser para toda a vida, tivera afinal umas horas de fala e pudera ser igual ao comum dos cães. (...)".

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Waving Flag, by K'Naan, o hino oficial da Copa 2010

Por um erro de timing, somente agora posto o vídeo do hino oficial da Copa do Mundo 2010. Aproveite e ensaie a sua própria dancinha. Digo que é contagiante. E, estivesse eu na África do Sul, tenho certeza de que estaria no meu próprio habitat, de pura dança.






E, para acompanhar, aprenda os passinhos da diski dance, a dança oficial da Copa do Mundo da África do Sul 2010. No vídeo abaixo, o Grupo de Dança de Rua do Brasil ensina tudo.




Pífios 2 x 1, a grande estreia fria da Copa 2010

Uma estreia acabrunhada, típica do Brasil em jogos iniciais. Enquanto todo mundo apostava num placar numeroso, de 3 x 0, 4 x 0, a goleada não veio. E não veio nem gol no primeiro tempo. Tensão de estreia? Não entendo. Não sei se existe uma TPM - Tensão Pré-Mundial que possa justificar o quanto o Brasil fica preso em partidas como essa.


A cada quatro anos, por mais favoritos que sejamos, é sempre assim. O ruído que antecedeu o jogo, a debandada de uma São Paulo inteira que se congestionou acima dos 200 Km às 15 horas e, uma hora depois, bateu recorde de 0 Km, silenciou tudo pontualmente às 15:30 horas. Exceto por torcedores tardios, carros afoitos que burlaram o sinal vermelho e um ou outro ser que não pertence ao Brasil nesse momento, todos se calaram.




Num e noutro canal de TV, narradores empurravam a bola e o time. Com exageros típicos, sempre os há. Mas não importa muito o que este ou aquele narrador diz. Importa é que por longos 45 minutos o sentimento se enregela, se engessa. Trava na garganta, destravada a doses bravas de cerveja, a sensação de que nada acontecerá.




Pior! De que acontecerá justamente o contrário: que o time mal avaliado, visto com zombaria, mude o norte do jogo e que marque. Credo que a Coreia do Norte parece ter mais norte durante o jogo! Medo! Invencíveis? Pois sim que vou esperar para ver! Quem não faz, toma! Sempre respeitei esse dito.




E assim começa o segundo tempo. O frio, depois de uma linda manhã e tarde de sol, começa a vir em ondas. Suficientes não para surfar, e sim insuflar nos ossos o sentimento de desolação. Geleiras inteiras navegam diante de nossos olhos nesse mar verde que o campo amplia.


Aos 10 minutos do segundo tempo, eis que a bola estoura e entra. A Jabulani (celebração, em Bantu isiZulu), polêmica bola que descreve linhas curvas de repente, entra triunfal e tremelica a rede. Ouço o gol lá fora quase uma imensidão de tempo antes de vê-lo, eu mesmo, no meu televisor. É o maldito delay (atraso). Com atraso mas não sem entusiasmo, vejo o gol finalmente. Cai o véu glacial que me cobria e já então me aqueço um tantinho.




E o jogo continua. Sisudo ainda. Mas o suspense inicial já foi quebrado. E sai o segundo. Aos 19 minutos do segundo tempo. Pronto. Agora, pode-se relaxar. Que nada! Ficaria tranquilo, deveras satisfeito, se chegássemos ao terceiro gol. Premonição feita, gol tomado: sai o terceiro gol. Da partida. E contra. A Coreia do Norte, frágil tigre asiático, marca seu próprio tento ante o mastodonte latino-americano. Final de partida, Brasil 2, Coreia do Norte, 1 (vídeo abaixo). Ficou um gosto do amargor da cerveja.





Encerrei a tulipa e também os ânimos. Fraco, fraquito, frangotinho, e não canarinho. Não gostei do jogo e tampouco do resultado. Domingo tem Costa do Marfim. Na quinta, Portugal. Até agora, não obstante a confiança quase inata com a seleção, só espero que passemos, um a um, esses adversários. Porque favoritismo, como disse o locutor, acaba quando se entra em campo e a partir daí tudo são nervosismos e suspenses. Até que o apito soe o final e o placar nos mostre em vantagem. Antes disso, apenas corações acelerados.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Gol 1.284

Naquele que é, até agora, o filme mais caro feito apenas para a internet no Brasil por um anunciante, o rei Pelé refez a trajetória do gol perdido: na Copa de 1970, Pelé chutou do meio do campo e a bola saiu pela linha de fundo no jogo contra a então seleção da Tchecoslováquia. É o mais famoso gol perdido do jogador. Durante a carreira, Pelé fez 1.283 gols. Esse, o grande gol que não aconteceu, seria o 1.284. E "1.284" é o nome desse curta feito para a internet.


