Consumo consciente
Consumo consciente significa transformar o ato de consumo em uma prática permanente de cidadania. Quando assim exercido, extrapola apenas aquele ímpeto de satisfazer a necessidade individual, egocêntrica, de alimentar mesmo o ego. O consumo consciente leva em conta os reflexos do ato do consumo na sociedade, na economia e até no meio ambiente.
Por isso, se você compra produtos de uma empresa que usa mão de obra escrava lá da Ásia ou do Oriente Médio, você acaba por financiar práticas consideradas execráveis. Para se contrapor a essas práticas, você deve comprar, por exemplo, alimentos orgânicos, não adquirir produtos feitos por criancinhas e muito menos os enlatados e derivados que agridem o meio ambiente.
Existe até mesmo uma lista de princípios do consumo consciente, tal qual mandamentos a serem seguidos quando se trata de comprar. São 12 os princípios:
1. Planeje suas compras e compre menos e melhor.
2. Avalie os impactos do seu consumo no meio ambiente e na sociedade.
3. Consuma somente o necessário, reflita sobre suas reais necessidades e tente viver com menos.
4. Reutilize produtos. Não compre outra vez aquilo que você pode consertar e transformar.
5. Separe o lixe e comece a reciclar. Isso economiza recursos e gera empregos.
6. Use crédito com responsabilidade e não se jogue nas prestações (até 17 vezes na Casas Bahia) ou nos cinco cartões de crédito que você tem.
7. Valorize as práticas de responsabilidade social das empresas.
8. Não compre produtos piratas. Combata o crime organizado.
9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços e envie sempre sugestões e críticas às empresas.
10. Divulgue o consumo consciente. Desfralde essa bandeira assim como quem desfralda um varal inteiro de lençóis tamanho queen size.
11. Cobre dos políticos ações que valorizem o consumo consciente.
12. Reflita sobre seus próprios valores, reveja seus princípios e hábitos de consumo.
Me acompanhou até aqui??? Bullshit!E você acha mesmo que acredito nessa besteirada? Para mim, o tal do consumo consciente é invenção de mentes desocupadas. Alguém pode me dizer como consumirei de forma consciente se mal consigo respirar? E se consumo de forma desenfreada, acaso alguém pagará minhas contas? Tudo isso muito se me assemelha à maldita prática do politicamente correto.
Desenvolvido em um país que é dos mais politicamente incorretos, os EUA, o conceito é amplo o bastante para abrigar qualquer coisa que seja, exceto aquilo que os inventores descartam. Oras! Consumo consciente, tststststs!!! Abaixo, uma verdadeira lição do que é consumir. Consumo consciente de que haverá alguém pronto para satisfazer as mais primitivas necessidades. Em Paris, podemos conversar sobre a consciência e os efeitos do consumo no meu e no seu corpo!
As liquidações de Paris começaram hoje, 30. O Forum des Halles, complexo de 170 lojas que fica no centro parisiense resolveu inovar. Até sábado, 3, consumidoras (não entendi porque tal discriminação, mas nada que uma boa peruca e salto 15 não resolvam) terão 12 bofes treinados e uniformizados para acompanhá-las em suas compras. Por 1 hora, cada mulher que lutar para comprar terá direito a um desses bofes para segurar sacolas e esperar do lado de fora (!) do provador.
Os meninos - apropriadamente apelidados de "huge boy" terão uma imensa sacola, a "huge bag", para ser preenchida pelas compras. Os huge boys medem 1,90 e, de novo, acertadamente, foram escolhidos sob medida - under measure>: passaram por um centro de treinamento que durou meses. O serviço funciona por reserva - neste link aqui e aproveite e veja os bastidores do treinamento nos vídeos - e é gratuito.
Mas corra, perua, corra: as agendas dos huge boys estão lotadas. Nos vídeos, os huge boys exercitam bíceps, sobem e descem escadas e a consumidora mais sortuda ainda terá um dia de "pretty Julia Roberts woman": uma limusine na porta de casa para começar a peregrinação a Meca, digo, Paris, ao lado de um huge boy que, além de ficar colado na maldita, ainda lhe dará 1 mil euros para as comprinhas. Isso é consumo consciente. Consciente de que consumir pode ser um ato insubstituível de prazer. E quem defender o contrário é porque não dispõe de cartão de crédito e sonha que um dia chegará a Paris. Então sonha!