Ontem, 14, fui à coletiva de imprensa em que a operadora apresentou o filme, uma superprodução que envolveu mais de 600 pessoas apenas da equipe (e mais milhares que lotaram o Estádio do Morumbi para o jogo fictício) e teve a produção do cineasta Fernando Meirelles. O filme publicitário equivale a uma produção cinematográfia: teve sequências equivalentes às que Meirelles usou no seu último filme - Blindness ou Ensaio Sobre a Cegueira.




Pelé, aos 70 anos, está impecável. É a segunda vez que tenho oportunidade de ficar cara a cara com o mais famoso jogador de futebol do mundo e a mim me impressiona a humildade e o trato com todos. Extremamente simpático, Pelé é, atualmente, o rosto recordista em publicidade no Brasil. Não sei dizer qual é o valor do contrato de Pelé com a operadora. Mas o filme é extraordinário. São pouco mais de sete minutos numa partida fictícia contra a arquirrival Argentina. E volto a dizer: eu, que sou uma nulidade no futebol, reconheço a qualidade em qualquer campo, inclusive num estádio.


Com a coletiva de Pelé, coleciono, até agora, quase meio time de famosos que tenho, a trabalho, encontrado por aí: Ronaldo, Romário, Robinho e Pelé, por duas vezes. Sinto que a minha relação com a bola se estreita a cada dia. Abaixo, o filme, que estreou hoje, 15, na internet (plataforma para a qual foi desenvolvido exclusivamente porque a operadora não patrocina as cotas na TV durante a Copa):





segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ordinariazinhas




domingo, 13 de junho de 2010

Meu rugido dominical



Nesta próxima terça-feira, 15, às 15 horas o Brasil iniciará não um minuto de silêncio. Começará longuíssimas quase duas horas de suspense que se alternarão entre euforia e depressão num comportamento típico de um ente que sofre de bipolaridade.


Para quem pensou que eu fosse me manter imune ao contágio desse virulento vírus do futebol mundial, sorry! Pois declaro ser brasileiríssimo até o último pelo do meu corpo, com poros a porejarem gotículas febris de torcedor fanático. E, sim, quero muito, bastante, muitíssimo que o Brasil traga para casa o título de hexa (seis vezes) do campeonato mundial de futebol.


Estou completamente paramentado para a guerra (sim, não me venha dizer que é apenas uma competição porque, no caso brasileiro, tudo são guerras sangrentas no futebol): boné, camisa, copo de cerveja, apitos (até agora, são quatro), uma imitação da irritante vuvuzela (a típica corneta sul-africana que já se tornou símbolo desta Copa do Mundo) e até mesmo uma bandeira devidamente hasteada na minha sacada. Ah! Ainda tem um kit de pintura de guerra (não falei?) para fazer a dupla verde e amarela e me pintar de guerreiro para o caso de alguém ainda ter dúvida.


Para quem não descobriu o Brasil ainda, temos alguns comportamentos que podem ser considerados heresias ante aos olhos de estrangeiros: praticamente, o País para durante os jogos que envolvem a nossa seleção. Eu mesmo me incluo nesse rol: vamos ser dispensados às 14 horas para o nosso primeiro jogo, contra a Coreia do Norte. Será o tempo, espero, de ultrapassar o trânsito infernal de São Paulo para chegar na minha casa (esses dias, li que o paulistano se movimenta no trânsito congestionado a velocidades equiparáveis de uma galinha, ou seja, uns 15, 16 Km por hora).


Para nós, é natural que deixemos nossos trabalhos e saiamos todos, unidos no afã de torcer. Você quer gente mais feliz por ter esse direito? Duvido que encontre em outros locais. E não é um comportamento de uma classe ou outra: da classe F (de phodida) à classe A (de autista), todos nos irmanamos num só sentimento. Poucos de nós subtraímo-nos aos clamores do futebol verde e amarelo.


Disse outro dia que devo ser um amante enrustido do futebol. Pois então resolvi dar uma (calma, é maneira de se dizer "à maneira de") de Ricky Martin e seu ex-coleguinha de Menudo Angelo Garcia e sair do armário (muito provavelmente, de algum armário de vestiário de futebol) e me assumir Red-Ball (em oposição às meninas chamadas de "Maria Chuteiras").


Pois ao me assumir RedBall (veja que já eliminei até o traço que separava o Red da Ball), ponho-me a serviço da bola (uma metáfora, mente suja!) para, nas próximas batalhas dessa guerra, lutar ao modo tipicamente brasilianista de ser: não desistir jamais, ainda que o "sou brasileiro, não desisto nunca" tenha sido domado pela publicidade estatal.


De uma forma (ganhar) ou de outra (perder), estarei aqui, desse cantinho, bem ao gosto de pinto (o da galinha, não o outro) no meio do lixo: ciscar para lá e para cá e arriscar passinhos felizes de brasileiro que somente é feliz porque não pode ser de outro jeito.


Como bom brasileiro, dou o serviço completo. Os jogos do Brasil serão, nesta primeira fase (e, oxalá, apenas a primeira das demais até a final), os seguintes:


- Dia 15, às 15:30 horas - Brasil e Coreia do Norte
- Dia 20, às 15:30 horas - Brasil e Costa do Marfim
- Dia 25, às 11 horas - Brasil e Portugal


Não tenho amigos da Coreia do Norte e tampouco da Costa do Marfim. Quanto aos queridos amigos de Portugal, o fato de nos colocarmos cada a um a seu lado nessa batalha não me afastará um milímetro no sentimento que nutro por esses caros. Ah! E não posso resistir: que o Brasil vença todos! Goooooooolllllll! É hexa!!!!!

sábado, 12 de junho de 2010

A felicidade como direito previsto na Constituição

Hoje, 12 de junho, sábado, é Dia dos Namorados no Brasil (humpf!). O humpf é meu sinal de consternação. Ainda há pouco vi postagens no Facebook e inclusive uma foto de Santo Antônio (o santo casamenteiro) de cabeça para baixo. Comentaram que deveriam tirar a criança dele para que ele agisse. Eu não sei. Sei de simpatias que ensinam a mergulhar o santo na água e deixá-lo lá até que apareça no horizonte da pessoa que o fez alguma coisa diferente, tipo, uma outra pessoa. Eu não tenho uma imagem de Santo Antônio em casa mas, se tivesse, amarraria a imagem e a penduraria aqui na sacada do meu apartamento e o deixaria suspenso desde o sexto andar, sob o risco de soltá-lo caso não acudisse por mim.




Exageros à parte, o fato é que a data é simbólica. Mas o fato aterrador é que, justamente pela simbologia, te faz olhar no espelho e se questionar. Por que? Por que estou só mesmo? Sou eu ou os outros? Por que? Já desisti de encontrar respostas para perguntas desse tipo.


No tempo em que se acreditava nos deuses do Olimpo, já os humanos acorriam aos favores de um e de outro para obter bens materiais, vitórias e casamentos. Mudou o Olimpo mas não as querências. Os santos modernos, creio, estão muito ocupados em cuidar de outras transações menos mundanas e, inclusive, livrar uns e outros de um fogo que pode arder mais tarde em eterna chama, ouvi dizer. 


Enquanto isso, fico aqui, a me fiar em mandingas pagãs mesmo. No ano passado, matei Cupido porque tive que creditar a ele a ausência de uma figura que pudesse, com poder egoístico, chamar de minha. Este ano, morto Cupido, clamo a Santo Antônio e atribuo a ele a disponibilidade da minha própria pessoa. Li outro dia que artistas e entidades brasileiros criaram uma iniciativa, o "movimento + Feliz", cuja principal meta é defender a proposta de emenda constitucional (PEC) que inclui na Constituição 
Brasileira o direito do(a) cidadão(ã) à felicidade. Uno-me prontamente a esses sonhadores. O movimento, inclusive, tem colhido assinaturas no Congresso Nacional para que a proposta seja efetivamente debatida. A iniciativa quer, sobretudo, que o bem-estar de cada um de nós seja um dever do Estado.




Claro que ter alguém no Dia dos Namorados não está, exatamente, dentro das atribuições do Estado. Mas obrigar o Estado a prover a felicidade é um caminho que a mim muito me agrada porque, tendo a felicidade assegurada em outras áreas, provavelmente (ou não), eu teria um Dia dos Namorados uma escala mais feliz. Talvez...


A iniciativa brasileira não é inédita. A declaração de independência dos EUA, de 1776, prevê o direito da "busca pela felicidade". Os franceses também têm assegurada a "felicidade geral" desde a Queda da Bastilha, em 1789. Outros países tão diversos como Japão e Butão também usam o termo "felicidade" em leis federais. Há quem critique a proposta e ache tudo uma bobagem. Não, não é bobagem. A felicidade deve ser nomeada, chamada, escrita, impressa, falada, gritada e urrada. É tão pouca, a felicidade, que qualquer acréscimo de felicidade, ainda que seja via decreto, será bem-vindo.




O que isso tem a ver com o fato de Santo Antônio não ter feito a parte dele no meu latifúndio? Oras, nada, obviamente. Mas eu bem que poderia usar a lei, se existisse, para fazer um ruído e processar céus e terras, santos e demônios. Não acredito que resolveria algo mas o meu Dia dos Namorados não passaria, uma vez mais, em brancas nuvens, a propósito de céu e santos.


Que droga!

Autor e redes sociais | About author & social media

Autor | Author

Minha foto
Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

De onde você vem? | From where are you?

Aniversário do blog | Blogoversary

Get your own free Blogoversary button!

Faça do ócio um ofício | Leisure craft

Está no seu momento de descanso né? Entao clique aqui!

NetworkedBlogs | NetworkedBlogs

Siga-me no Twitter | Twitter me

Quem passou hoje? | Who visited today?

O mundo não é o bastante | World is not enough

Chegadas e partidas | Arrivals and departures

Por uma Second Life menos ordinária © 2008 Template by Dicas Blogger Supplied by Best Blogger Templates

TOPO